descaso

Túmulos abandonados são uma realidade frequente

Falta espaço para os que chegam, sobra esquecimento para os que se foram

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A única certeza que se tem na vida é a morte. Independentemente da cultura ou religião, se sabe que o fim de um ciclo se encerra com o descanso da alma e por isso, ao longo de gerações, os costumes deram um local apropriado ao corpo.

Sejam as construções de eminentes pirâmides para os egípcios, cremação em um barco como na cultura nórdica ou colocação em uma caverna como em culturas pré-históricas, o destino dos mortos era, além de um sinal de respeito, a afirmação de querido agora descansaria em paz.

No Brasil, assim como em vários lugares da região ocidental do planeta, o ritual funerário se encerra com a colocação do corpo em um túmulo abaixo da terra ou em gavetas construídas em um espaço dos cemitérios. O que não costuma acontecer em muito dos casos é a preservação deste espaço depois que passam os momentos de homenagens e lembranças pelo ente querido.

São Luís, por exemplo, tem como um dos principais problemas a superlotação de cemitérios públicos, contrastando com o alto índice de abandono de jazigos, que chegam a vinte ou até trinta anos sem que haja regularização.
Um exemplo é o Cemitério do Gavião, um dos mais antigos da capital, inaugurado em 1855 e que possui 17 mil sepulturas, mas que apresenta cerca de 40 por cento desse espaço em abandono por parte dos proprietários de jazigos, que há muito deixaram as pessoas que já se foram apenas na lembrança.

A reutilização do espaço

São Luís dispõe de nove cemitérios públicos. Além do Cemitério de São Pantaleão (Gavião), existem os do Turu, Vila Embratel, da Vila Maranhão, Tibiri, do São Cristóvão, da Santa Bárbara, do Maracanã e Anjo da Guarda. Para tentar manter a preservação dos túmulos e garantir os espaços para novas vagas, a reutilização dos que estiverem abandonados é essencial atualmente, segundo conta Maria Helena Damous Estrela.

“Tem uma boa parte em todos os cemitérios de túmulos abandonados, tem os que são adquiridos, ou seja, comprados, e tem os que são reconduzidos, apenas ocupados pela família, muitas vezes, com um só sepultado. Para a gente fazer essa reutilização, que seria em um prazo de dez anos, fazemos uma triagem com as famílias que vêm à procura de espaços e, a partir de busca por parentes que estão enterrados em alguns desses cemitérios, é feita a regularização deste túmulo abandonado, passando a não ser mais desocupado, mas que deve ser adquirido pela família”, explica Maria Helena.

Encontrando na árvore genealógica

A administradora do Cemitério do Gavião destaca que, a partir da gestão pelo poder público dos cemitérios, o atendimento ao público foi aprimorado, assim como o esforço para diminuir o quantitativo de espaços inutilizados nos cemitérios por conta do abandono de túmulos. A partir da possibilidade de reocupação de sepulturas apenas com dados que tracem uma ligação consanguínea ou de parentesco próximo, e até distante com a pessoa que ocupa o espaço, mobiliza essa condição.

Para quem não tem túmulos na família, o processo é um pouco diferente, como conta Maria Helena. “Se a pessoa nunca teve um túmulo, e tiver algum disponível, é preciso realizar um cadastro da pessoa que irá ficar responsável por ele, pagar uma taxa anual e obrigatória, e a taxa de sepultamento no primeiro momento. Então, esse túmulo pode ficar cinco anos como reconduzido, que é só ocupado, e deve ser assinado um termo que ao final deste tempo serão retirados os restos mortais e ter um destino para levar, e desocupar de novo o terreno”.

No caso de alguma sepultura abandonada, em que haja restos mortais sem que alguém os reivindique, o destino destes seria o ossuário desativado no Turu. Mas, segundo Maria Helena, isso nunca aconteceu.

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