EDITORIAL

O desafio de eleger um bom político

O caso tristemente famoso, formulado pela prefeita de Bom Jardim, Lidiane Leite, serve para inúmeras indagações e interpretações a respeito do valor do voto popular e representatividade dos eleitos. Lidiane foi atirada na política pelo então marido (ou namorado) Beto Rocha, após ele ter o registro de sua candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), […]

O caso tristemente famoso, formulado pela prefeita de Bom Jardim, Lidiane Leite, serve para inúmeras indagações e interpretações a respeito do valor do voto popular e representatividade dos eleitos. Lidiane foi atirada na política pelo então marido (ou namorado) Beto Rocha, após ele ter o registro de sua candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base da Lei da Ficha Limpa. Lançada a apenas 13 horas das eleições de 2012, Lidiane obteve 9.575 votos (50,28%), contra 9.289 do Dr. Francisco – de um universo 19.044 votantes.
São arranjos políticos dessa natureza e em circunstâncias proibitivas que deveriam ser banidos das disputas eleitorais pela pró- pria Lei da Ficha Limpa. Infelizmente, o voto acaba sendo manipulado, comprado, e o eleitor, vítima de desbaratadas manobras perpetradas por “sabidos”, do tipo Beto Rocha, um dos presos na semana passada como ex-secretário de sua cria política. Ele foi banido como candidato a prefeito, porém, não foi impedido de ser secretário municipal e mandar e desmandar na prefeitura em que colocou Lidiane.
É comum se ouvir que todos os políticos são iguais e que o voto é apenas uma obrigação. Tal afirmativa só mostra o grau de desinformação política e do baixo grau de cidadania que pairam na população de um imenso país como o Brasil, com níveis educacionais bem abaixo do desejável. Quem faz tal conjectura política não conhece o poder do voto e o significado que a política tem na vida de cada cidadão.
Numa democracia, como ocorre no Brasil, as eleições são de fundamental importância, além de representar um ato de cidadania. São os mandatários do Executivo e Legislativo que fazem e executam leis que interferem diretamente na vida das pessoas. É sobre isso que o eleitor deve se informar, mas, na realidade, acontece o contrário. Os imensos contingentes dos famigerados “grotões”, onde abrigam as mazelas sociais, podem eleger prefeitos e vereadores capazes de praticar os piores descalabros em nome do povo.
O voto consciente é um desafio quase inalcançável até nos centros mis desenvolvidos. Os órgãos de controle, como Ministério Público, controladorias, Poder Legislativo, Tribunal de Contas e o Judiciário estão abarrotados de processos e denúncias contra centenas de gestores municipais eleitos em 2012 no Maranhão. É, portanto, errada a ideia de que todos os políticos são iguais. Existem políticos corruptos e incompetentes. Porém, muitos são dedicados e honram a representação do povo. Mas, como identificar um bom político?
Primeiro, ter consciência de seu papel como cidadão e ser político. A consciência se faz com conhecimento pelos noticiários, pelo que cada um faz, como se comportam nas votações, como formalizam suas propostas em favor do povo e como se portam como cidadãos. Nunca é demais ficar atento às armadilhas dos políticos corruptos e espertalhões, especialistas em enganar incautos. E, ainda, reavaliar a sua própria atitude em relação não apenas ao que se passa na rua onde mora, mas também olhar criticamente a realidade da cidade, do estado e do país.
A prefeita Lidiane Leite é exemplo típico das armadilhas colocadas para o eleitor decidir. Ela, totalmente despreparada, marionete nas mãos de um político espertalhão. Só com o voto consciente será possível banir os maus políticos e impedir que outras Lidianes apareçam, de uma hora para outra, com o direito de representar a população de um município. As eleições de 2016 estão chegando e todo cuidado é pouco.
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