POLÍTICA

Carlos Brandão fala sobre conjuntura política para 2018

Em entrevista a O Imparcial, o vice-governador Carlos Brandão, que recentemente foi reeleito presidente estadual do PSDB, aborda sobre as eleições de 2018

O ato será comandado pelo presidente da Casa, deputado Othelino Neto (PCdoB). (Foto: Reprodução)

Não é novidade para ninguém minimamente envolvido com política: campanhas de sucesso só são possíveis a partir de alianças partidárias. São as regras do jogo, como afirmam os próprios candidatos. No Maranhão, não é diferente. Em 2014, dois partidos supostamente incompatíveis – PCdoB e PSDB – formaram a chapa que saiu vencedora e pôs fim a uma hegemonia de 50 anos do grupo Sarney no estado. Três anos depois, a relação do governador Flávio Dino (PCdoB) com o vice, Carlos Brandão (PSDB), continua sendo acompanhada de perto pela oposição e pela mídia. É que, no entendimento de muita gente, a aliança pode ser rompida a qualquer momento – o que enfraqueceria o governador e, consequentemente, mudaria os rumos das eleições de 2018.

Em entrevista exclusiva a O Imparcial, o vice-governador Carlos Brandão, que recentemente foi reeleito presidente estadual do PSDB, afirmou que cultiva uma ótima relação com Flávio Dino. E que a parceria com o governador tem ajudado a transformar o Maranhão para melhor. Apesar disso, Brandão preferiu não confirmar a manutenção da aliança em 2018. “Não adianta a gente fechar aliança agora sem saber a regra do jogo”, pontuou Carlos Brandão. A regra do jogo, a qual o vice-governador se refere, segundo ele, será definida após o debate da reforma política. O que é compreensível, visto que uma das propostas da reforma política é acabar com a figura do “vice” – extinguindo, assim, o cargo de Brandão.
Na entrevista, o vice-governador do Maranhão também comentou a postura do ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), em relação ao governo, o crescimento do PSDB no Maranhão e os avanços conquistados pelo governo com programas como o ‘Mais Asfalto’ e o ‘Mais IDH’.

O IMPARCIAL – O que representou, no domingo passado, a sua recondução à presidência do diretório regional do PSDB?
Carlos Brandão – Eu recebi isso com muita alegria e gratidão aos companheiros, aos delegados e militantes que me reconduziram à presidência do partido. O símbolo da nossa campanha foi a união, nós somos um partido unido, a grande maioria está junta em um projeto para melhorar o Maranhão. Nós tivemos uma aliança em 2014 de nove partidos, e essa aliança tinha várias ideologias partidárias, onde uns apoiavam o senador Aécio Neves (PSDB), outros apoiavam o Eduardo Campos (PSB); outros, a Marina Silva (Rede) e outros apoiavam a presidente Dilma Rousseff (PT). Portanto, foi uma aliança suprapartidária, com um objetivo: vencer as eleições contra um grupo que dominava o Maranhão há mais de 40 anos. Vencemos a eleição, e houve, por parte do governo, a sensibilidade de dividir o governo; colocando, em várias secretarias, partidos contrários, mas que ajudaram a construir essa aliança.

Quantos prefeitos o PSDB conseguiu eleger no Maranhão em 2016?
Quando fizemos essa aliança em 2014, tínhamos oito prefeitos, e, com esse trabalho que nós fizemos, nós aumentamos de oito para 30 prefeitos. Portanto, aumentamos 263%. Foi o maior crescimento proporcional do partido no Brasil. Nós hoje somos o segundo estado em termos de prefeitura no Nordeste. Tivemos um crescimento fantástico também em relação a vice-prefeitos. Nós tínhamos 10 vice-prefeitos, e agora também temos 30 vice-prefeitos. Então, são 30 prefeitos e 30 vice-prefeitos do partido no Maranhão. Além dos vereadores, que nós tínhamos 118 e aumentamos para 167. O partido se fortaleceu, ficou gigantesco, nós tivemos quase 1 milhão de votos para prefeito.

O governador Flávio Dino ter participado da convenção do PSDB no último domingo é uma sinalização de que a aliança de 2014 será mantida em 2018?
Quando o governador discursou, ele foi bem claro. “Estou aqui, nesta convenção, levantando duas bandeiras. A bandeira do braço direito, que eu chamo de gratidão. Gratidão pelo PSDB ter nos ajudado a vencer a eleição de 2014, sem o PSDB eu não teria vencido a eleição. E na mão esquerda eu levanto a bandeira da solidariedade. O Solidariedade é um partido que está ajudando a governar e a fazer um bom governo”. Então, ele foi lá para agradecer o PSDB, um gesto de gratidão ao PSDB. Ele não foi lá para fazer ou demonstrar aliança. Foi lá demonstrar simpatia, carinho e, acima de tudo, gratidão ao partido. Foi um gesto de cortesia.

Existem muitas especulações de que é uma determinação do Flávio Dino repetir a aliança com o PSDB em 2018. Como o senhor avalia esses rumores?
No domingo, nós tratamos da convenção do partido. Essa questão de aliança é uma questão que vai ser tratada mais na frente. Até porque, daqui um mês, nós vamos começar a debater a reforma política no Congresso Nacional. E é aí que vai ser desenhado o jogo da nossa política. Hoje nós ainda não sabemos como vai ser. Não sabemos as regras do jogo. Será que vai ter, por exemplo, voto em lista? Será que vai ter o fim das coligações? O vice vai continuar? Existe uma proposta para retirar o vice das próximas eleições (vice-governadores, vice-prefeitos, vice-presidente). Então tudo isso a gente tem que aguardar. Não adianta a gente fechar aliança agora sem saber a regra do jogo. E essa regra do jogo será daqui a dois meses, até setembro estará definida. E aí sim nós começaremos a definir as alianças.

O PSDB estadual, com suas lideranças, inclusive com o ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira, está fechado com o governo?
Não. O ex-prefeito Sebastião Madeira tem defendido uma tese contra. Mas todo o restante do partido afirma que quer uma aliança com o PCdoB em 2018. Mas o partido, ao longo dessa história, tem decidido pela maioria. E todas às vezes, em todas as eleições que a gente teve como presidente do partido, a gente levou o desenho do Maranhão para a conjuntura nacional, para a direção nacional do partido; e eles têm decidido em função da maioria. Então, vamos ver se essa regra vai continuar.

A cúpula nacional também determina sobre o que será feito nas esferas estaduais?
A cúpula determina bater o martelo. Mas, na realidade, ela tem respeito pelos diretórios estaduais, principalmente no caso do Maranhão, que cumpriu todas as metas em 2016. Um avanço significativo. Foi o estado que mais cresceu. Então é um estado que hoje tem uma credibilidade a nível nacional. Então, logicamente, nós não podemos deixar de ouvir. E agora estamos preparados para outra meta. Nós vamos eleger mais deputados estaduais, federais e trabalhar para estar na chapa majoritária.

Qual é a sua relação com o governador Flávio Dino?
Muito boa. Excelente. Nós temos uma relação de parceria, de amizade, companheirismo e de ajudar o governo. Eu sou um parceiro ajudando o governo.

E, na sua avaliação, ele está seguindo o que prometeu na campanha junto com o senhor?
O portal de notícias G1, da Rede Globo, fez uma pesquisa com todos os governadores do Brasil sobre os compromissos de campanha. Revelando quem cumpriu ou não esses compromissos. E o governador Flávio Dino foi avaliado com 78,30%, ficou em segundo lugar no Brasil entre os que mais cumpriram compromissos de campanha. Então a gente pode garantir que está muito bem avaliado. Um governo que tem 78,30% de aprovação daquilo que se comprometeu em fazer, é sinal que está realizando os compromissos durante a campanha. Então isso nos mostra que estamos no caminho certo.

Na sua avaliação, qual o ponto mais importante da administração do governador Flávio Dino?
Existem vários. A saúde, por exemplo. Nós tínhamos apenas um hospital regional (‘Socorrão’) no nosso estado, em Presidente Dutra. Agora temos seis, e serão oito até o fim do ano. Vamos saltar de um Socorrão para oito. E isso está salvando vidas. Outro ponto é a área de segurança. Quando assumimos o governo, o Maranhão contava com apenas nove mil policiais. Éramos o estado com o menor número de policiais em termos proporcionais do país. Aumentamos esse número em 2.500 policiais, adquirimos 500 veículos novos, armamento, melhorando a segurança pública do nosso estado. Reduzimos em 20% a criminalidade no nosso estado. Na educação também tivemos um desafio enorme. Nós encontramos o estado com 1100 escolas de palha e taipa. Escolas com uma sala de aula. E nós já fizemos cem escolas, cada uma de duas ou três salas de aula; e até 2018 teremos 300 escolas novas substituindo essas escolas de taipa. Além disso, nós motivamos os professores por meio do salário. O salário para professor do Maranhão, hoje, é o maior salário do Brasil. É um avanço muito grande que motiva os professores. Também reformamos 540 escolas das cerca de 1200 que o estado tem. Transformamos em escolas de primeira qualidade, com ar-condicionado; isso nunca existiu. Reformamos escolas que há 20 anos não eram reformadas. E também criamos 26 escolas técnicas, que não tínhamos nenhuma no estado, todas eram federais. Saltamos de zero para 26 escolas técnicas. Já inauguramos 10 e vamos inaugurar mais 16 até o fim do ano.

Há recursos para tocar essas obras iniciadas e programas sociais que estão em andamento?
Hoje nós temos 940 obras no estado. Nenhum outro estado da federação tem essa quantidade de obras. E nós estamos com os salários em dias. Fornecedores em dias. Prestadores de serviço em dias. Uma parte está sendo paga com recursos oriundos do BNDS, e outra parte com recursos próprios. Nós já fizemos mais de dois mil quilômetros de asfalto. 170 municípios já foram contemplados com o programa ‘Mais Asfalto’.

Os deputados de oposição na Assembleia Legislativa afirmam que o governo Flávio Dino discrimina municípios onde os gestores são de oposição ao governo. O que tem de fundamento nisso?
Não é verdade. O Maranhão tem 217 municípios. Apenas 17 prefeitos votaram no governador Flávio Dino. Então, 200 prefeitos estiveram contra nós. E só o ‘Mais Asfalto’ já atendeu a 170 municípios. Então, não existe isso. O governador Flávio Dino é governador de todos. Dos 150 municípios mais pobres do país, 30 estão no Maranhão. E nós fizemos um programa, chamado ‘Mais IDH’, para atender a esses 30 municípios de forma diferenciada. Desses 30 municípios, apenas um apoiou o governador Flávio Dino nas eleições de 2014. Então, não podem falar de discriminação. Todos os municípios estão sendo contemplados.

Se a reforma política não mexer com as regras em relação às coligações, o senhor defende que o PSDB continue a aliança com o PCdoB?
Eu sou presidente do partido. Mas isso é discutido dentro do partido. E o que a maioria decidir nós vamos acompanhar. Eu tenho a humildade de dizer que estou como presidente, mas a decisão é da maioria. Então, hoje a maioria tem uma tendência a continuar com o governo. E não se trata de Flávio Dino, de João ou de Maria, é porque o governo está dando certo. E nós temos uma tese. Nós lutamos para melhorar a situação do Maranhão. Estamos vendo, nesse momento, a oportunidade de melhorar o Maranhão. A decisão [de manter a aliança com o PCdoB] vai ser feita lá na frente, e vai ser decidido pela maioria, com o aval da cúpula nacional do partido.

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