CRISE TUCANA

Incerteza paira sobre o comando do PSDB do Maranhão

Circula nesta sexta uma certidão com o brasão dos tucanos, expedida direto do sistema do partido, cujo texto reforça a tese de que Rocha ainda não é filiado e, portanto, não poderia comandar o partido no Maranhão

Foto: Reprodução

Uma nuvem de incerteza paira na cadeira de presidente do PSDB do Maranhão. Brandão, destituído por força da articulação política, teria que dar lugar ao senador Roberto Rocha, recém filiado. Porém, em política, nada é simples assim. E um ingrediente jurídico inflamável surgiu no intuito de tornar ilegítima a autoridade de Rocha sobre o comando do ninho tucano.

Aos fatos. Há uma semana, a cúpula nacional interferiu no estadual e derrubou o presidente, vice-governador Carlos Brandão. A carta de intervenção foi assinada no último dia 1°, pelo então presidente, senador cearense Tasso Jereissati, conforme confirmou O Imparcial com exclusividade no último sábado. A ideia foi golpear Brandão e entregar o partido ao senador, recém filiado, Roberto Rocha.

Tasso Jereissati, presidente nacional do PSDB, e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin abonaram a filiação do senador maranhense. Foto: Divulgação

Mas uma reviravolta mudou o cenário. Tasso perdeu a queda de braço com o senador Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB nacional, e deixou o comando da legenda.  Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo, assumiu, sob as bençãos de Aécio. Para piorar os planos de Roberto Rocha, uma incerteza jurídica foi levantada pelo grupo de Brandão e botou lenha na fogueira. “A filiação de Roberto Rocha não consta no sistema do PSDB e, portanto, ele não pode despachar como presidente”, informa a assessoria de Brandão.

Circula nesta sexta uma certidão com o brasão dos tucanos, expedida direto do sistema do partido, cujo texto reforça a tese de que Rocha ainda não é filiado e, portanto, não poderia comandar eleição de diretório ou participar da Convenção Nacional. A consulta foi realizada no dia 9 de novembro, às 22h. Com isso, não se sabe se a Convenção Estadual, programada para este sábado, irá acontecer ou terá validade, já que Rocha a tinha cancelado nesta semana.

Trata-se de uma forma de resistência do grupo de Carlos Brandão, que não reconhece a interferência nacional ao partido. Roberto Rocha e equipe se dizem tranquilos. Asseguram que a carta de filiação está assinada e foi reconhecida pelo, agora ex-presidente, Tasso Jereissati. Estar no sistema ou não, é um detalhe que não atrapalha os planos do senador em comandar os tucanos no Maranhão.

Certidão diz que Roberto Rocha não é filiado ao PSDB

O fato é que, de novo, a política pode mudar o jogo. Aécio é próximo a Brandão e ambos ligados ao grupo que quer o senador José Serra candidato a presidente. Rocha é ligado a Tasso e ambos se comprometem com a pré-candidatura de Geraldo Alckmin ao Palácio do Planalto.

Com Aécio e Goldman dando as cartas, a simpatia é por Brandão, que é também um voto garantido para o mineiro na Convenção de dezembro. Porém, cautela: isso não quer dizer que um novo tapetão vem por aí. As chances de Goldman, dono da caneta, acatar a filiação de Rocha existem, mas não seria definitiva. No mínimo, uma guerra jurídica se inicia, repleta de incertezas.

A CRISE DO PSDB NO MARANHÃO

Rocha candidato

O sonho de Roberto Rocha é ser governador do Maranhão. E ele não conseguirá sem se candidatar por um partido forte. Isolado no PSB, retornou ao PSDB pisando no tapete vermelho estendido por Tasso e Alckmin. E agora quer a legenda longe do governador Flávio Dino e do PCdoB.

Brandão quer Flávio

Vice-governador prestigiado, Carlos Brandão luta para manter o casamento entre democratas e comunistas. E quer revalidar a aliança vitoriosa em 2014. Para isso, precisa ter as mãos no leme do barco tucano. Isso é importante tanto para o projeto de reeleição de Flávio, quanto para a carreira política de Brandão. Sem o comando do PSDB, ele perderia força para ocupar lugar estratégico em uma futura aliança.

Madeira precisa de musculatura

O ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, um tucano tradicional e respeitado, perdeu espaço na legenda após deixar a prefeitura e se afastar do governo Flávio Dino. Se sentindo desprestigiado, rompeu com os comunistas e passou a fazer oposição a Brandão, dentro do partido. Encontrou em Roberto Rocha um aliado. Para ele, Brandão não tem história dentro do PSDB e, por isso, não deve comandá-lo. Hoje, encampa o projeto de retomada da legenda ao lado de Rocha. Foi, inclusive, o autor da representação que pediu o afastamento de Brandão.

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