SAÚDE PÚBLICA

Maranhão registrou 40 casos de leptospirose em 2023

A leptospirose é uma doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas

Como o controle populacional de ratos não é um trabalho simples, podemos facilmente observar áreas urbanas onde sua população é bastante elevada - (foto: reprodução)

Em 2023, o Maranhão registrou 40 casos confirmados de leptospirose e 2 óbitos, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Em relação a 2022, houve um leve aumento no número de casos, porém bastante redução nos óbitos. Foram 32 casos e 6 óbitos em 2022.

No Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de saneamento e à alta infestação de roedores infectados.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou um aumento significativo nos casos de leptospirose nos últimos anos.

A doença é transmitida principalmente pela urina de roedores e outros animais domésticos ou silvestres infectados, que contaminam as águas de inundação e expõem as pessoas a riscos.

Segundo o médico veterinário Raphael Castro, o agravamento da contaminação em épocas de chuvas se dá devido aos alagamentos e enchentes, associadas às condições inadequadas de saneamento.

“As chuvas podem contribuir para maior ocorrência de leptospirose na população por levar a bactéria (Leptospira spp) ao contato com as pessoas, que pode ficar abrigada nos rins de diversos animais, principalmente de ratos (camundongos, ratazanas ou rato do telhado). Cães, gatos, bovinos, equinos e outros animais de produção também são reservatórios para essa bactéria”, informa o docente do curso de Medicina Veterinária da Estácio.

Ratos não tem a doença, mas espalham as bactérias

O médico ainda explica que, nos ratos, a doença não ocorre, mas eles disseminam as bactérias através da urina, contaminando a água, o solo e até mesmo alimentos. “Nas cidades, eles habitam as tubulações de esgoto e de águas pluviais, terrenos baldios ou sem limpeza ou com entulhos, abrigos próximos às residências ou em seu interior, telhados, e diversos outros locais, principalmente se houver oferta de alimentos acessíveis. Como o controle populacional desses animais não é um trabalho simples, podemos facilmente observar áreas urbanas onde sua população é bastante elevada, como os centros comerciais e as periferias das cidades. Nessas localidades, o acúmulo de lixo serve de atrativo por representar fonte ou oferta de alimentos ou abrigo, contribuindo para a concentração desses animais nessas áreas”, destaca o profissional.

Estar em contato com a água proveniente de alagamento fragiliza as barreiras cutâneas dos seres humanos, diz o médico veterinário, facilitando a penetração da bactéria causadora da leptospirose, mesmo sem qualquer lesão de pele. “Uma vez que a bactéria penetra em nosso corpo, ela pode demorar até 30 dias para causar os primeiros sintomas, porém, isso ocorre de 5 a 14 dias em média. Os quadros clínicos variam de formas leves até fulminantes. Cerca de 90% dos infectados iniciam com manifestação abrupta de febre, seguida por dores de cabeça, dores musculares, perda de apetite, náuseas e vômitos. A leptospirose pode ser confundida com muitas outras doenças e a suspeita precoce e o rápido diagnóstico favorecem o sucesso no tratamento, por isso a importância de se procurar imediatamente uma unidade de saúde, caso surja algum dos sintomas, principalmente se houver histórico de contato com água potencialmente contaminada”, destaca o médico.

Cuidados e prevenção

A orientação é evitar o contato com a água suja e se após esse contato forem manifestados sintomas como febre, dor de cabeça, dor muscular, falta de apetite e náuseas ou mesmo vômitos, a pessoa deve procurar um posto de saúde ou uma unidade de pronto atendimento.

Raphael Castro ressalta que além dos cuidados com a higiene e limpeza que cada pessoa tem que ter, o poder público também deve estar atento à coleta regular de resíduos sólidos urbanos e sua destinação ou tratamento sanitário adequado; à capina ou limpeza de terrenos baldios, praças, imóveis abandonados ou qualquer outro ambiente que oferte abrigos aos roedores; à limpeza constante das vias públicas, bueiros, tubulações e galerias de águas pluviais, para uma adequada drenagem das águas das chuvas; à limpeza de córregos, ribeirões ou outros leitos, que devem ser feitas previamente ao período chuvoso; entre outras ações.

Segundo a SES, o Maranhão possui uma Sala de Situação de Desastres para monitoramento desses casos e que, por conta das chuvas, as doenças mais associadas a este período são arboviroses, doenças diarreicas agudas, leptospirose, além do ataque de animais peçonhentos, cujos registros também são enquadrados como doenças hídricas.

Dicas de prevenção

1 – Evitar entrar em contato ou permanecer por longo período em águas de alagamentos, transbordamentos ou enchentes;
2 – Manter quintais e terrenos limpos, livres de entulhos, limitando as oportunidades para que os ratos façam abrigo e formem colônias;
3 – Armazenar e descartar o lixo doméstico em locais protegidos e longe do alcance de animais, inclusive de seu acesso por roedores;
4 – Acondicionar a alimentação dos animais domésticos, como cães e gatos, em locais protegidos e não deixar ração em excesso nos vasilhames de alimentação destes animais, evitando serem utilizados como alimentos pelos ratos;
5 – Higienizar previamente embalagens de alimentos enlatados, engarrafados ou envasados, pois podem ter sido expostos a condições que tenham permitido o acesso de ratos nesses espaços.

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