CASO LUDMILA

“Ele não conseguiu finalizar o que ele tentou”, diz advogada

O caso ocorreu na noite do último sábado, dia 11. O agressor pagou fiança para ser liberado e está foragido até agora

A advogada Ludmila Rosa Ribeiro, agredida pelo ex-companheiro, Lúcio André Silva Soares, veio a público na noite desta quarta-feira, dia 15, durante transmissão ao vivo nas redes sociais do Presidente do Sindicato dos Advogados do Maranhão (SAMA), Mozart Baldez. O caso de violência doméstica ocorreu na noite do último sábado, dia 11. O agressor, irmão do prefeito de Pinheiro, espancou Ludmila dentro do carro, no caminho entre um restaurante localizado na Lagoa da Jansen e a casa da vítima, na Cohama. Lúcio André foi liberado após pagar fiança de R$ 4.685,00.

Segundo a Delegada Wanda Leite, da Delegacia da Mulher, Lúcio André Silva Soares continua foragido, mesmo após a Justiça ter determinado sua prisão preventiva. Apesar do medo de não poder sair de casa sob ameaças de morte e do trauma sofrido, Ludmila Ribeiro demonstrou força e apoio a outras vítimas de violência doméstica. “Eu ainda estou um pouco traumatizada, com muitas dores, mas também não posso me calar, não posso deixar cair no esquecimento, porque eu não vou esquecer, e da mesma forma eu sei que muitas mulheres passam por isso e não esquecem o que acontece”, disse a advogada.

Ludmila Ribeiro fez, também, um apelo à Segurança Pública em relação aos cuidados e procedimentos com mulheres vítimas de violência de gênero. A advogada contou que, na ocasião da denúncia, além da demora, os servidores da Delegacia de Plantão do Cohatrac não estavam aptos para receber casos de violência doméstica, e que o Delegado Valber do Socorro Andrade Braga, responsável por conceder o alvará de soltura após pagamento de fiança, foi “bondoso” com o agressor. “Eu peço pra mesma polícia que facilitou, que soltou [Lúcio André], o mesmo delegado que teve a bondade de arbitrar apenas R$ 4 mil reais pra um empresário que ganha muito bem […] que eles procurem, achem e permitam que eu tenha um pouco de paz”, suplicou.

Misto de medo e enfrentamento

De acordo com testemunhas e com a própria vítima, o agressor disse que mataria Ludmila Ribeiro. As ameaças, somadas ainda ao sumiço do empresário, resultam num estado de temor. “O sentimento de ser agredida continua, que é o de medo. Eu tenho medo de a qualquer hora sair da minha residência e encontrar em qualquer lugar. Pode ser que ele surte novamente, e pode ser que eu seja agredida novamente, que eu vire mais uma estatística”, relatou a advogada.

“Ele não conseguiu finalizar o que ele tentou, porque a todo momento ele falou que ia me matar. O sentimento de medo do dia que aconteceu perdura até agora, porque a polícia soltou e agora não consegue achar. Então é um sentimento de impotência, que talvez o que eu tenha feito, minha atitude de ter coragem de ir prestar depoimento, finalizar um flagrante, não tenha valido tanto a pena”, disse Ludmila.

Apesar da sensação de medo, Ludmila Ribeiro falou às mulheres vítimas de violência doméstica. “Eu entendo que muitas mulheres ficam caladas por medo de represália, ou então por depender economicamente, moralmente, sentimentalmente de algum homem. Então o conselho que eu dou é que essa onda de violência tem que ter um fim. Essa corrente tem que ser quebrada em algum momento”, relatou a advogada que já havia sido vítima do ex-companheiro no ano passado, enquanto estava grávida.

“Todas as mulheres precisam tomar essa decisão e, se for possível denunciar, buscar ajuda de familiares, de pessoas que entendam, dos advogados, das comissões de violência contra a mulher, da própria delegacia da mulher, da casa da mulher, procurar algum meio que cesse essas violências, porque normalmente acontece a primeira vez, como aconteceu comigo, aconteceu a segunda, e a gente não pode permitir que isso se perpetue, porque a tendência é piorar”, finalizou Ludmila Ribeiro.

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