Criminalidade

Custos com violência crescem duas vezes mais que o PIB do Brasil

Segundo o relatório Custos Econômicos da Criminalidade, São Luís está entre as capitais onde os índices de criminalidade se a assemelham ao de países considerados mais violentos do mundo

Foto: Reprodução

Para cada jovem que morre perde-se R$ 550 mil em capacidade produtiva, foi o que a secretaria de assuntos estratégicos do governo federal concluiu no relatório Custos Econômicos da Criminalidade, divulgado na última segunda-feira, 11.

Segundo a pesquisa, São Luís está entre as capitais onde os índices de criminalidade se a assemelham ao de países considerados mais violentos do mundo, como Jamaica, Venezuela e Honduras. Em 10 anos (2005 a 2015), o número de homicídios na capital maranhense deu um salto de 22 para 69 a cada 100 mil habitantes.

Em contrapartida, cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo registraram uma queda no mesmo período. Esta última, teve uma redução de 27 para 10 homicídios a cada 100 mil habitantes, entre 2005 e 2015. O Brasil concentra cerca de 14% dos homicídios do mundo, e destes grande parte são jovens, negros e de classe baixa.

Leia também: Maranhão registrou a terceira menor taxa de homicídios do nordeste, segundo o atlas da violência

O preço do crime

Paralelo ao aumento no número de homicídios, houve um forte incremento dos gastos reais com segurança por parte do setor público no Brasil, com crescimento cumulativo de cerca de 170% (entre 1996 e 2015).

O relatório ressalta, no entanto, que os investimentos trouxeram retornos limitados no período analisado, demonstrando pouca efetividade das onerosas políticas públicas

Os custos da criminalidade, segundo o relatório, cresceram de R$ 113 bilhões para R$ 285 bilhões, entre 1996 e 2015, ou seja, um total cumulativo que supera os R$ 450 bilhões. Isso equivale a um incremento de 4,5% ao ano, número duas vezes maior que o do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu em média 2,6% nas décadas analisadas.

O cálculo  inclui dispêndios com serviços médicos e terapêuticos, encarceramento, processos judiciais, danos materiais e perda de capacidade produtiva. De maneira geral, aumentos substanciais alocam ainda mais recursos em estados que possuem níveis de renda mais baixos.

Políticas públicas em São Luís

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informa que desde 2015, quando uma nova política de Segurança Pública foi colocada em prática no estado, houve uma redução significativa no número de homicídios na Grande São Luís, o que significa pelo menos 883 vidas salvas desde 2015. O cálculo das vidas salvas leva em conta o cenário que havia em 2014 e os índices mais positivos que se verificaram entre 2015 e o primeiro quadrimestre de 2018.

Em março deste ano, a organização de sociedade civil mexicana Segurança, Justiça e Paz anunciou que São Luís deixou a lista das 50 cidades mais violentas do mundo. Agora, é a única do Nordeste a não constar na pesquisa.

Para a SSP-MA, São Luís saiu desta lista após os investimentos em viaturas, efetivo e inteligência policial. Hoje, o Maranhão conta com mais de 12 mil policiais atuando no estado, mais de mil novas viaturas foram entregues, novos prédios foram abertos para ampliar o poder de investigação e prevenção da polícia. Essas e outras medidas, segundo o governo, se refletem na queda da violência.

Sobre o relatório

O Relatório de Conjuntura publicado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, por meio da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE), faz uma análise do custo da criminalidade e de seus efeitos econômicos no período de 1996 a 2015, apresentando resultados que servem de insumo para o cálculo dos custos econômicos da criminalidade no Brasil. O objetivo é fomentar políticas de segurança mais eficazes e reduzir o ônus do crime no País.

Os custos econômicos da criminalidade são sumarizados no estudo em seis categorias: custos de segurança pública e privada; de encarceramento; de danos materiais e seguros; de perda produtiva; custos com processos judicias e, finalmente; os correspondentes a serviços médicos e terapêuticos.

O aumento da eficiência das políticas voltadas para a segurança pública no país depende, de acordo com o Relatório da SAE, da análise das políticas existentes para possíveis adaptações ou, até mesmo, a descontinuidade quando não observada eficácia. O estudo aponta a necessidade de acompanhamento de resultados de medidas já implementadas para elevar a sua eficácia e o consequente retorno social.

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