“Não cabe à população julgá-la, e sim ajudá-la”, diz delegada sobre mãe de Alanna
A Delegada do Departamento de Feminicídio, Viviane Azambuja, comentou a culpabilização de Jaciane Pereira, mãe de Alanna, pelo crime bárbaro que ocorreu na última quarta-feira
Robert Serejo, até ontem o principal suspeito de ter matado Alanna Ludmila, foi capturado na tarde deste sábado, 4, pela Polícia. Mesmo após ter confessado a consumação do estupro, asfixia e ocultação do corpo da menina sem ajuda alguma, o tribunal das redes sociais segue apontando a mãe de Alanna, Jaciane Pereira, como principal culpada pela morte da filha. Os crimes: o relacionamento com Robert e sua ausência na casa onde o assassinato ocorreu.
A Delegada Viviane Azambuja, do Departamento de Feminicídio da Polícia Civil e uma das responsáveis pela investigação do crime, pontuou que a culpa acaba sendo direcionada à mulher. “Sempre as pessoas procuram a culpa na mulher. Ninguém se coloca no lugar da pessoa para saber o que de fato aconteceu”, disse a Delegada.
O assassino de Alanna, Robert Serejo, não possuía nenhuma passagem pela polícia. De acordo com informações divulgadas durante a coletiva de imprensa que ocorreu na tarde deste sábado, 4, Jaciane Pereira havia se separado há cerca de dois meses, mas ainda possuía vínculos com Robert, com quem tem outro filho. No dia do crime, a mãe deixou a criança, irmão de Alanna, na casa dos avós paternos e foi para a entrevista de emprego. Foi assim, de acordo com a polícia, que o assassino soube que a menina estaria sozinha em casa.
“É claro que vão sempre aparecer pessoas para culpá-la porque botou um homem dentro de casa, culpá-la porque deixou [Alanna] sozinha. De fato, é complicado deixar uma criança só, mas quem sabe o desespero que se passava pra essa mãe? Ela precisava trabalhar, precisava colocar dinheiro dentro de casa. Apesar de estar separada, ainda mantendo um relacionamento com o Robert, pelo que a gente entendeu a intenção dela era cortar o vínculo, então ela precisava se sustentar, precisava de um emprego”, comentou a Delegada Viviane Azambuja.
Boatos
A família de Alanna teve, ainda, que lidar com boatos que circulavam pelas redes sociais. A dor de enterrar a garota de dez anos na manhã deste sábado, enquanto o principal suspeito ainda estava foragido, foi multiplicada. Boatos de que a mãe teria envolvimento com o crime e uma foto do tio de Alanna, Jefferson Pereira, de mãos dadas com a menina, com indicações de que ele seria o assassino, foram disseminados em massa na internet. Por conta da revolta de populares, a família teve dificuldades em acompanhar o velório da menina. Todos os boatos foram negados pela Polícia.
“Ela [Jaciane Pereira] vai precisar de ajuda. Psicológica, inclusive. Ela é uma mãe que perdeu uma filha, ela está sofrendo muito. Então não cabe a mim e nem à população julgá-la, e sim ajudá-la no que for possível”, finalizou a Delegada Viviane Azambuja.