PARABÉNS!

Dia do Professor: Mestres nada tradicionais

No Dia do Professor, conversamos com profissionais que aliam o método tradicional de aulas expositivas a atividades lúdicas para que estas facilitem o aprendizado em sala de aula

Foto: Professor Carlos alves em aula

Eles fazem de tudo para cativar seus alunos: cantam, dançam, tocam, compõem músicas e paródias, criam jogos, inventam maneiras de agregar o conteúdo das disciplinas à prática… E o resultado? Todo mundo feliz. O professor, porque conseguiu transmitir o aprendizado, e o aluno, porque conseguiu aprender de uma forma leve e divertida.

O método tradicional ainda existe e vai existir por muito tempo. É aquele em que o professor transmite o conhecimento, privilegiando a quantidade de informação, com fileiras de alunos em sala de aula voltadas ao quadro negro e nas quais os alunos são pouco participativos. Mas alguns professores fogem um pouco desse “padrão”, utilizando suas habilidades para tornar alguns momentos mais prazerosos em sala de aula, empreendendo uma cruzada contra o ensino chato, a desmotivação dos alunos e a frustração.

Esses professores fazem das suas casas uma extensão das salas de aula, pois é nos momentos de “folga” que eles preparam as novidades, as paródias, os jogos, as gincanas. São professores “fora da curva”.
Sabemos que existem milhares deles fazendo papel de destaque em sala de aula. Para esta reportagem, encontramos os professores Carlos Rafael e Ribeiro. Ambos são alguns dos exemplos de amor e dedicação pela profissão. Ambos têm o brilho no olhar quando falam da profissão. Ambos querem fazer isso pelo resto da vida. Incansavelmente.

Professor cantor

Carlos Alves da Silva, de 33 anos, é professor há 7 anos de Sociologia e Filosofia em escolas de ensino médio públicas e particulares, e em cursinho pré-vestibular. Depois de 3 anos dando aulas, ele percebeu que precisaria modificar a metodologia para tornar a aula mais interessante e para que os alunos pudessem participar mais, ter um interesse a mais no conteúdo. Então, ele pensou em criar uma estratégia para fazer uma coisa diferente. Como tem habilidade com o violão e também facilidade para fazer paródias, uniu o útil ao agradável. Para Carlos, é importante inovar, para não ficar na mesmice das aulas pouco atrativas do passado.

“Desde quando comecei a ser professor, sabia que não iria ser do jeito que os meus foram. Essa metodologia foi um sucesso a primeira vez que adotei e é uma das aulas mais aguardadas pelos alunos. Dou o conteúdo que precisa dar em sala, mas aquele que eu considero mais importante que engloba mais conceitos, eu faço adaptação de alguma música já consagrada, encaixo os conceitos e isso fica mais fácil do aluno recordar. Tenho alunos de cursinho que precisam estudar um conteúdo mais rápido e que me encontram depois e dizem que conseguiram lembrar do conceito por causa da música. Os alunos do ensino médio também. Então, esse feedback é bem legal. Prova que dá certo”, conta o professor.

A primeira vez que deu essa aula diferenciada foi no cursinho pré-vestibular. Como era muita gente e com a pressão do Enem, ele pensou em dar a aula de forma descontraída para não ficar maçante e nem cansativa para o aluno. Fez as paródias, distribuiu entre os presentes, pegou o violão e no final de cada bloco de conteúdo começou a mostrar as músicas. O resultado foi um impacto positivo que foi levado para as escolas de ensino médio onde ele já era professor. O pessoal acolheu bem, mas as coordenações das escolas ficaram em dúvida sobre a metodologia. “Eles tinham receio que os pais achassem que eu estava enrolando, mas aí mostrei as letras que continham o conteúdo que estava sendo trabalhado. Eu estava levando o violão, não para perder tempo, mas como um recurso a mais na minha metodologia. Inclusive, alguns coordenadores entravam na sala para ver como era. Então, ficou mais como uma marca registrada”, conta.

Nem todas as aulas são assim, mas as que têm conceitos-chaves viram paródias de músicas que estão no cenário. Artistas e bandas como Legião Urbana, Engenheiros do Hawai, Capital Inicial, Jorge e Mateus, por exemplo, já tiveram suas músicas parodiadas.

O teatro também entra na metodologia. O professor dá os temas e os alunos produzem e apresentam, associando o conteúdo à produção artística. “Às vezes, o aluno vem e traz uma poesia, ou uma composição, aí eu utilizo na aula. O aluno se sente valorizado e incentivado. A gente percebe talentos que às vezes não são percebidos e são revelados ali. Precisamos abrir esses espaços. Principalmente no ensino médio, onde os horários e a convivência são maiores e as turmas menores. Eu, como professor de Sociologia, não posso abrir mão de permitir que eles tenham essa participação dentro dos temas. Não ficar só no monólogo. Só eu falando”, atesta.

Professor José de Ribamar leciona matemática

Atividades lúdicas

José de Ribamar Costa Ribeiro, de 54 anos, conhecido somente como professor Ribeiro, leciona matemática. Tem 30 anos de sala de aula e atualmente ensina no 6º, 8º e 9º ano. Conhecido pelo bom humor e as “tiradas” engraçadas, sua experiência já o fez se emocionar algumas vezes com o carinho dos alunos. Inclusive nesta entrevista, enquanto falava de um depoimento que recebeu, seus olhos marejaram.

Portando, ao invés das famosas pastas do professor, sacolas com vários materiais, é assim que ele chega nas salas de aula, munido de jogos, placas, paródias, provas e trabalhos (claro), e assim, lá se vão 30 anos.
Ele dá aulas de um jeito diferente. Cria jogos, inventa gincanas, competições, peças teatrais. Tudo para deixar a matemática mais atraente. Tirar o estigma do “bicho de 7 cabeças”.
“Comparo com a época que estudei no ginásio e a gente não podia nem fazer pergunta para o professor. Hoje em dia não. Eu faço de tudo para o aluno se sentir à vontade, perder esse medo que as pessoas têm da matemática. Sempre digo que respeito todas as disciplinas, mas a matemática é fundamental. Tem gente que não sabe escrever, mas sabe o básico da matemática”, conta Ribeiro.

Para evitar que o aluno tenha raiva da disciplina, ele vai mostrando na prática como a disciplina é fundamental para a vida cotidiana. No conteúdo de fração, por exemplo, ele, com ajuda da turma, leva um bolo e vai mostrando parte a parte o conteúdo.
Segundo ele, é incapaz de fazer a coisa mecânica. O famoso “decorar as regras”. Primeiro, ele faz alguma atividade, ou dá exemplos na prática para depois mostrar a teoria. Assim, o aluno fixa mais.

“E também tem a pitada de humor. Eu procuro sempre bater papo com eles, me igualar a eles. Dou aula como todo mundo dá: expositiva, atividades, exercícios, mas acho que o diferencial são os jogos, a parte lúdica da coisa. Se ele ficar só fazendo exercício, ele vai acabar rejeitando a disciplina. Com os jogos, ele vai aprender e se lembrar do conteúdo com facilidade”, diz o professor.

Jogos como “Vai Passando”, “dos Balões”, “Vai e Vem”, “Vai Pulando”, “Gincamática”, que englobam responder as questões de forma mais rápida, estimulam o aprendizado e o trabalho em equipe. Quem ganha recebe “premiações” como bombons, pirulitos, e em outros casos, medalhas e troféus, como nos campeonatos. Tudo isso, dentro de sala de aula, envolve todos os alunos.

Apaixonado por futebol e pelo Sampaio, o modelo de campeonato de clubes não poderia ficar de fora. “Tem o jogo que parece um campeonato, onde as duplas são os times de futebol. E tem as fases todas, as chaves, os confrontos. É um campeonato mesmo onde os ganhadores recebem medalhas e troféus e tudo sou eu que compro com meu dinheiro”, aponta.
Pelos alunos dele, os jogos seriam todos os dias, mas nem sempre dá, por causa dos conteúdos. As paródias (músicas do repertório de Xuxa, Chiclete com Banana, Paula Fernandes, Luan Santana) também fazem parte da metodologia do professor, assim como as cantigas de roda.

Mas nem sempre as aulas dele eram assim. O estilo foi sendo aprimorado ao longo do tempo. Ele foi aluno no cursinho dos professores Antônio José (o Manga) e Evangelista e se inspirou neles para descontrair as aulas. Por isso, ele canta, dança, representa em sala.

Em 2003, foi considerado Professor Nota 10, em uma eleição entre professores de 10 escolas particulares. Ele teve 85 por cento dos votos dos alunos.

 

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