SAÚDE

Covid-19 pode acelerar doença de Alzheimer, revela novo estudo

Para estudar a presença desses marcadores em pacientes idosos hospitalizados com covid-19, os pesquisadores coletaram amostra de plasma de 310 pessoas

Foto: BrianLananna/Divulgação

A infecção por covid-19 está associada ao aumento nos biomarcadores de Alzheimer no sangue, segundo um estudo apresentado, ontem, na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer. De acordo com os autores, da Universidade de Nova York, isso significa que pacientes que se recuperaram da doença infecciosa podem apresentar sinais do mal neurodegenerativo.

Biomarcadores são substâncias que, no sangue, indicam a presença de uma doença. No caso do Alzheimer, vários são conhecidos, como a proteína tau, a proteína de ácido fibrilar e dois tipos de beta amiloide — todos esses indicadores de lesão no cérebro e neuroinflamação, características da enfermidade. Para estudar a presença desses marcadores em pacientes idosos hospitalizados com covid-19, os pesquisadores coletaram amostra de plasma de 310 pessoas que deram entrada no hospital universitário e testaram positivo para Sars-CoV-2. Dessas, 158 apresentavam sintomas neurológicos e 152, não.

Em pacientes que eram, inicialmente, cognitivamente normais, mas que apresentaram sintomas neurológicos associados à covid, os pesquisadores encontraram níveis mais elevados de alguns biomarcadores de Alzheimer, comparado àqueles que não relataram sintomas relacionados ao cérebro. “Essas descobertas sugerem que os pacientes que tiveram covid-19 podem ter uma aceleração dos sintomas e patologia relacionados ao Alzheimer”, disse o neurologista Thomas Wisniewski, principal autor do estudo. “No entanto, mais pesquisas longitudinais são necessárias para estudar como esses biomarcadores impactam a cognição em indivíduos que tiveram covid-19”, complementou.

Má condição física

Outro estudo apresentado na mesma conferência indicou que pessoas recuperadas da covid que apresentaram declínio cognitivo são mais propensas a ter má condição física e baixa saturação de oxigênio. George Vavougios, pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Thessaly, estudou o comprometimento cognitivo e indicadores de saúde associados em 32 pacientes, dois meses após a alta hospitalar.

Desses, 56,2% apresentaram declínio cognitivo. Comprometimentos de memória de curto prazo e de múltiplos domínios foram os padrões predominantes. Após o ajuste para idade e sexo, os piores escores de memória e raciocínio foram independentemente associados a níveis mais baixos de saturação de oxigênio durante o teste de caminhada de seis minutos, comumente usado para avaliar a capacidade funcional de pessoas com doença cardiopulmonar. “Um cérebro privado de oxigênio não é saudável, e a privação persistente pode muito bem contribuir para as dificuldades cognitivas”, disse Vavougios.

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