DIÁLOGO

Flávio Dino: ‘isso que acontece quando a democracia desmorona’

Em possíveis críticas à adoração do ditador paraguaio e à difamação de Paulo Freire feita pela família Bolsonaro na última semana, o governador do Maranhão afirma não existir ‘respeito a biografias’ no fascismo

Foto: Reprodução

Na manhã desta sexta-feira (1), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disparou em seu Twitter uma possível crítica a atitudes e declarações da família Bolsonaro na última semana. “Lição da semana: não existe espaço para ‘vozes plurais’ no fascismo. Elas são esmagadas sem pudor e ‘desnomeadas’ sem respeito a biografias. Isso que acontece quando a democracia desmorona”, publicou.

Na última terça-feira (26), o deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), saiu em defesa da medida proposta pelo Ministro da Educação, Veléz-Rodriguez, que visa fazer crianças cantarem o hino nacional em escolas públicas – e obriga educadores a filmarem o ato. Em sua rede social, criticou a atual educação do país e o pedagogo Paulo Freire:

“Maioria das pessoas que nasceram nos anos 80 tiveram pais que estudaram em escolas públicas, tempos em que professor não era agredido, cantava-se o hino nacional e não música pornográfica. Hoje, quem pode bota o filho na particular, porque maioria das públicas viraram terra de Paulo Freire.”

Ainda na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) elogiou o ditador Alfredo Stroessner em discurso na fronteira do Paraguai, durante a nomeação das novas autoridades de Itaipu, hidrelétrica compartilhada no rio Paraná por ambos os países. Durante o controle de ‘mão de ferro’ sobre o país latino, Alfredo foi responsável por milhares de torturas arbitrárias, prisões e desaparecimentos.

“(…) Porque do outro lado havia um homem com visão, um estadista que sabia perfeitamente que seu país, o Paraguai, só poderia continuar progredindo se tivesse energia. Então, aqui está minha homenagem ao nosso general Alfredo Stroessner”, declarou o presidente.

A exoneração feita por Moro

Foto: Bruno Santos/Folhapress

No último dia 22, o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, havia nomeado para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária a cientista política, colunista, fundadora de ONG e defensora do controle de armas, Ilona Szabó; mas cedeu a pressões que, segundo ela, o Movimento Brasil Livre (MBL) e Olavo de Carvalho ajudaram a reverberar. Nesta quinta-feira (28), ela foi exonerada do cargo pelo Ministro.

Em nota, a Assessoria de Comunicação do Ministério da Justiça e Segurança Pública explicou a decisão:

O Ministério da Justiça e Segurança Pública nomeou Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, como um dos vinte e seis componentes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), órgão consultivo do Ministério. A escolha foi motivada pelos relevantes conhecimentos da nomeada na área de segurança pública e igualmente pela notoriedade e qualidade dos serviços prestados pelo Instituto Igarapé. Diante da repercussão negativa entre certos segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o Ministério respeitosamente apresenta escusas.
Clique aqui e veja mais informações sobre o CNPCP.

Assessoria de Comunicação do Ministério da Justiça e Segurança Pública

“O ministro me pediu desculpas. Disse que ele lamentava, mas estava sendo pressionado, porque o presidente Bolsonaro não sustentava a escolha na base dele”, disse Ilona, em entrevista à UOL publicada no dia 28. “Um presidente tem que construir diálogos e consensos. Quando ele diz que quem pensa diferente é inimigo, mostra que não está à altura do País. Acho que os brasileiros estão cansados disso.”

A notícia de exoneração foi replicada pelo Twitter oficial do governador do Maranhão. Após o discurso do presidente de defesa ao ditador do Paraguai, Dino também replicou a declaração da jornalista Míriam Leitão no site:

“O ditador Stroessner foi sanguinário, tinha uma polícia política das mais violentas e era chefe de um governo corrupto. Ficou 35 anos no poder no Paraguai. Essa é a verdade sobre ele. O presidente Bolsonaro o admira, como disse hoje”, disse a jornalista.

“Bolsonaro quer destruir legado de meu avô”

Foto: Paulo Granchi Sobrinho/Agência Estado

Em janeiro deste ano, a neta do pedagogo e filósofo Paulo Freire, Sofia Freire Dowbor, afirmou em entrevista à revista argentina La Garganta Poderosa: “Bolsonaro propôs entrar com um lança-chamas no Ministério da Educação para destruir até o último vestígio do que meu avô nos deixou. Quer anular o pensamento crítico e o trabalho em grupo”.

“A crise educacional no Brasil é um projeto político: uma educação de qualidade, consciente e libertadora seria uma grande ameaça para a classe dominante de um dos países mais desiguais do mundo”, declara.

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