ELEIÇÕES 2016

Jovens maranhenses e a experiência do primeiro voto

Eleitores jovens foram às urnas em São Luís para votar pela primeira vez para escolher os candidatos a prefeito e vereador

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, mais de 2 milhões e 300 mil jovens de 16 e 17 anos tiraram o título de eleitor em 2016 e estavam aptos a votar em 2016. O voto dos jovens, que constituem um dos maiores segmentos da população brasileira, foi determinante nas Eleições Municipais 2016. São cerca de 51 milhões de jovens de 15 a 29 anos, correspondendo a um quarto da população do país. Desse número, mais de 75% (38.876.290) estiveram aptos a votar, segundo dados estatísticos divulgados no Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles representam quase 27% do eleitorado nacional.
Até os 18 anos, o voto é facultativos, mas jovens de 16 anos conseguiram o direito a ele através de lutas de movimentos estudantis. A conquista foi incorporada à Constituição Federal de 1988, resguardando o direito ao voto dos jovens.
Pesquisas divulgadas pela Justiça Federal dão conta de que em todo o país o jovem está mais preocupado com a atualidade e combate à corrupção, e por isso se informam antes de votar, pesquisando a cerca dos candidatos.
Não é bem isso que os jovens entrevistados neste domingo, em colégios de São Luís, deixaram transparecer, entretanto. O cenário político brasileiro, repleto de crises, parece estar deixando o jovem sem esperança.
Para se ter uma ideia, a quantidade de jovens entre 16 e 17 anos, que já tiram o título de eleitor, está caindo desde 2012. Os dados do TSE de abril de 2016 mostram uma queda de cerca de 17% de jovens registrados para votar em relação há quatro anos.
Para Nádia Araújo, de 18 anos, que votou pela primeira vez no colégio Cintra, no Anil, a “obrigação” falou mais alto. “Se você não vota, as pessoas te cobram isso, te julgam. Você vira um ninguém pra elas. É uma obrigação da vida adulta, então eu tive de vir”, comentou.
Para Fábil Wenzel, de 18 anos, que também votou no Cintra, a facilidade do processo eleitoral foi o que chamou atenção. “É muito rápido, não demora nada, me surpreendi. Achei que seria mais”, disse.
Quem também votou pela primeira vez foi Luiza Santos, de 17 anos, que apontou o descrédito nos candidatos e no sistema político como um pesar do processo democrático. “Confesso que não pensei direito nos candidatos, votei meio que aleatório. A população já está cansada e não acredita mais em ninguém, porque todo mundo parece que tem a ficha suja”, desabafou.
Segundo dados do TSE, os jovens entre 25 e 29 anos representam 10,83% do eleitorado; de 21 a 24 anos, 8,71% e de 16 a 20 anos, 7,45%.
Idosos maranhenses também foram às urnas
Idosos com mais de 70 anos não são obrigados a votar no Brasil, mas nem por isso eles querem ficar de fora da escolha de seus representantes. Após uma vida inteira e muitas eleições, o voto do idoso pode vir carregado de experiência e de um sentimento de ainda fazer parte da comunidade de forma ativa.
Especialistas afirmam que os idosos não deixam de votar, mesmo não sendo mais uma obrigação, porque o processo lhes traz de volta, por exemplo, as lutas pelo restabelecimento da democracia. E esse desejo não é abalado, mesmo em face dos recentes escândalos envolvendo os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Em São Luís, como em muitas cidades do país, o eleitor idoso chegou cedo para votar. Logo nas primeiras horas da manhã, acompanhados de parentes. Alguns comentaram orgulhosos nunca ter perdido uma eleição.
É o caso do senhor Milton Baldez, de 73 anos que chegou para votar às 8h da manhã do IFMA do Monte Castelo, acompanhado de netos e filhos. “Voto desde que pude a primeira vez, nunca deixei de votar. Vim hoje apoiar um amigo que é candidato, e, mesmo não sendo obrigado, quero contribuir com o meu voto para ele”, comentou.
Cícero de Sousa, de 87 anos, acompanhado dos netos, andava com dificuldades, apoiado em uma bengala, e contou que essa talvez seja a última vez que votaria, já que está com a saúde debilitada. “Ainda me resta um vigor, uma vontade, mas estou doente, preciso descansar. Fiz questão de vir nesta eleição, pois na próxima não sei se terei como vir”, disse o aposentado.
Uma vida e várias eleições
Quem também acompanhava Cícero era sua esposa, Terezinha de Jesus Brandão Sousa (foto), que fez questão de falar com a reportagem de O Imparcial. “Quero falar também”, comentou, enquanto o marido era entrevistado. E dona Terezinha declarou que esta é uma das muitas outras eleições que ainda quer participar. “Eu vim porque quero votar no candidato que escolhi, sabe. E também porque quero me sentir útil para minha cidade. Tenho 84 anos e nunca deixei de votar, não é agora que deixaria”, sublinhou.
E o voto do idoso pode fazer toda a diferença, já que a população de brasileiros acima dos 60 está crescendo acima da média mundial, conforme relatório da Organização Mundial da Saúde. O Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento apontou que o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil deverá crescer bem mais rápido que em outros países. Enquanto no resto do mundo a quantidade de idosos deve duplicar até 2050, no Brasil ela vai triplicar.
Hoje, o Brasil conta com 12,5% de sua população formada por idosos, e deve passar para até 30% na metade do século XXI. Ou seja, o Brasil deverá chegar perto de países como França, Inglaterra e Canadá, que contam hoje com mais de 14% de sua população formada por pessoas com mais de 60 anos.
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