Método de Trump será usado por marqueteiro que participou de campanhas dos Sarneys
Se você preza por privacidade, o big data não perdoa. Seus dados poderão ser utilizados para eleger o próximo presidente do país
Quando o caricato empresário norte-americano Donald Trump indicou interesse em presidir a maior potência mundial, era comum o escárnio. Mas o marketing faz milagres: a empresa Cambridge Analytica literalmente rastreou e escaneou 210 milhões de americanos com abordagens psicológicas e big data (análise de dados) para eleger presidente dos Estados Unidos um dos principais símbolos do conservadorismo atual.
Agora, o método ganha espaço em solos brasileiros graças ao marqueteiro baiano André Torretta, que aos 52 anos associou a empresa Ponte Estratégia, já há duas décadas no mercado, à Cambridge Analytica. Publicitário, André foi um dos responsáveis pelas campanhas de ninguém mais, ninguém menos, que os pmdbistas José Sarney e Roseana, que já confirmou a candidatura ao Governo do Estado.
Em entrevista publicada no El País, Torretta, contrariando o esperado de um marqueteiro, agradeceu à deus o fato de a legislação brasileira não ser tão aberta quanto à norte-americana (que permite a coleta de cerca de 7 mil informações de cada americano): “nos Estados Unidos eles vendem até sua alma”. Por aqui, o marqueteiro comemora os (apenas?) 750 dados que a agência pode coletar dos brasileiros, com informações do Governo e de instituições como o IBGE e Serasa.
O marqueteiro, que adere à filosofia “não estou te enganando, estou apenas entregando o que você quer ver”, disse ao El País que ainda não fechou com nenhuma campanha presidencial, mas já foi sondado por duas nas últimas semanas. Sobre as estaduais, Torretta disse que já trabalha em duas, mas sem citar nomes. Palpites?