ACUSADO DE RACISMO

“Não achei nada demais” diz Patrícia Abravanel sobre comportamento do pai

O apresentador mudou o resultado de uma competição musical em seu programa, impedindo uma mulher negra de vencê-lo

Reprodução

Em seu programa semanal no SBT, na noite deste domingo (15), o apresentador Silvio Santos ironizou as acusações de racismo que recebeu, após não aceitar a escolha da cantora negra Jennyfer Oliver pelo público e dar o prêmio para outra candidata em um quadro de seu programa no dia 8 de dezembro.

“Disseram aí na internet que eu não quis que uma cantora cantasse porque ela é negra. Então, eu sou homo…”, disse. Lívia Andrade, uma das juradas do programa, interferiu: “Racista”. O apresentador, então, completou a piada: “Homossexual ainda não. Que eu sou homofóbico”, afirmou.

Patrícia Abravanel saiu em defesa do pai. “Racismo. Falam que você é misógino, que é uma palavra que eles nem sabem o que é”. Ainda em tom de brincadeira, Silvio Santos disse: “Misógino é homem que não gosta de mulher”. Patrícia respondeu: “Mas, você gosta. Só tem mulher aqui”.

“Posso falar? Eu assisti e não achei nada demais. Ele sempre escolhe quem ele gosta mais. Ele pede para o pessoal votar, mas a decisão é de quem? Dele!!! Então, não é porque ela é negra, completou a filha do apresentador.

A origem da denúncia

No dia 8 de dezembro, Silvio Santos mudou o resultado de uma competição musical em seu programa, impedindo uma mulher negra de vencê-lo. Mesmo com o placar apontando vitória a Jennyfer Oliver, Silvio não gostou do resultado e optou por outra competidora. No quadro, diversas candidatas se apresentaram com uma performance musical e, após outras terem suas oportunidade, quando chegou a vez de Jennyfer, Silvio a interrompeu e afirmou que a música era muito chata.

Em seguida, o apresentador chamou a votação da plateia para escolher quem seria a vencedora. Após anunciar a escolha do auditório por Jennyfer, Silvio decide entregar R$ 500 a todas as competidoras e diz que caberia a ele decidir a melhor cantora. “Se eu estivesse na minha casa, na minha opinião, a melhor intérprete seria você, Juliana! Você é muito bonita e canta muito bem, mais R$ 500 para a Juliana!”, disse, ignorando que o placar anunciava vitória em disparado a Jennyfer.

A cantora Jennyfer Oliver usou sua conta no Instagram para comentar o caso. Ela afirmou ter se sentido constrangida quando o apresentador interrompeu sua apresentação no programa afirmando que sua canção era “muito chata”, além de ter negado sua vitória na competição e optado por outra concorrente.

“Eu jurava que ia ser editado e eles iriam pular essa parte que ele me barrou de cantar a música. Em momento algum eu postei nada falando que ele foi racista comigo ou algo do tipo, mas as pessoas sentiram. Em nenhum momento eu me fiz de vítima, mas eu me senti super constrangida pela situação”, relatou a cantora, que responsabilizou a produção do programa pela escolha das músicas.

“Me senti prejudicada”, continuou. “Era para ser um programa de cantoras e sermos avaliadas pela qualidade vocal. Mas, infelizmente, no Brasil são poucos os programas que levam em consideração a qualidade”, continuou. “O quadro era para cantoras, não para beleza. Todas as meninas eram lindas, todas cantavam muito bem. Não é um programa de televisão que vai qualificar quem era melhor ou não”, afirma.

Apesar do constrangimento, Jennyfer exclui a possibilidade de processar Silvio Santos. “O Silvio vai continuar rico, podre de rico, não vai adiantar nada brigar pelo que achamos que está certo”, desabafou, com medo de perder futuros trabalhos caso entre na Justiça contra o apresentador.

Silvio Santos é alvo de representação encaminhada ao Ministério Público que pede que o dono do SBT seja processado por crime de racismo.

A iniciativa é do deputado estadual Jesus dos Santos (PSOL-SP), integrante da bancada ativista que divide o mandato entre nove pessoas. “Quando um apresentador, dono de um canal que é uma concessão pública, ratifica e continua perpetuando piadinhas racistas, isso passa a ser um problema no qual encontramos aparato constitucional para enquadrá-lo. O crime de racismo é bem nítido quando informa que atos racistas de qualquer forma e grau precisam ser contidos”, disse o parlamentar.

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