Assim como Ubers de São Luís, motoristas de aplicativo de Porto Alegre lutam por segurança
A capital gaúcha amanheceu com paralisação dos contribuidores de Uber e 99Taxi; as reivindicações têm muito em comum com as manifestações ocorridas na ilha maranhense
A madrugada desta segunda-feira (14) começou com paralisação dos motoristas de aplicativo na capital do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, onde existem cerca de 15 mil usuários ativos tanto da plataforma Uber quanto da 99Taxi, centenas se concentraram em frente ao Largo da Epatur, na Cidade Baixa, às 8h da manhã, para uma manifestação, e seguiram em carreata pelas ruas da cidade.
José Moraes, presidente da Liga de Motoristas de Aplicativos, explica que a principal reivindicação é a segurança – serem exigidos maiores critérios no cadastro dos passageiros. “Pegamos, por exemplo, quando tu me diz que a empresa faz um cadastro bem feito e coloca um assassino sentado dentro do teu carro. (…) Quem vai prevenir?” questiona o motorista.
As manifestações vieram à tona com a morte de três motoristas de aplicativo na região de Porto Alegre somente nestas duas primeiras semanas de 2019: de Paulo Junior da Costa, de 22 anos, cujo corpo foi encontrado no dia 4 de janeiro; de Antônio Everton Pereira dos Santos, de 21 anos, morto dentro de seu carro na manhã do último dia 10; e de Altamir Espiridão Júnior, de 22 anos, baleado na madrugada desta segunda-feira (22) durante uma corrida.
Segundo a polícia, Altamir está internado no Hospital Dom João Becker, em estado regular. O autor dos disparos está foragido.
De braços dados com São Luís
A paralisação gaúcha reivindicações em comum com a mobilização dos motoristas de Uber da capital maranhense ocorrida nos últimos dias 7 e 8, onde carreatas tomaram as ruas em homenagem a Edmilson Pimenta, morto enquanto trabalhava pela plataforma, e pedindo por mais segurança no aplicativo.
Além da exigência por mais critérios no cadastro dos passageiros, tal como a obrigatoriedade de foto e documento de identificação, segundo Breno Fróz, um dos organizadores dos protestos na ilha, os Ubers de São Luís demandam o poder de o aplicativo mostrar o destino final do passageiro antes de eles aceitarem a corrida, para que eles possam ter a opção de aceitar ir ao local ou não; e seguros, caso algo aconteça com eles enquanto trabalham, como foi o caso de Edmilson.
“A gente quer justiça e que a família receba o que tenha direito”, explica Breno. “Dinheiro não vai trazer nosso amigo de volta, mas vai ajudar muito a família que era sustentada por ele.”
Resposta da Uber
Na segunda-feira (7), a Uber se manifestou em relação ao ocorrido com o motorista Edmilson Pimenta. Em nota, a empresa lamentou o ocorrido, se colocando à disposição para ajudar nas investigações. Questionada sobre possíveis indenizações à família, ela preferiu não se pronunciar.