A funcionária pública Iracema Amorim, de 58 anos, enxergou, há um ano, uma oportunidade de empreender. Ela produz bonecas pretas a partir de materiais recicláveis, como o papelão, além de sobras e recortes de tecidos. Iracema fez parte dos 90 empreendedores que participaram da Expo Favela Innovation, evento realizado nos dias 14 e 15, no Centro de Convenções do Multicenter Sebrae, na capital maranhense.

“Decidi participar da Expo Favela, por ver o evento como uma oportunidade de vender meus produtos, ter aproximação com outras empresas, e quem sabe participar de palestras sobre temas ligados ao empreendedorismo, porque este é mais um dos meus objetivos”, informou Iracema. Na Expo Favela, o público teve a oportunidade de participar de palestras, workshops, exposições, de rodadas de negócios, mentorias, debates e diversas outras iniciativas de (e para) moradores de comunidades periféricas.

Nos dois dias de evento, o Sebrae esteve presente com um stand para atendimento a pessoas que já têm negócios ou desejam iniciar a própria jornada empreendedora.“Vejo um grande potencial nos empreendedores de áreas periféricas do nosso estado, e o Sebrae está de portas abertas para orientá-los”, declarou Edila Neves, diretora de Administração e Finanças.

Também esteve na Expo favela, no primeiro dia do evento, o diretor técnico Mauro Borralho, que conversou com os empreendedores que visitaram o stand do Sebrae.

“Estamos oferecendo orientações para os empreendedores, seja para formalizar, para ter seu CNPJ. Dentro do Expo Favela, tivemos uma programação muito extensa, onde o Sebrae foi responsável por três palestras, sendo uma sobre o ‘posicionamento’ dos empreendedores nas redes digitais”, afirmou a gerente de Empreendedorismo Territorial do Sebrae Maranhão, Hildenê Maia.

O lançamento da edição maranhense ocorreu na quinta-feira (14), no auditório principal do Multicenter Sebrae, e reuniu autoridades, parceiros, lideranças e empreendedores das comunidades. O presidente da Cufa no Maranhão, Charles Adaga, ressaltou que o evento dá visibilidade ao trabalho de startups de favelas e dessas comunidades, promove discussões e criando oportunidade para os moradores de áreas vulneráveis. É o “empurrãozinho” que todos precisam e merecem. “O objetivo da Expo Favela é o de conectar pequenos negócios da favela, de territórios quilombolas e indígenas, com os grandes empresários e o ambiente de negócios”, disse Charles.

DADOS

Neste ano, o Data Favela divulgou os dados de sua mais recente pesquisa que traz um raio-x das comunidades em todo o país e mostra quais os sonhos da população destes locais. De acordo com as informações apresentadas, o maior sonho profissional dos moradores da favela é empreender, conforme 35% dos entrevistados.

Ainda de acordo com o estudo, se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o 3º maior do Brasil em população. São estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas, o que engloba 17,9 milhões de moradores. Desse total, 5,2 milhões já empreendem, 6 milhões sonham ter um negócio próprio e 7 em cada 10 pretendem abrir o empreendimento dentro da favela. Apesar dos números expressivos, apenas 37% dos empreendimentos nas comunidades são formalizados e possuem um CNPJ.