Política

Disputa interna pelo futuro do PT

Apesar de resolução favorável ao apoio à reeleição de Flávio Dino, petistas já começam a estudar alternativas caso não consigam espaço nas eleições majoritárias

Foto: Reprodução

Devido às suas várias correntes internas, o PT do Maranhão mais se parece uma “colcha de retalhos”. E a missão da Executiva Estadual é uma só: unir a legenda internamente para se fortalecer visando às eleições de 2018. Mas, apesar de parecer algo simples, já que o PT possui hoje uma resolução favorável à reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB), as lideranças do partido fazem um esforço imenso para que as diferenças ideológicas não interfiram no projeto inicial. Pelo que apurou a reportagem do jornal O Imparcial, os remendos da tal “colcha de retalhos” começam a se rasgar.

A situação interna do PT motivou uma videoconferência, na semana passada, entre dirigentes estaduais e a presidente nacional do partido, a senadora Gleisi Hoffmann. Este diálogo, especificamente, serviu apenas para confirmar a posição da Executiva Estadual em apoiar Dino em 2018 conforme consta na resolução atual do Partido dos Trabalhadores. Mas, para isso, é preciso algo em troca: a participação da legenda nas eleições majoritárias do ano que vem.

O PT não esconde que esteja pleiteando ser vice na chapa de Dino ou ter até um candidato próprio para o Senado. A informação não é novidade para Gleisi Hoffmann, mas, mesmo assim, ela pretende acompanhar o desenrolar dos fatos. O que ela quer é única e exclusivamente afinação dentro da legenda maranhense.

“Ela queria saber como está a situação do partido aqui. Informamos que temos uma resolução para a eleição do governador Flávio Dino e que o PT reivindicará participação na chapa majoritária. Temos uma cultura de respeito às instâncias. Ela vai esperar, mas o Maranhão vai ter um acompanhamento da direção nacional”, afirmou o presidente estadual do PT, Augusto Lobato.

Apesar de o discurso ser o de união a todo custo, o que se percebe é a possibilidade real de haver mais um racha internamente. E os motivos para isso são muitos. O principal deles seria os benefícios práticos da aliança com o PCdoB, uma vez que o temor de alguns petistas é um possível enfraquecimento da legenda devido a algumas ações adotada por Dino.

“Que espaço o PCdoB quer nos dá? Que importância está dando ao PT? Estamos fazendo essa discussão dentro do partido e ninguém está gostando. As bases estão revoltadas, os prefeitos não estão sendo contemplados e isso atrapalha a relação”, disse um dirigente estadual ouvido pela reportagem.

Insatisfação

Nos bastidores do PT, o burburinho contrário a Dino começa a ganhar força. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, dirigentes de algumas correntes estariam insatisfeitos com o governador. Para os descontentes, Dino não estaria tendo habilidade para preservar a aliança com os petistas. A saída de Márcio Jardim da Secretaria de Esporte e Lazer (Sedel) e a nomeação do delegado Lawrence Melo para a Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB) sem a existência de um diálogo prévio com o partido não agradou os dirigentes. Outra situação não muito bem aceita foi a escolha quase que oficial do deputado Weverton Rocha (PDT) para disputar uma vaga ao Senado Federal com o apoio do Palácio dos Leões. Vale lembrar que PT pleiteia um lugar nas eleições majoritárias.

Atualmente, no governo de Dino, além de Lawrence Melo na MOB, o PT conta com outras duas secretarias: a da Mulher, comandada por Terezinha Fernandes; e a de Direitos Humanos e Participação Popular, conduzida por Francisco Gonçalves. O problema é que, tanto Terezinha, quanto Gonçalves, fazem parte da mesma corrente petista: a Articulação de Esquerda, que é a menor tendência da legenda. “Os espaços que o PT tem no governo são por relações pessoais”, destacou um dirigente petista ouvido pela reportagem. Por outro lado, o presidente estadual do PT, Augusto Lobato, defende o diálogo. “Estamos afinados e temos conversado a nível nacional. Vamos dialogar daqui para frente”.

Histórico

O histórico do PT no Maranhão nunca foi de muita coesão. Prova disso é que, em eleições passadas, o partido sofreu até intervenção nacional para apoiar o PMDB da ex-governadora Roseana Sarney. É verdade que hoje as correntes petistas já se posicionaram favoráveis à aliança com Flávio Dino. No entanto, alguns integrantes da legenda não estão vendo tanto esforço do governador em fomentar essa aliança. A resolução defendida por Augusto Lobato é passível de mudanças dependendo da próxima convenção do partido. E isso poderia até levar o PT a uma nova aliança com o PMBD, o que escancararia ainda mais o racha interno. Mas hoje, o discurso é de não haver nenhum tipo “clima” para isso.

“Em 2010, o PT esteve com a Roseana. Em 2014, esteve com o Edinho Lobão. E nós temos hoje uma resolução que aponta para apoiar o Flávio Dino e voltar a fazer uma aliança no campo da esquerda. Temos um calendário e o nosso partido vai decidir isso na convenção. Se os convencionais, lá em maio e junho, definirem que o apoio será para Roseana, o que eu posso fazer? Hoje não tem clima. O partido tem companheiros que defendem candidatura própria, tem companheiros que já declararam apoio a Roseana e nós vamos respeitar sem nenhum tipo de patrulhamento. Vamos cumprir a resolução. Mas, se chegar no encontro e o partido mudar de posição, paciência. Hoje não tem clima para isso”, analisou o presidente estadual do PT.

Candidatura Própria

Caso não consiga espaço nas eleições majoritárias com o apoio de Flávio Dino, o PT pode partir para uma candidatura própria ao governo. O Imparcial apurou que integrantes da corrente CNB – a maior do partido, que agrega cerca de 40% dos petistas – já levantou a possibilidade de que o PT concorra ao governo do estado de qualquer forma. Nesse cenário, o nome que surge é o do deputado Eduardo Braide (PMN). O parlamentar teria demonstrado interesse no projeto, mas, até o momento, houve apenas uma sondagem. O entendimento desta ala do PT é que uma candidatura de Braide é bastante viável e poderia render mais cadeiras na Assembleia Legislativa e Câmara Federal, uma vez que Dino não estaria se empenhando em agradar os petistas.

“Uma candidatura dele [Eduardo Braide] para governo é muito viável. Com o projeto de Braide, podemos eleger três estaduais e dois federais. Seria um cenário bom. Ele achou simpático, mas seria resolvido mais para frente. O cenário é o seguinte: 40% do eleitorado não vota de maneira nenhuma nem em Flávio e nem em Roseana. Há uma avenida para uma terceira via porque o Roberto [Rocha] não tem essa credibilidade tanto com a esquerda, quanto com a direita no Maranhão. Então, há um espaço muito grande para essa terceira via. E o PT pode capitanear essa terceira via”, disse um dirigente petista, que preferiu que seu nome não fosse divulgado.

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