ELEIÇÕES 2020

Crise de representação pode eleger mandatos coletivos em São Luís

Doutora em Ciência Política da UFMA, Arleth Borges explica o surgimento de candidaturas coletivas, que este ano tentam uma vaga na Câmara de Vereadores da capital

“Mandatos coletivos são alternativas à crise da representação política.” É o que explica a doutora em Ciência Política Arleth Borges, professora do departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA.

Segundo Arleth, os mandatos coletivos teriam a perspectiva de “resgatar os elementos que estão na origem e nos fundamentos do que seria uma democracia efetivamente representativa”.

E explica as causas da crise de representação e os fatores que vêm deturpando o regime democrático: “Hoje está ainda mais nítido que a política tem sido muitas vezes diminuída e controlada pelo poder econômico. São campanhas milionárias, candidaturas e até mandatos que se orientam na perspectiva da atender interesses econômicos, particulares e corporativos”.

Além do poder econômico, outro fator seria o abandono ou redução do foco no interesse público por parte dos políticos: “Uma consequência desse abandono é que frequentemente mandatos e candidaturas tem resvalado para o mais escancarado personalismo, individualismo”, explica a professora.

Assim, as candidaturas coletivas têm o objetivo de lutar contra essas circunstâncias, que fazem com que as pessoas se sintam “cada vez mais distantes e ausentes dos mandatos e dos resultados desses mandatos, que seriam as políticas públicas. É com essa perspectiva de resgate e valorização dos fundamentos mais nobres da representação política que esses coletivos têm se organizado”, completa Arleth.

Novidade em São Luís
Os mandatos coletivos foram uma novidade na política brasileira nas eleições de 2018. Este ano, pelo menos três chapas coletivas também tentarão se eleger para a Câmara de Vereadores de São Luís.

Há dois anos, foram eleitos a Bancada Ativista (PSOL), com nove integrantes, na Assembleia Legislativa de São Paulo, e o Coletivo Juntas (também do PSOL), formado por cinco codeputadas, na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Antes desses dois coletivos, em 2016, já havia sido eleito um grupo de cinco covereadores em Alto Paraíso de Goiás (pelo então PTN, hoje Podemos).

Na capital maranhense, teremos três candidaturas coletivas que serão lançadas pelo PT. São elas:

Coletivo Nós – formado por Delmar Matias (administrador), Eunice Cheguevara (servidora pública), Jhonatan Soares (professor), Raimunda Santos (agricultora familiar), Enilson Ribeiro (educador social); e Flávia Almeida (estudante). Bandeiras: garantir a representatividade de mulheres e homens da periferia, população negra, povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, LGBTQI+ e juventude.

Coletivo Participa – formado por Camila Pedrosa (19 anos, ex-diretora da UBES), Arthur Mendes (24 anos, diretor nacional da UNE) e Bruno Cacau (23 anos, dirigente estadual do PT). 

– Carla Rose Tássia – chapa exclusivamente feminina formada por Carla Alcântara (26 anos, acadêmica de Direito), Rose Frazão (45 anos, tecnóloga em Turismo e Hotelaria) e Tássia Campos (34 anos, cantora profissional e produtora cultural).

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Mais Notícias