ATLAS DA VIOLÊNCIA

Negros morrem duas vezes mais que brancos no MA, diz Atlas

Do total de homicídios no Maranhão, 1.212 respondem por jovens de 15 a 29 anos, registrando um percentual de 65,1% da causa de óbito de homens nessa faixa etária.

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Atlas da Violência 2018, publicado nesta terça-feira, 05, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) traz outro dado importante. Além de mostrar que Maranhão registrou a terceira menor taxa de homicídios do Nordeste, o levantamento demonstra que a violência letal contra jovens, negros e pobres é uma situação ainda mais grave e que se acentuou no último ano.

Do total de homicídios no Maranhão, 1.212 respondem por jovens de 15 a 29 anos, registrando um percentual de 65,1% da causa de óbito de homens nessa faixa etária.

“Essas taxas são de países em situação de guerra. Questões que se colocam sobre a morte entre jovens são razões como evasão escolar, falta de uma política ampla de oportunidades educacionais, creches, escolas de tempo integral, entre outas iniciativas”, aponta Wagner Cabral, historiador e coordenador de monitoramento sobre violência, segurança pública e direitos humanos da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH).

Para ele, é necessário o envolvimento dos governos municipais, estadual e federal para contenção desse número. “Crianças são vitimas de bala perdida, jovens estão adentrando cada vez mais cedo no mundo do tráfico. Há uma urgente necessidade de prevenção desse problema, que é complexo e necessita envolvimento de todos os governos”, completa o professor.

Jovens, negros e pobres

Ainda segundo o estudo, a maior parcela das vítimas da criminalidade no Brasil é a população negra. Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios entre negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (16,0% contra 40,2%). Em um período de uma década, entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros teve uma redução de 6,8%. No Maranhão, o percentual entre não negros é de 19,6%, enquanto que 37, 9% são negros, quase duas vezes maior.

Para o professor, jovens, negros e de classe baixa são alvos fáceis para o narcotráfico, que está diretamente relacionado à realidade demonstrada pelo estudo do Atlas. “O estado enfatiza aspectos de governança, mas não discute com afinco o problema para acabar com a guerra as drogas e a consequente militarização. Outros países estão transformando essa questão em mercado legal, tirando um dinheiro alto das mãos do tráfico, que serve de fonte de renda às organizações criminosas, distribuindo ele para outros meios, gerando empregos e pagando impostos”, ressalta.

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