BOI DE CINZAS

Bairro da Madre Deus dá início ao período Junino nesta quarta

Nesse dia, vários músicos e cantadores de bois já saem pelas ruas do bairro Madre Deus tocando matracas e pandeirões para saudando início do período junino

A.Baêta/OIMP/D.A Press.Brasil. São Luis -MA. Bio de Cinza, brincando nas ruas da Madre Dues e Vila Bessa. (ARQUIVO)

Équarta-feira de cinzas. Fim do carnaval. Hora de descansar para voltar ao trabalho e/ou estudo, voltar à vida normal. Correto? Para muitos, sim, mas para uma turma viciada em cultura popular, é hora de fazer a passagem. A passagem das festas de Momo para a festa de São João. Na capital do Maranhão é assim: quarta-feira de cinzas tem que ter o Boi de Cinzas.

Nesse dia, enquanto muitos ainda dormem, se recuperando da folia momesca, vários músicos e cantadores de bois já saem pelas ruas do bairro Madre Deus e adjacências tocando matracas e pandeirões e saudando o início do período junino.

Este ano, a brincadeira, que começou na calçada de uma padaria do Largo do Caroçudo, comemora 15 anos. Para o produtor cultural Antônio Carlos Tote, um dos idealizadores da brincadeira, a tradição se mantém porque as pessoas gostam de cultura. “Era um dia de quarta-feira de cinzas e a gente estava na calçada, sem fazer nada, já com saudades do carnaval e de toda a folia. Daí surgiu a ideia de pegarmos um boi e sair tocando pelas ruas como se dando o início para o São João. Foi um sucesso e ficou essa tradição”, conta.

Não foi difícil encontrar público. O bairro da Madre Deus é um conglomerado cultural, onde grupos de carnaval e juninos são encontrados em cada esquina e formados em um fôlego. Feito isso, acompanhados do som das matracas e dos pandeiros e de muita alegria, centenas de foliões acompanham a batida característica dos bois de sotaque da Ilha. Sem pressa, músicos e cantadores de todas as partes da cidade se reúnem para reverenciar a abertura dos festejos juninos.

“É uma grande festa em que os cantadores se sentem à vontade para mostrar suas cantorias”, diz o organizador e criador da festa José Raimundo Fontes, o popular Zé Pretinho.

A concentração começa às 7h da manhã, no Largo do Caroçudo (Madre Deus), e segue pelas ruas do Norte, São Pantaleão e Passeio em direção à Vila Gracinha, Vila Bessa, Belira, Codozinho, Lira, Goiabal, retornando no final da manhã para a Madre Deus. “A gente vai parando aqui, ali, na casa de um amigo e assim o tempo vai passando”, comenta o brincante Pedro Leite.

A moradora Josélia Santos diz que o bairro é incrível pela diversidade cultural. Ainda há pouco as ruas estavam tomadas pelos blocos de carnaval, agora já temos o boi, é impressionante”, admira-se.

O Boi de Cinzas não se apresenta na temporada junina. Segundo Zé Pretinho, é o único boi que nasce e morre no mesmo dia. “Nosso boi é só nesse dia, por isso aproveitamos ao máximo essa festa”, diz o músico. Mas a brincadeira se apresenta com grupos de percussão, matracas, pandeirões, tambor onça e um mourão, uma espécie de vara do vaqueiro.

A brincadeira foi criada em 2003, com uma reunião de músicos percussionistas que se sentiam desolados com o fim do carnaval e ansiosos pela chegada do período junino. “É uma espécie de abertura dos festejos juninos. Quando acaba o carnaval, saímos para acordar a comunidade boieira”, comenta ele.

Os músicos do Boi de Cinza são oriundos de grupos diversos de bumba-boi do bairro Madre Deus e adjacentes, mas também tem a presença de percussionistas e cantadores de outros bairros.

 

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