REABERTURA

Com shoppings ainda fechados, lojistas se reinventam para driblar a crise

Para ajudar micro e médios empreendedores, shoppings da capital desenvolveram ações para favorecer vendas, mesmo de portas fechadas

Foto: Reprodução

Os Shoppings da Grande São Luís se preparam para reabrir as portas na próxima segunda-feira (15), após quase 3 meses fechados, como forma de garantir o isolamento social da população e, assim, evitar a proliferação do novo coronavírus. A reabertura do comércio não-essencial vem sendo discutida entre as administrações de cada um dos centros de compras com a Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Energia. Durante todo esse tempo em que ficaram sem operar, lojistas com negócios em shoppings colecionaram prejuízos, fatais para alguns desses negócios.

Leia também: Shoppings da Grande Ilha executam medidas sanitárias para reabertura no próximo dia 15

Foi exatamente o que aconteceu com a empresária Juliana Nascimento, que, em 2017, criou uma empresa que trabalha com tiaras personalizadas, acessórios e laços de cabelo. Até o mês de abril, eram três lojas funcionando. Em maio, Juliana não suportou e precisou encerrar uma das operações, em um shopping da cidade. Com as outras duas ainda fechadas, as vendas ocorrem somente on-line, pelas redes sociais. A contenção de gastos foi inevitável.

Só de pensar me dá vontade de chorar. Estou fazendo tratamento para síndrome do pânico”, revelou a empresária que também foi vítima da doença, da qual já se recuperou. “Não existe estabilidade. Estamos no olho do furacão tentando sobreviver de uma doença aleatória e traiçoeira. Passando por um purgatório, tentando não falir e não morrer”, lamentou.

Reinvenção e determinação

Joaquyles Pereira, proprietário de uma loja especializada na venda de produtos de maquiagem e de beleza em geral, contou que no shopping onde opera teve descontos em taxas, recebeu palestras on-line de especialistas em marketing e apoio para operar delivery e drive-thru. “Não sofri igual outras lojas. Sempre tive boa parte das minhas vendas por meio online, em especial no Instagram, então focamos ainda mais nessa plataforma. Agora estamos nos preparando para reabrir, adotando medidas restritivas”, afirmou.

O mesmo disse Marcelo Corrêa, proprietário de uma franquia do ramo alimentício. Marcelo disse ter ficado satisfeito com a flexibilidade proporcionada por um dos shoppings onde mantém uma das duas unidades. “O shopping foi flexível nas negociações. No primeiro mês, tivemos 50% de desconto no aluguel com prorrogação do vencimento para 2021 e também 30% no valor do condomínio. Nos meses subsequentes, fomos isentos do aluguel, com desconto de 50% no condomínio”, explicou o empresário, que, durante o período, direcionou as vendas para apenas uma das lanchonetes, para entrega por meio de delivery. “Estamos nos preparando para a volta das atividades na próxima semana, quando os clientes poderão fazer a retirada dos produtos no balcão [drive-thru]”, enfatizou Marcelo.

Marcelo Corrêa, proprietário de uma franquia de lanchonetes: facilidades na negociação com os shoppings onde o negócio funciona ajudaram o empreendedor

Auxílio a lojistas

Como forma de reduzir os impactos gerados pela crise, em especial aos pequenos e médios empreendedores com operações em shoppings, as empresas administradoras desenvolveram diversas ações de auxílio durante o período em que as portas estiveram fechadas. O Imparcial entrou em contato com os seis maiores e principais shoppings de São Luís, espalhados por diferentes bairros da cidade, mas obteve retorno de apenas três deles, sobre as facilidades e ações favorecidas em apoio aos lojistas, que pagam aluguel mensal para operar nesses locais. Representantes de shoppings e empresários explicaram como ocorreram as parcerias.

São Luís Shopping

Primeiro shopping fechado da capital maranhense, inaugurado em novembro de 1999, o São Luís Shopping fez uma série de ações buscando dar sustentação a lojistas, que formam o maior ativo do shopping. De acordo com o gerente de marketing, Ígor Quartin, para auxliar principalmente pequenos e médios empreendimentos, foram feitas isenções em algumas taxas; outras foram suspensas, para pagamentos posteriores. A contribuição mensal do condomínio foi mantida, porém, com ajustes severos. “A taxa que a gente não conseguiu isentar nem suspender foi a do condomínio, pois são valores necessários para a manutenção do estabelecimento. Porém, o valor de condomínio sofreu 70% de redução, devido a todo o esforço que o shopping fez, como renegociar ou até mesmo suspender contratos com alguns fornecedores de serviços”, revela o gestor do São Luís Shopping.

Ígor Quartin também comenta que as ações de apoio aos lojistas foram desenvolvidas, ainda, no campo da comunicação, com a publicidade on-line das operações que puderam funcionar. “Buscamos dar bastante visibilidade às operações que estavam autorizadas a fazer delivery e drive-thru, principalmente as do segmento de alimentação. Desenvolvemos algumas estratégias de facilitação do contato do WhatsApp dessas lojas com o consumidor final. No nosso site, há um espaço em que os consumidores têm acesso direto a esses contatos, facilitando essa troca e fazendo com que esse lojista consiga vender os produtos mesmo com as lojas fechadas, devido à pandemia do coronavírus”, enfatiza.

Perfil de consumidores – São Luís Shopping (fonte: ABRASCE)

  • Classe A: 22%
  • Classe B: 45%
  • Classe C: 30%
  • Classe D: 3%

Rio Anil Shopping

Primeiro shopping construído longe dos tradicionais centros comerciais de São Luís, com 10 anos de existência, o Rio Anil Shopping hoje é administrado pela rede brMalls, que, ainda em abril, firmou parceria com o Banco Inter e disponibilizou uma linha de crédito inicial de R$300 milhões aos lojistas, com taxa de 1% a.m., carência de até seis meses para começar a pagar e prazo de 20 anos para quitação.

Para o Dia das Mães e agora, novamente, para o Dia dos Namorados, o shopping lançou a ação intitulada “Ciclo do Bem”, permitindo a compra antecipada de presentes por meio de vouchers na plataforma www.ciclodobemshopping.com.br. O lojista recebe o valor na hora, enquanto o cliente que adquiriu o vale-compras no site tem toda a comodidade para decidir o melhor momento de retirar o produto na loja selecionada. Os sistemas de drive-thru e de delivery receberam apoio de mídia e logística, e devem permanecer além do período de isolamento social provocado pela covid-19. “O nosso drive-thru foi implementado buscando incentivar a multicanalidade de vendas junto aos nossos lojistas. Esse espaço, reforçando a estratégia e necessidade da multicanalidade, será mantido”, atesta Rafael Saldanha, superintendente do Rio Anil Shopping.

Perfil de consumidores – Rio Anil Shopping (fonte: ABRASCE)

  • Classe A: 8%
  • Classe B: 35%
  • Classe C: 44%
  • Classe D: 13%

Shopping da Ilha

Inaugurado em 2011, o Shopping da Ilha, que é administrado pelo Grupo Sá Cavalcante, ressalta que disponibilizou todo apoio às lojas, como, por exemplo, parceria com o Sebrae, oferecendo cursos e consultorias on-line e gratuitas, divulgações nas redes sociais comunicando o serviço delivery e incentivando a compra pelo WhatsApp. Além disso, o shopping diz que disponibilizou drive-thru na Páscoa para o setor de alimentação e a criação de nova funcionalidade no site que exibe ao cliente todas as lojas que estão realizando vendas on-line.

Para minimizar a situação econômica, o shopping concedeu redução de até 50% no valor do encargo comum, isenção na cota de fundo de promoção e propaganda e isenção de aluguel mínimo (exceto lojas com condições contratuais especiais), além de manter canal de diálogo aberto com flexibilidade nas negociações. “Nosso intuito é o de encontrar a melhor solução e realizar negociações para manter as nossas parcerias”, frisa Elirdes Costa, gerente de marketing do Shopping da Ilha.

Perfil de consumidores – Shopping da Ilha (fonte: ABRASCE)

  • Classe A: 19%
  • Classe B: 47%
  • Classe C: 30%
  • Classe D: 4%
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