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Chilenos vão às urnas neste domingo (4) para plebiscito sobre nova Constituição

Carta Magna busca mais justiça social e estabelece as reformas institucionais exigidas nas ruas do Chile.

Chilenos foram às ruas manifestar desejo por nova constituição. (Foto: Reprodução/BrasildeFato)

Os chilenos vão às urnas neste domingo (4) para decidir se aprovam ou rejeitam uma nova Constituição que busca mais justiça social e estabelece as reformas institucionais exigidas nas ruas.

Em várias partes do país, havia longas filas quando as assembleias de voto abriram às 08h00 (09h00 no horário de Brasília) deste domingo, num plebiscito que visa revogar a Constituição em vigor desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O presidente de esquerda do Chile, Gabriel Boric, foi um dos primeiros a votar com seu pai e irmão em Punta Arenas, cidade no extremo sul do país, de frente para o Estreito de Magalhães.

“No Chile resolvemos nossas diferenças com mais democracia, nunca com menos. Estou profundamente orgulhoso por termos chegado até aqui”, escreveu o presidente em sua conta no Twitter.

Em Quilicura, nos arredores de Santiago, a eleitora Rosa González parecia ansiosa. “Dormi pouco para esse plebiscito de tão nervosa (…) Então cheguei com muita antecedência. Melhor!”, disse.

A opção “Rechazo” à nova Constituição lidera todas as pesquisas há mais de um mês, mas a campanha “Apruebo” mobilizou multidões, especialmente em Santiago, alimentando a ilusão de vitória.

Os atos de encerramento da campanha na quinta-feira na capital deste país de quase 20 milhões de habitantes, geraram duas fotos muito diferentes que contrastam com as previsões.

A festa de rua “Apruebo” reuniu entre 250.000 e 500.000 pessoas, segundo os organizadores, enquanto a cerimônia de encerramento “Rechazo” consistiu em um evento de não mais de 400 pessoas em um anfiteatro em Santiago.

“O que se vê nas pesquisas é confirmado, que a vantagem do ‘Apruebo’ em Santiago será muito importante sobre o ‘Rechazo'”, diz a socióloga Marta Lagos, fundadora do instituto Mori.

“Mas isso não significa que ‘Apruebo’ vai ganhar, tem uma grande desvantagem no sul e no norte do país”, áreas que sofrem com a violência e a insegurança, acrescenta Lagos.

Enquanto no sul há conflitos por terras reivindicadas por grupos indígenas mapuches, no norte há um fluxo incessante de imigrantes sem documentos que vivem nas ruas e que tem gerado o surgimento de máfias de traficantes de seres humanos e crimes violentos.

“Por aqui, as pessoas vão mais pela rejeição (…) elas acreditam que é o melhor caminho, porque têm medo de mudanças. Têm que comer, têm trabalho e acham que vão perder, ” disse à AFP Alfredo Tolosa, um trabalhador de 47 anos de uma empresa madeireira em Tucapel, uma cidade de 13.000 habitantes na região de Biobío (sul).

Pela primeira vez em mais de uma década, o comparecimento às urnas será obrigatório sob pena de uma multa máxima de 180.000 pesos (cerca de US$ 200). Isso, junto com o comparecimento dos jovens, pode inclinar a balança entre os mais de 15 milhões de eleitores.

Especialistas esperam a participação de mais de 11 milhões de pessoas, bem acima dos 8,3 milhões que votaram em dezembro, quando o esquerdista Gabriel Boric venceu a eleição presidencial, no que já se antecipa como uma “revolução participativa”.

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