ENTREVISTA EXCLUSIVA

“Não estamos discutindo nomes, mas apenas ideias e rumos”, diz Roberto Rocha sobre 2020

O senador Roberto Rocha (PSDB) avalia o seu mandato como senador, o cenário político e como será a segunda metade do seu mandato e configuração das eleições municipais.

Da atual bancada maranhense no Senado Federal, o senador Roberto Rocha (PSDB) é o único que continua. Os seus companheiros de bancada, João Alberto (MDB) e Edison Lobão (MDB) não retornam à nova legislatura. O primeiro não disputou eleição e o segundo não obteve renovação do mandato. Roberto Rocha (PSDB) no pleito de 2018 foi candidato a governador do Maranhão pela Social Democracia do Brasil, mas também não obteve a vitória para mudar de cadeira.

Segundo o próprio senador, o cenário da política maranhense carece de debate e há ausência de um projeto político estadual. Segundo Rocha, a política é “um mero produto de marketing”.

Nesta conversa-entrevista ao O Imparcial, o senador avalia o seu mandato como senador, o cenário político e como será a segunda metade do seu mandato e configuração das eleições municipais.

O Imparcial – Com o resultado das urnas, como o senhor avalia o cenário político maranhense?

Roberto Rocha – Eu não marco a mudança do cenário pelos resultados eleitorais. Afinal, o que mudou realmente, que já não estava anunciado pela lógica política? Se você observar a ausência de um projeto político estadual, que não seja um mero produto de marketing, vai chegar a conclusão de que o que falta ao Maranhão é o necessário e saudável debate de ideias que não se restrinja ao campo da política, mas que envolva todas as principais forças do campo social. Onde está a indústria, o comércio, os sindicatos, a Universidade? Nós temos aqui um punhado de entidades que não emulam a verdadeira discussão sobre o futuro do estado. Como compreender que essas entidades e a própria mídia não estimulem o confronto de ideias e o fato do Maranhão ser provavelmente o único estado que só realiza um debate, no último dia de campanha? A quem interessa essa lógica? Certamente não é ao interesse público.

Mesmo com a derrota ao governo do Maranhão, o senador Roberto Rocha tem mais 4 anos de mandato na Câmara Alta. Como foi a primeira metade do mandato e como deve se comportar a outra metade do mandato?

A primeira metade do meu mandato foi muito ativa e com resultados palpáveis. Eu fui o segundo senador que mais teve aprovados projetos de lei nesse período. Ainda tenho um punhado de projetos estruturantes que estão em tramitação. E fiz isso sem absolutamente discriminar qualquer partido ou corrente política. Atendi a todos em meu gabinete, seja do PC do B ou do PSDB, com a mesma dedicação. Cito apenas duas ações minhas que já destacam meu mandato: a extensão das ações da Codevasf para todo o Maranhão, permitindo assim aos prefeitos contarem com uma empresa que pode atuar diretamente em dezenas de ações, e a aprovação dos royalties da passagem do minério da Vale que já estará beneficiando com recursos os 23 municípios do Maranhão onde antes só ficava a poeira e o apito do trem.

Entre seus principais projetos, destaco a Zema, que agora entrou na fase final do projeto. Quais benefícios esse projeto vai trazer ao povo maranhense?

A Zona de Exportação do Maranhão é o meu projeto mais estimado pois com a sua implantação haverá uma mudança na dinâmica econômica do estado. Ele é a forma de ascender o Maranhão a um novo estágio de desenvolvimento, deixando de ser uma área de simples passagem de riqueza para se transformar num produtor. Há muito tempo a gente ouve dizer que o Maranhão é um estado rico de um povo empobrecido. A ZEMA é a resposta para superar esse dilema e transformar o povo maranhense em sócio da riqueza aqui produzida.

Com a chegada dos novos senadores Weverton Rocha e Eliziane Gama, como a bancada maranhense deve se comportar, no seu ponto de vista?

Com a responsabilidade de quem representa uma unidade federativa onde vivem milhões de pessoas lutando pela sobrevivência. Claro que teremos nossas diferenças, mas estou certo de que o que for bom para o Maranhão nos unirá em todos os projetos, acima das vicissitudes da política. O plenário do Senado não é uma extensão do palanque eleitoral. Antes, como disse Rui Barbosa, “os senadores constituem uma espécie de embaixatura dos Estados perante a União”.

No contexto do Congresso Nacional, em especial o Senado, a opção de Bolsonaro fechar com bancadas temáticas e não com partidos, você acredita que pode dar certo essa forma de diálogo com os parlamentares?

Eu aplaudo a iniciativa de fugir da lógica do toma-lá-dá-cá. Mas essas bancadas são muito heterogêneas do ponto de vista político. Veja por exemplo a bancada evangélica. Lá tem petistas e gente de todo o espectro político. Como conciliar isso com a necessidade de atender aqueles que de fato sustentam o Governo? Será interessante ver como o Governo irá se movimentar nesse campo.

Qual avaliação o senhor faz do PSDB nacionalmente, há um processo de desconstrução e até fundação de um novo partido? E no Maranhão, especialmente em São Luís, como deve se comportar o partido nas eleições municipais?

O processo de desconstrução é de todo o campo da política, não é apenas do PSDB. Mas é claro que o PSDB, assim como o PT, foi dos mais atingidos, pela hegemonia eleitoral que sempre tiveram. É preciso deixar a poeira assentar para recolher as lições e tomar os rumos adequados, com a necessária regeneração de quadros e a ampliação das forças de influência partidária para além das suas origens paulistas. Em São Luís vamos ter protagonismo nas eleições municipais. Mas por enquanto não estamos discutindo nomes, mas apenas ideias e rumos.

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