ELEIÇÕES 2020

São Luís poderá ter o primeiro mandato coletivo feminino de sua história

A cantora Tássia Campos, a militante Rose Frazão e a estudante de Direito Carla Alcântara tentarão um mandato compartilhado na Câmara de Vereadores

Reprodução

As Eleições 2020 em São Luís podem representar um marco para a política local – a capital poderá ter o primeiro mandato coletivo feminino de sua história. Trata-se da chapa Carla Rose Tássia, formada pela estudante de Direito Carla Alcântara, de 26 anos, a militante de movimentos sociais Rose Frazão, de 45 anos, e a cantora e produtora cultural Tássia Campos, de 34 anos.

Elas tentarão uma das 31 vagas a vereador na Câmara de São Luís, consolidando tendência observada nas eleições de 2018, quando se Bancada Ativista (PSOL) em São Paulo, com nove codeputados estaduais, e o Coletivo Juntas (também do PSOL) em Pernambuco, formado por cinco codeputadas – antes, em 2016, um grupo de cinco covereadores já havia sido eleito para um mandato em Alto Paraíso de Goiás.

Segundo explicou a O Imparcial a doutora em Ciência Política da UFMA, Arleth Borges, os mandatos coletivos são fruto da crise de representação política pela qual passa o Brasil. O Imparcial conversou com a chapa Carla Rose Tássia, que responderam em conjunto sobre como superar essa crise e sobre o que as motiva para as eleições de novembro, política local e as ideias do coletivo para o mandato e para a cidade:

Por que propor um mandato coletivo em São Luís?
Carla Rose Tássia: Hoje, o sentimento acrescenta a essa pergunta: por que não propor um mandato coletivo em São Luís? Muita gente em campanha fala em mudança, mas o que vemos é mais do mesmo – candidaturas personalizadas, algumas dizem ser coletivas, mas acaba que centraliza em uma figura. E o que há de mudança nesses quadros? Um mandato três em um diz muito sobre o que queremos de nova perspectiva de olhar político, o mandato coletivo muda o olhar sobre quem legisla. O que a gente acredita é que o que hoje está posto não está bom para São Luís. Propomos um modelo novo de gerir a coisa pública, que possibilite de fato a participação de setores da sociedade civil, dialogando de forma mais direta para a construção desse mandato e das demandas desse mandato.

Sobre representatividade e ampliação da participação na política
Carla Rose Tássia: Temos uma câmara predominantemente masculina e com apenas uma mulher. Muito provável que, por isso, não tenhamos creches o suficiente e nem se efetive políticas públicas para as mulheres, por exemplo. Propor o mandato coletivo também é lançar à cidade um olhar diverso, de mulheres reais, trabalhadoras, das mães solo, de uma juventude sem perspectiva, de uma cidade que se utiliza de um sistema de transporte público precário, de pessoas que estão no cotidiano, indo à feira, aos parques sem infraestrutura que nos remete ao direito de ir e vir das pessoas com deficiência e dos trabalhadores autônomos que se desdobram pra ganhar vida. Acreditamos que muito falta, muito precisa ser construído e estamos aqui querendo equilibrar esse jogo político que hoje, pra nós mulheres, principalmente no quesito representatividade é completamente desleal. Que o sucesso de nossa empreitada seja inspiração para participação outras mulheres. Haverá um tempo que seremos bem mais que cotas, bem mais que trinta por cento.

Quais serão as causas defendidas pelo mandato coletivo?
Carla Rose Tássia: Um mandato coletivo possibilita também bandeiras plurais. Pra ficar mais elucidativo, tentamos resumir de acordo com o histórico de cada cocandidata. Rose é militante de movimentos sociais há mais de 20 anos, luta diretamente pela causa do direito das mulheres e dos trabalhadores e trabalhadoras e atualmente é secretária de assuntos institucionais do PT/MA, tem duas filhas. A Carla é estudante de direito e militante da juventude petista (JPT) desde os 16 anos, integra o setorial nacional de cultura do Partido dos trabalhadores e Tássia é cantora popular e profissional, produtora independente há 17 anos, militante das causas dos direitos humanos e das mulheres e mãe de 2 filhos. Nossos perfis naturalmente nos remetem à defesa de nossas bandeiras de vida que são nossas essências.

Principais problemas locais que precisam de mudança
Carla Rose Tássia:  A questão do saneamento básico e da água é um tormento na vida do povo. São inadmissíveis as condições sanitárias da cidade, como esgoto a céu aberto, poluição e matança dos nossos rios e mananciais, que em pleno século 21 ainda se perpetuam. Água na maioria dos bairros da ilha é dia sim, dia não. Pior, tem bairro que é dia não, dia não. O esgotamento sanitário adequado, assim como fornecimento de água tratada, e o não fornecimento, passaram a compor a vida de muitos ludovicenses. E o que é pior, há um conformismo com isso. E entre as mazelas que se perpetuam existem os problemas de sempre, como mobilidade urbana, saúde, emprego, segurança, transporte público, que são temas permanentes na pauta.

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