Por que os motoristas de Uber estão protestando em São Luís
O assassinato de Edmilson Pimenta no último domingo (6) enquanto trabalhava pelo aplicativo trouxe à tona a discussão acerca da falta de segurança para com os condutores
Esta terça-feira (8) marca o segundo dia em que ruas da cidade de São Luís foram tomadas por veículos de motoristas de Uber que transformaram luto em luta. O assassinato do colega de trabalho Edmilson Pimenta no último domingo (6) – enquanto deixava uma cliente em seu destino – fez com que os condutores se mobilizassem para o problema da falta de segurança que os assola em viagens, seja qual for a hora do dia.
Foram cerca de 150 carros com frases de luto escritas nos vidros que fizeram o percurso na cidade, iniciando em frente ao escritório da Uber, na Av. Colares Moreira, Renascença, onde, segundo Breno Froz, um dos organizadores da manifestação, motoristas tentaram externar suas reivindicações mas não foram ouvidos pelos funcionários. Seguiram para a prefeitura, depois para a Liberdade, onde Edmilson foi morto, e encerraram em frente ao Shopping da Ilha.
Questionado pelo O Imparcial sobre as pautas específicas da manifestação, o organizador relatou que dependem tanto de mudanças na política da empresa como modificações no aplicativo. Uma delas é que o aplicativo passe a mostrar o destino do passageiro antes de o motorista aceitar a corrida – assim, ele poderá escolher se irá se deslocar para aquela área ou não, podendo, assim, evitar situações de risco.
Outra pauta é que sejam exigidos mais critérios no cadastro do cliente. “Para o motorista se cadastrar, ele não pode ter antecedentes criminais, além de precisar de CPF, identificação, documento do carro, endereço e a Certidão Nada Consta”, explica o motorista. “Enquanto isso, para o cliente se cadastrar, basta ter e-mail e endereço. Nem nome, nem foto são obrigatórios”. Os motoristas exigem, ao menos, que nomes verdadeiros e CPF sejam obrigatórios, para que saibam quem irão transportar.
A tecla importante é a questão do seguro. “A Uber assegura a gente só enquanto temos um passageiro dentro do carro”, conta Breno, “depois que encerramos a viagem, mesmo em um local de risco, a Uber não se responsabiliza mais”. A reivindicação é que o seguro continue até que o veículo saia da área de risco.
Em caso de morte, como aconteceu com Edmilson, Breno ressalta a importância do seguro e do ressarcimento à família, já que ele morreu quando se expôs ao perigo durante o trabalho. “A gente quer justiça e que a família receba o que tenha direito”, explica Breno. “Dinheiro não vai trazer nosso amigo de volta, mas vai ajudar muito a família que era sustentada por ele.”
Resposta da Uber
Na segunda-feira (7), a Uber se manifestou em relação ao ocorrido com o motorista Edmilson Pimenta. Em nota, a empresa lamentou o ocorrido, se colocando à disposição para ajudar nas investigações. Questionada sobre possíveis indenizações à família, ela preferiu não se pronunciar.