SÃO LUÍS

Pedal das Minas em São Luís realiza ato em solidariedade a morte de cicloativista

O comportamento imprudente de motoristas torna o trânsito mais violento nas cidades brasileiras

Foto: Alan Alves

Ciclistas de diversas partes do Brasil sentiram a morte de Marina Kohler Harkot, a jovem cicloativista foi atropelada no último sábado (7), quando retornava para casa, a vítima não recebeu assistência do motorista e acabou falecendo no local.

Na mesma noite em que a cicloativista foi atropelada em São Paulo, um ciclista em São Luís também foi atropelado por um motorista que estava alcoolizado, enquanto andava de bicicleta na Avenida dos Portugueses. A vítima sofreu ferimentos leves. O motorista do automóvel fugiu do local, mas foi preso por uma blitz que havia mais à frente.

O ato “Pedale como Marina Harkot” está sendo realizado pelo Pedal das Minas São Luís, o ato foi realizado na noite desta terça-feira (10), às 19h com saída da Feira do Vinhais.

O grupo Pedal das Minas São Luís, é formado por mulheres ciclistas que lutam por uma cidade mais segura desde 2017.

Mais de 13 mil ciclistas morreram em acidentes de trânsito no Brasil nos últimos 10 anos. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) a maior ocorrência de acidentes de trânsito está diretamente relacionada à alta velocidade que é permitida nas vias urbanas.

“Enquanto mulheres, ficamos muito abaladas com o atropelamento da Marina Harkot porque poderia ser uma de nós. Já é desafiador estar na rua como um corpo feminino, de bicicleta ainda sofremos com a violência de motoristas que acham que a bicicleta não deveria estar na rua e diariamente ameaçam a nossa vida com as ‘finas educativas’ que são ultrapassagens irregulares, já que o artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro indica que se deve dar 1,5 m de distância ao ultrapassar uma pessoa de bicicleta. Eu pedalo como transporte todos os dias, minhas amigas, integrantes da Pedal e mulheres e todas as pessoas que pedalam são violentados por motoristas que não sabem conviver com pessoas que estão caminhando, pedalando e até com quem está dirigindo outros veículos motorizados.” Afirma Jaana Pinheiro, articuladora do Ato e integrante da Pedal das Minas São Luís.

Ciclismo em São Luís

De acordo com uma pesquisa feita em 2019 pelo Rumbora se Amostrar, cerca de 13 mil pessoas utilizam a bicicleta como meio de transporte na Grande Ilha (São Luís, Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar).

Porém, mesmo com um Plano de Mobilidade Urbana aprovado na Câmara de Vereadores desde 2017, a Prefeitura do Município de São Luís segue sem realizar obras e projetos de implantação de ciclovias e insiste em obras de alargamento de vias, o que incentiva motoristas a empregarem altas velocidades e tornarem a circulação de pedestres e ciclistas mais inseguras.

De acordo com uma pesquisa realizada no ano de 2018, São Luís era a segunda capital com menor malha cicloviária do Brasil, tendo apenas 18 km.

As estruturas existentes são voltadas para o uso de ciclistas que utilizam a bicicleta apenas para lazer, um exemplo é a pista no Parque do Rangedor, inaugurada em 2019, e a ciclofaixa de lazer temporária instalada pela prefeitura durante a pandemia do novo coronavírus.

Além da falta de estrutura, a segurança é um outro ponto que preocupa bastante, já que o monitoramento feito pela segurança pública, é escasso. As escoltas são feitas em dias de semana para grupo esportivos de ciclismo nos pedais noturnos, deixando de lado a população que utiliza a bicicleta como meio de transporte.

A Pedal das minas vem realizando em São Luís a Campanha “Bicicleta para Futuros Possíveis”, desde julho de 2020, e tem como objetivo apresentar as vantagens do transporte ativo.
Para ajudar o projeto você pode assinar a petição “São Luís enfrentando a Pandemia de Bicicleta”. A petição já conta com 3.804 assinaturas, e a consulta pública, realizada em agosto de 2020, resultou na elaboração de uma proposta com 12 medidas essenciais para garantir a mínima segurança de quem pedala e quem quer pedalar na cidade, que foi entregue para o poder público municipal e estadual no último mês (outubro). A implantação de tais propostas podem resultar no desenvolvimento da ciclomobilidade e da caminhada na capital maranhense para cerca de 38% da população ludovicense, correspondente ao perfil mais representativo da amostragem (63,49% das respondentes): a mulher jovem e adulta (entre 15 e 64 anos).

Pedal das Minas São Luís

Grupo de Mulheres Ciclistas de São Luís, que desde 2017 pedala por uma cidade mais segura para mulheres, realizou levantamento de dados através da pesquisa Rumbora Se Amostrar (2019) em parceria com o Coletivo Reocupa e realiza ações de promoção da bicicleta. Promotora da Campanha Bicicleta para Futuros Possíveis em São Luís, coordenada nacionalmente pela UCB – União de Ciclistas do Brasil.

 

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