Empreendedorismo

Quebrando barreiras do mercado

O IBGE aponta que pessoas negras são maioria no Brasil e também, maioria à frente de um negócio.

Luzslaid dos Santos Barbosa, 48 anos, Diretora Nacional de Vendas da Mary Kay. (Foto: Reprodução)

Empreender é difícil para qualquer pessoa. Além do capital, precisa ter coragem, perseverança e claro, capacitação e conhecimento do ramo no qual vai atuar. Porém, para uma pessoa negra, esse caminho pode ser um pouco mais tortuoso.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que pessoas negras são maioria no Brasil e também, maioria à frente de um negócio – 51%. Dados do Sebrae indicam que, a cada 100 adultos, 40 empreendem e entre esses, a maioria microempreende e são negros ou pardos.

Enquanto um nicho de grandes empresários é fruto de estudo em boas escolas, herança dos negócios de família e oportunidades diversas para alcançar autonomia financeira com seus empreendimentos, o empresariado negro, em sua imensa maioria, inicia por necessidade – cerca de 46% – e o fator ‘conhecimento da área’ veio após avançarem financeiramente.

O acesso ao capital e dificuldades para estabelecer uma rede de contatos pela falta de conhecimento – da área ou de pessoas influentes – estão entre as barreiras enfrentadas pelas pessoas negras, ao empreender.

Uma estratégia dos negócios criados por pessoas negras é trazer respostas às demandas desta população que são ignoradas pelo mercado, segundo aponta pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

São, principalmente, negócios no ramo da beleza e da moda, voltados para o público negro e atento às suas características, que surgem como empreendimentos desta parcela da população.

Por meio da internet, que facilita a divulgação dos negócios, têm surgido produtos e serviços em ramos como saúde, tecnologia da informação, alimentação e outros, a partir da criação de startups e plataformas específicas.

Mas, ainda é bem pouco, se forem considerados os fatores sucesso e disseminação do negócio. Conta-se nos dedos empreendimentos de êxito e duradouros, que sejam iniciados ou liderados por pessoas negras.

Requinte e sensibilidade

Chef gastronômica Célia Rossetti. (Foto: Reprodução)

Reconhecida na gastronomia maranhense, Celia Rossetti traz o peso de um nome que se tornou uma grande marca neste segmento. Credibilidade, confiança e requinte permeiam o empreendimento que agrega o Buffet Rossetti e a delicatessen Rossetti.

Ela é a mente criativa por trás do negócio. Chef gastronômica com vasta experiência e que apresenta a cozinha multicultural internacional, Célia Rossetti se consolidou como uma das principais profissionais do ramo no Maranhão.

São a marca do negócio sua inventividade ao combinar ingredientes e a busca na criação de experiências gastronômicas que encantam e aguçam as sensações. Em seus mais de 15 anos de trabalho e aprendizado, a Célia Rossetti fez da marca Rossetti uma das maiores referências em sabor, qualidade e elegância da gastronomia local.

A Rossetti representa a fina gastronomia e é uma das marcas mais proeminente e requisitada no ramo gastronômico. Como bem coloca em sua plataforma na internet, a Rossetti segue “transformando ingredientes em arte”. 

“Estes mais de 15 anos de experiência nos ensinaram que cozinha e criatividade andam juntas. Construí uma marca que muito me orgulha por ser uma referência de know-how, credibilidade e confiança, conquistadas com muita eficácia no que fazemos e nos propomos a oferecer à nossa clientela. É mais que um negócio gastronômico. É um estilo de comer, de saborear, de degustar. Fruto de muita competência e de muito trabalho para hoje, termos essa marca que, seja onde for pronunciado, o nome Rossetti é visto como sinônimo de qualidade e requinte”, pontuou a chef Célia Rossetti

Mesmo atuando em um nicho reconhecidamente segmentado, Célia Rossetti defende a democratização da gastronomia.

“Fazer esse nicho se ampliar e chegar a mais pessoas. Neste segmento tenho duas batalhas, que são a prova constante do talento e da eficiência e as bandeiras feminina e negra. Minha empresa é de essência feminina, na qual a grande base são as mulheres negras. Sei de onde vim e reconheço meu alcance. Compreendo que, estar onde estou é fruto de muito trabalho e quero que isso reverbere. Quero levar essa mensagem e ampliar essa conquista. Entendo que, a passagem por esta terra não tem valor se eu não puder mudar e transformar a vida das pessoas”, observa.

Perseverança e sucesso

Apesar das barreiras, é importante seguir em frente e apostar em si e em suas convicções. É o que pensa Luzslaid dos Santos Barbosa, 48 anos, Diretora Nacional de Vendas da Mary Kay e que há 13 anos está neste ramo.

“Já conquistei uma excelente remuneração mensal, fui contemplada com cinco carros rosa pelo meu alcance de vendas, obtive muitas viagens ao redor do mundo e conquistei crescimento nessa carreira”, afirma ela, que também é graduada em Educação Física com pós em Gestão Educacional.

“Como Diretora Nacional de Vendas Independente da Mary Kay tenho oportunidade de representar, aprender e me desenvolver por meio da marca que represento. O protagonismo dos negros é importante. Termos consciência de quem somos. A maior conquista é ser ponte de informação para que outras pessoas possam empreender e alcançar seus objetivos. Tenho muito orgulho em ser mulher e negra, com uma representatividade que considero significativa para muitas outras mulheres”, frisou Laid Barbosa.

Vale uma informação: para ganhar o tão desejado carro rosa da marca, o diretor representante, junto à sua equipe, precisa alcançar determinada meta. Esta conquista é reconhecida com o carro cor-de-rosa, que fica com o diretor.

“Precisa ter êxito no desenvolvimento de equipe e no volume de vendas para chegar ao carro rosa, maior referência de êxito concedido pela marca”, explica. Laid já bateu esta meta cinco vezes.

Atitude e confiança

Empresária no ramo de joias, Eubenilma Cadete Lima, de 37 anos. (Foto: Reprodução)

Empresária no ramo de joias, Eubenilma Cadete Lima, 37 anos, fez da sua vitória uma extensão de apoio a outras pessoas, que, iguais a ela, vislumbram um futuro melhor.

“Nunca desisti, mesmo diante das dificuldades. Já fui vítima de golpes, assalto, doenças e muitas humilhações. Mas, o que me mantém firme é a certeza de que sou capaz. Tive muitas conquistas ao longo desses anos de muito trabalho e isso me recompensa. Minha história é de muita superação, e também, de muitas vitórias”, afirma Nilma, como gosta de ser chamada na área de trabalho.

No ramo bastante segmentado de jóias, Nilma se consolidou e garantiu autonomia financeira. Com este avanço, conseguiu entrar na faculdade para cursar Nutrição e pretende ainda cursar Psicologia. Conquistou bens financeiros em médio prazo, a exemplo de carros, cassa própria saindo da área periférica para área nobre e estende estas conquistas à família, aos quais é sempre um apoio firme. 

“Consegui proporcionar o avanço na educação de muitos familiares meus, dando-lhes as condições para a formação superior. Isso me emociona e me alegra, pois, a educação é para a vida, ninguém tira de você. E esse conhecimento é que garante que possamos ir além e vencer”, enfatiza Nilma.

Ela aponta que as barreiras devem ser vistas como desafios a serem enfrentados com confiança, perseverança e claro, muito conhecimento. “Precisamos quebrar paradigmas e questionar o sistema todos os dias. Sempre reforçar a essencialidade das ações para inserção do negro na sociedade, meio dos negócios e ser à frente pela igualdade, aos direitos e uma vida com dignidade”, frisou.

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