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“O maior erro do candidato é esquecer a parte emocional”, diz preparador físico

Duas pessoas faleceram após Teste de Aptidão Física do concurso da PMMA; saiba o que dizem os especialistas em preparação física

Nos últimos dias o Maranhão recebeu com pesar a notícia das mortes de dois candidatos do concurso da Polícia Militar do estado após o Teste de Aptidão Física (TAF). Daniele Nunes Silva e Marcone Ferreira passaram mal durante as provas, e, mesmo após socorridos, não resistiram. O ocorrido abre debate para uma questão séria, literalmente de vida ou morte: a preparação física e mental que antecede a realização deste tipo de teste.

De acordo Mário Cardoso, preparador físico e treinador de Boxe e MMA, que atua há 20 anos na área, o TAF não varia tanto nos concursos da área de Segurança. No caso do certame da PMMA, o edital com todas as informações do teste foi lançado no final de setembro – cerca de quatro meses antes da realização da etapa. Intervalo mais que ideal para a preparação física, de acordo com os especialistas. Entre as atividades, são enumeradas a flexão de braços no solo, meio sugado e abdominal remador (um minuto de duração cada) e corrida aeróbica (12 minutos). As repetições dos três primeiros variam para os sexos masculino e feminino, bem como a distância percorrida no último exercício. “Falando ao olhar de profissional de Educação Física, esse TAF é razoável. Não é elevado e nem muito leve. É pesado pra quem não faz nada”, explica o preparador.

“A banca se baseia numa pessoa não sedentária, pra que a pessoa que está realizando a prova seja apta a realizar o trabalho de rua ostensivo da Polícia Militar. Um cara que não consegue correr 1.800 metros não consegue correr atrás do bandido que pesa 55 kg”, comenta Mário. A dica que o profissional deixa aos candidatos é cronometrar o tempo, usar uma agenda para conciliar estudos teóricos e preparação física e atentar também à alimentação. “Quando você quer ser concurseiro na área da Segurança Pública, você precisa ser multiuso”, explica. Para aqueles que deixam para treinar ou intensificar as atividades com uma ou duas semanas de antecedência, Mário alerta: “Não adianta. É o mesmo que nada”.

O preparador físico explica que os exercícios muito puxados desempenhados por pessoas que não costumam praticar atividades regularmente podem levar à morte, e faz uma comparação com o sistema de marchas de veículos. “Se eu pego meu carro na primeira marcha e vou acelerar pra que chegue a 100 km/h, eu vou arrebentar com o motor. Eu preciso estar graduando a marcha mediante o esforço que ela pede”, explica. Para evitar o pior, além da preparação física, vale atentar aos sinais: dor de estômago, diarreia e sonolência, por exemplo, podem indicar início de infarto.

Preparar o psicológico é fundamental

Ainda segundo Mário Cardoso, além da falta de preparação física, o maior erro do candidato é não trabalhar a parte psicológica antes do teste. A pressão de estar sendo testado e possuir o futuro nas mãos, numa prova que não passa dos 15 minutos, pode levar a adrenalina às alturas e atrapalhar na hora de desempenhar as atividades. “Uma coisa que eu acredito que nenhum candidato fez foi procurar um psicólogo. Essa parte emocional é uma coisa muito importante, porque o teu emocional vai estar a 1000 na hora do teste”, comenta o preparador.

Exames

Para realizar o TAF, o candidato deve apresentar à banca uma série de exames completos e específicos. A não apresentação resulta em eliminação automática. A saída, para alguns, é tentar burlar o sistema. “Por tentar burlar isso, [o candidato] acaba sacrificando a própria vida. Vai no médico, amigo, e pede uma autorização. O médico só assina, acontece muito isso”, revela o preparador físico Mário Cardoso. O indicado, de acordo com o profissional, é exigir todos os exames para saber: “Eu realmente estou pronto para ser testado até esse nível?”. Além disso, manter hábitos saudáveis é fundamental, e os exames prévios podem identificar quaisquer problemas. “Hoje estamos comendo muito mais porcaria, coisas que saciam nosso prazer mas não a nossa saúde”, conclui.

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