EM SÃO LUIS

A história contada através das praças

Para contar essa história, O Imparcial lança uma série com as belas praças da capital maranhense.

Reprodução

São Luís, uma cidade “quatrocentona”, é dotada de um complexo de praças históricas e contemporâneas de rara beleza, que oferecem conforto além de comodidade aos que buscam momentos de lazer ou descanso. Recentemente, a cidade ganhou novas praças, modernas e bonitas, e suas antigas praças, que estavam em estado de abandono, foram recuperadas e embelezadas. Essas praças são marcos da rica história da terra. As modernas são surpreendentemente belas. Para contar essa história, O Imparcial lança uma série com as belas praças da capital maranhense.

Um terminal de transporte urbano existente na Fonte Bispo, margeando o Anel Viário, sofreu uma série de invasões e, em vez de uma praça de alimentação, foi transformada em uma verdadeira favela, com barracas de pau e papelão, onde se registravam, além da prática da prostituição, o tráfico de drogas e audaciosos assaltos a pessoas incautas.

O poder público, através da Prefeitura Municipal e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN, efetivaram uma intervenção e promoveram a demolição da “favela” e construíram no local, bela praça, novos terminais de transporte urbano e barracas modernas para abrigar lanchonetes.

Ainda na mesma região, o Estado, por iniciativa do governador Flávio Dino, fez uma intervenção e transformou um terreno baldio que existia no entorno do Papódromo (local onde o papa João Paulo Segundo, oficiou uma missa campal, quando da sua visita a São Luís, em outubro de 1991).

Ali, num espaço de 64 mil metros quadrados, foi construído o Parque São João Paulo Segundo, dotado de praças, fontes luminosas, jardins, playground, praça de alimentação, espaço para eventos, feiras, e até para realização de piqueniques. A capela e o memorial de João Paulo Segundo foram revitalizados e são utilizados em ofícios religiosos.

Praça do Comércio
A Praça do Comércio figura como a mais rica em histórias. Consta que no ano de 1868, comerciantes da Praia Grande fizeram da praça um palco de grande confusão. Na ocasião muitas pessoas teriam sido presas acusadas de distribuir dinheiro falso no comércio. Outrora conhecida como Largo do Comercio, esta praça era a porta de entrada do Centro Histórico da cidade tanto para quem chegava por terra ou por via marítima. Aquele logradouro recebeu várias denominações como Fran Paxeco e Praia Grande.

A Praia Grande era o principal centro comercial da cidade durante os séculos XVIII e XIX, tempo em que a cultura do algodão era o principal produto propulsor do desenvolvimento do Estado, colocando a Cidade de São Luís em contato permanente com a Europa. Naquele mesmo período se desenvolvia em São Luís, o comércio de escravos vindos da África, para trabalharem no cultivo do algodão e em serviços domésticos.

Mas a partir da década de 30 do século XX houve redução da atividade econômica e surgiram novas opções tecnológicas de mercado, aliadas ao crescimento industrial e de infraestrutura em outras regiões do país.

A decadência se concretizou, mas seus casarões permaneceram intactos mantendo sua beleza arquitetônica, com estilo colonial português, fachadas revestidas de azulejos, pedra de cantaria nas suas vias.

Complexo Deodoro/Pantheon

O chamado Complexo Deodoro é um conjunto de logradouros constituído por quatro praças localizadas no Centro Histórico de São Luís. Ali ficam as praças Deodoro, Pantheon, Alameda Silva Maia e Alameda Gomes de Castro, que se constituem nas principais praças da cidade em razão do grande fluxo de pessoas, veículos e diversas linhas de ônibus.

Ali, no passado, funcionou o Quartel Militar do 5º Batalhão de Infantaria, construído entre 1793 e 1797, e tinha capacidade para 1.333 militares, e era conhecida como Campo de Ourique. As instalações militares ficavam no espaço onde se localizam hoje a Praça do Pantheon, a Biblioteca Pública Benedito Leite e o Serviço Social do Comércio – SESC.

Aquele logradouro recebeu também outras denominações como Largo do Quartel (área da frente), e mais tarde Praça da Independência (1868); e Largo da Pirâmide (área posterior), onde foi construído o obelisco da Pedra da Memória (1844), em homenagem à coroação de D. Pedro II. Em 1946 o monumento foi transferido para a Avenida Beira-mar.

Praça Deodoro
Através de lei municipal, em 15 de Agosto de 1868, o Largo do Quartel passou a denominar-se Praça da Independência e com o advento da República, recebeu o nome de Praça Deodoro, em homenagem ao Marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil.

A Praça Deodoro corresponde ao quadrilátero localizado em frente à atual Praça do Pantheon, sendo por vezes confundida com as Alamedas Silva Maia e Gomes de Castro.

Em 2018 foi submetida a uma ampla reforma, sob a coordenação do IPHAN e da Prefeitura de São Luís, incluindo a Praça do Pantheon e as Alamedas Silva Maia e Gomes de Castro, com nova pavimentação de concreto lapidado e granito, itens de acessibilidade, caramanchões, bancos de pedras de lioz, novo sistema de iluminação e paisagismo, com a plantação de arbustos nativos e a volta dos bustos dos escritores.

Praça do Pantheon

Com a demolição do Quartel, no final da década de 30 e sua transferência para o bairro do João Paulo em 1941. Em 1950 foi construída a Biblioteca Benedito Leite. e a Praça do Pantheon ganhou a atual denominação em sessão da Câmara Municipal, em 29 de março de1954, por sugestão do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM).

A Praça do Pantheon limita-se com a Avenida Silva Maia (ao norte), a Avenida Gomes de Castro (ao sul), a Travessa do Galpão, a Biblioteca Benedito Leite, Sesc, Parque Urbano Santos e Liceu Maranhense (leste) e a Praça Deodoro (oeste).

Na Praça do Pantheon, estão as homenagens a grandes escritores e intelectuais maranhenses, sendo os primeiros bustos instalados os de Artur Azevedo (1954) e Raimundo Correia (1954). Ao longo dos anos, outros bustos foram inaugurados, ou transferidos de outros logradouros para aquela praça.

Para evitar a ação de vândalos, os bustos foram guardados no Museu Histórico e Artístico do Maranhão, em 2007, mas em 2018, com a reforma, retornaram à praça.

Na Praça do Pantheon se encontram os bustos de:

  • Antônio Henriques Leal
  • Arnaldo de Jesus Ferreira
  • Artur de Azevedo
  • Bandeira Tribuzi
  • Clodoaldo Cardoso
  • Coelho Neto
  • Dunshee de Abranches
  • Gomes de Castro
  • Humberto de Campos
  • Joaquim Gomes de Souza
  • Josué Montello Maria Firmina dos Reis
  • Nascimento de Moraes
  • Raimundo Corrêa
  • Raimundo Corrêa de Araújo
  • Ribamar Bogéa
  • Silva Maia
  • Teixeira Mendes
  • Urbano Santos
  • Alameda Silva Maia

Localizada ao norte da Praça do Pantheon, na Avenida Silva Maia, essa praça é caracterizada pelos seus oitizeirois centenários. José da Silva Maia (1811-1893) foi vice-presidente da província do Maranhão

Alameda Gomes de Castro

Situa-se ao sul da Praça do Pantheon, na Avenida Gomes de Castro, essa praça também é caracterizada pelos oitizeiros centenários. Fica de frente para a agência do Banco do Brasil. Gomes de Castro (1836-1909) foi promotor, escritor e presidente da província do Maranhão.

Praça Maria Aragão

A Praça Maria Aragão abriga o Memorial Maria Aragão, um museu dedicado a preservar um acervo em homenagem à medica e ativista política maranhense Maria José Camargo Aragão. O logradouro foi projetado por Oscar Niemeyer e faz parte de um complexo que inclui além da praça, um anfiteatro e um prédio de apoio. Foi a primeira obra de Niemeyer projetada para a região Nordeste.

Antes da construção da praça, o local era um terreno para manobras da Rede Ferroviária Federal ( Estrada de Ferro São Luís-Teresina). Foi com a desativação da estação em 1991, que deu-se a construção da praça.

Dez anos depois, foi lançado um projeto de reforma da praça por Oscar Niemeyer (de quem Maria Aragão era amiga), com inauguração do Memorial Maria Aragão em 2004.

O Memorial tem a forma de uma pomba e possui área de exposição, com um acervo em homenagem a Maria Aragão, auditório, loja, café e escritório administrativo. O edifício é marcado pelas linhas sinuosas, sem adoção de modulação, em cor branca, característicos da obra de Niemayer.

O prédio de apoio se constitui de duas edificações de forma retangular. Um abriga bares, cozinha e banheiros, o outro é destinado ao uso público livre. O anfiteatro possui um palco coberto por uma concha acústica e seus camarins estão localizados no subsolo.

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