Estreia na TV

Diretor de ‘Sob Pressão’ conta como a série retrata a realidade

Andrucha Waddington é um dos sócios da Conspiração Filmes e já trabalhou em “Eu Tu Eles” e “Viva São João” como diretor. “Sob Pressão”, inspirada no filme homônimo, marca a sua estreia na TV

Reprodução

O cinema sempre foi a grande paixão de Andrucha Waddington. Tanto que através de filmes como “Eu Tu Eles” e “Viva São João”, além de campanhas publicitárias, ele consolidou uma carreira de diretor longe da televisão. Mas Andrucha sempre manteve uma proximidade com o veículo de massa. Afinal, é um dos sócios da Conspiração Filmes, produtora que, volta e meia, faz alguma série em parceria com a Globo.

Como por exemplo, “Sob Pressão”, que marca a estreia do diretor na tevê. A produção é inspirada no filme homônimo que Andrucha também dirigiu. “Eu e Jorge Furtado não havíamos trabalhado juntos ainda e está sendo uma ótima oportunidade para realizar esse desejo. O que fazemos é uma produção refinada, cuidada, com drama. O cinema está indo para as séries, que ganharam um espaço muito grande”, avalia Andrucha, citando o autor de “Sob Pressão”.

Séries médicas não chegam a ser uma novidade na televisão, mas Andrucha enxerga um diferencial no produto que dirige em relação a outros similares: o realismo. “Estamos fazendo um material esculpido para a nossa realidade, feito a partir de muita pesquisa de campo. O legal da série é que a gente traz o público para o debate. A ideia não é denunciar, mas fazer um retrato da realidade”, ressalta.

Você dirigiu o filme “Sob Pressão”, de 2016. Como surgiu a ideia da série?

É uma longa história. Existia uma ideia de série criada pela Conspiração que partiu de uma ideia original da Mini Kerti e que estava sendo desenvolvida pelo Claudio Torres, Luiz Noronha e Renato Fagundes, mas que acabou não sendo feita. O primeiro episódio desse material deu origem ao filme, que já recebeu a consultoria do Dr. Marcio Maranhão, autor do livro “Sob Pressão – A Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro”. A partir do longa-metragem, o Jorge Furtado começou a trabalhar no roteiro da série, junto com a equipe de roteiristas formada por Lucas Paraizo, Antonio Prata e Marcio Alemão. Foi um caminho longo, porque essa primeira ideia de série estava engavetada havia seis ou sete anos. Está sendo uma parceria maravilhosa.

Quais as principais diferenças da série em relação ao filme?

O filme abordava apenas um dia dentro da vida de um hospital, sem se aprofundar nos personagens. Era quase um retrato de um plantão. Já a série abre para a vida pessoal dos personagens. Cada um com seus dramas pessoais. Acredito que a saúde pública seja o pano de fundo e o foco principal seja o drama de quem precisa da saúde. A série busca mostrar o retrato da situação da saúde por meio do olhar dos médicos, já que é a partir desses profissionais que entendemos as dificuldades e as formas que eles encontram para lutar pela vida dos pacientes.

Que cuidados foram necessários no “set” para que as cenas de procedimentos médicos ficassem críveis?

Temos a orientação de uma equipe médica coordenada pelo Marcio Maranhão, nosso consultor médico tanto na série quanto no filme.  São médicos que se revezam no “set” de filmagem, porque sempre temos um procedimento ou outro e não só cirúrgico. Às vezes temos um exame, consulta ou atendimento que precisa de uma orientação médica também.

Parte das cenas foram gravadas no Hospital Nossa Senhora das Dores, em Cascadura, no Rio de Janeiro. Como foram feitas as escolhas das locações?

O hospital recebeu 75% das gravações da série. Algumas cenas foram gravadas fora da locação principal, como o julgamento do Evandro (Julio Andrade), por exemplo, que foi gravado na Ilha do Governador. Temos cenas também que acontecem no apartamento do Evandro, no cemitério, em um hospital moderno, entre outras.  Foi durante a nossa pesquisa pela locação do filme que descobrimos o Hospital Nossa Senhora das Dores, que tinha a estrutura perfeita para gravar e que só funciona com 20% de sua capacidade. Eles têm uma grande ala desocupada e a nossa locação não atrapalhou em nada o funcionamento do hospital.

A cada episódio, a série aborda alguns casos de diferentes pacientes. Diante da situação caótica da saúde pública no Brasil, como esses exemplos fictícios dialogam com a realidade?

O Jorge Furtado usa uma frase muito boa sobre a série e se referindo aos pacientes: “Não precisa apresentar o personagem. Ele já chega com seu drama”. Cada paciente entra na emergência com uma história. E, para entrar nesses casos e se aproximar ao máximo da realidade, a gente fez um painel, uma coletânea de histórias que acontecem no cotidiano e cujo debate pela sociedade é de extrema importância. Tem abuso, suicídio, AIDS, destrato, descaso, negligência.  Todos que entram pela porta do hospital viram temas dos episódios.

 

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