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Dia do Amigo no Facebook: Quantos amigos de fato você tem?

Hoje, no dia do amigo no Facebook, O Imparcial faz uma reflexão sobre como as amizades estão coexistindo com o mundo virtual. Afinal, quantos amigos de fato você tem?

“Amigo é coisa para se guardar/ No lado esquerdo do peito/ Mesmo que o tempo e a distância digam não”, já dizia o poeta Milton Nascimento lá pelos anos de 1979. Nesses tempos modernos, a relação de amizade ganhou outros espaços na vida das pessoas, entre eles o virtual, onde a rede de amigos ganha proporções bem maiores que a velha turma do bairro de antigamente.

O grande problema dessa evolução nas relações interpessoais é que nem sempre elas são realmente relações, e em diversas ocasiões elas se concentram apenas em números e estatísticas. Por que ter uma rede social repleta de amigos te deixa muito mais popular não é mesmo? Talvez não!

Foto: Karlos Geromy / O Imparcial

É inegável o poder que a rede social Facebook detém sobre as pessoas e sua usabilidade no trabalho, educação e na vida em geral. A importância da ferramenta é tão grande que hoje, 4 de fevereiro, é o Dia do Amigo do Facebook, data que homenageia todos os “amigos virtuais” da rede social mais popular do mundo.

A criação do Dia do Amigo do Facebook é uma campanha da empresa para celebrar o seu aniversário de fundação e foi promovido pela primeira vez em 2016, para celebrar o 12º aniversário da rede social. O Facebook foi oficialmente criado em 4 de fevereiro de 2004, por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin, Andrew McCollum e Chris Hughes.

Muitos usuários da rede, no entanto, não se perguntam se a sua utilização aumenta a rede de amizades ou apenas as distancia de outras pessoas, mantendo o contato apenas pelo meio virtual e deixando o físico de lado.

Rede de amizades aberta

Aceitar solicitações de amizade de pessoas que nem se conhece é muito comum, especialmente para aqueles que querem aumentar a rede de amigos em valores. Para estudiosos, porém podem as relações virtuais prejudicar os relacionamentos reais.

Um estudo realizado em 2009 na Universidade de São Paulo (USP) já indicava que a maioria dos internautas que frequentam as páginas de relacionamento são adolescentes, e as mulheres ficam à frente dos homens nesses dados. O tempo médio de uso ultrapassa quatro horas consecutivas e, segundo especialistas, este excesso pode gerar um transtorno de ansiedade social, um distúrbio que pode ser provocado por longos períodos longe da convivência real da família e de amigos fora da tela.

Foto: Karlos Geromy / O Imparcial

Outro estudo realizado nos Estados Unidos revela que por mais que as solicitações de amizade estejam com tudo, não é possível manter a atenção voltada para uma quantidade gigantesca de amigos. A limitação no cérebro não permite lidar com números elevados e um usuário de uma rede social como o Facebook consegue dar atenção para somente cerca de 120 amigos.

A advogada Aline Caldas tem fácil mais de mil amigos na rede social e vai aumentando a rede de amizades em cada local que passa. Como ela também é professora e viaja por várias localidades, sempre está adicionando novas pessoas de estados e países diferentes. Mas, segundo ela, amizade próxima mesmo tem com menos de um quarto desse mundão de gente.

“O Facebook serve para aproximar as pessoas, especialmente as que moram distantes, mas eu prefiro amizades extrarredes sociais. Eu uso bastante a rede social, até profissionalmente, mas considero os amigos de verdade os que tenho fora. As redes sociais proporcionam relações etéreas, muitas servem apenas para você se inserir socialmente”, comenta a advogada.

Pedidos de amizade incomuns

As pessoas devem ter cuidado com pedidos incomuns de amizade no Facebook, pois a maioria deles são uma farsa, de acordo com especialistas. Segundo o professor de Sistemas de Informação da Universidade do Sul da Flórida, Brandon Gill, as amizades de desconhecidos devem ser vistas com cautela e, em muitos casos, a razão pela qual essas pessoas estão buscando essa amizade é maldosa. Muitas páginas fakes, ou seja, com informações enganosas e geradas querem na verdade roubar informações pessoais.

Em 2012, o Facebook já tinha mais de 8% de perfis fakes, totalizando em torno de 83 milhões de pessoas. Perfis que não publicam muitas fotos de si próprio, nem publicam foto dele com amigos. Fakes, ao contrário dos perfis reais, quase sempre deixam fotos disponíveis para qualquer pessoa e não costumam atualizar informações com frequência. Outros sinais que costumam identificar os perfis falsos é a falta de postagens com amigos sobre que conviveram no dia anterior, semana passada, ou em algum momento da vida.

Porém, nem sempre que uma pessoa estranha solicitar amizade quer dizer que ela esteja com más intenções. Existem amizades que são formadas através da internet que ultrapassam os limites virtuais e se consolidam no mundo real. É o caso de Caio Antônio, de 20 anos, que tem alguns amigos formados através do Facebook e que viraram companheiros de vida. “Eu tenho alguns amigos que iniciei pelo Facebook, e que foram se tornando amigos mesmo. Eu tenho inclusive uma amiga do Rio de Janeiro que conhecia través da rede, que já fui até visitar na sua casa lá. A gente sempre tem os amigos que mantêm o contato e outros que vão se afastando, é normal. Acho que as redes sociais podem agregar muito valor, mas sem uso exacerbado e manter amizade é possível para quem quer”.

A eterna felicidade das redes

As redes sociais, como o Facebook, são responsáveis por outro fenômeno da atualidade, as pessoas demonstram uma eterna felicidade e a vida de todos parece sempre estar perfeita. Segundo especialistas, o desejo por vezes inconsciente de mudar os fatos reais e apresentar apenas o lado colorido da vida faz parte da natureza humana pela necessidade de reconhecimento, porém, o que se cria é um ambiente que não é real.

Um estudo de duas universidades alemãs revelou que mais de um terço dos usuários do Facebook enfrenta sentimentos negativos, como frustração, depois de visitar os perfis dos amigos. Os pesquisadores concluíram que a exposição a cenas explícitas de sucesso e lazer transformou a inveja em moeda corrente na rede social, conduzindo a um clima de insatisfação com a própria vida.

Do outro lado, as pessoas que demonstram que estão felizes a todo o momento acabam retraindo momentos de tensão e preocupação que podem realmente estar passado, deixam de desabafar com os amigos e acumulam consequências psicológicas que podem ser seríssimas.

Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que aproximadamente 121 milhões de pessoas estão depressivas no Brasil. Muitas dessas pessoas chegam nesses extremos por reprimir emoções e não compartilhar com amigos o que as aflige. Segundo especialistas, desabafar em um momento de crise pode ajudar a acalmar a mente, enquanto que a pessoa que guarda muito os problemas para si pode sofrer um desgaste mental e desencadear doenças, como a depressão.

Para a advogada Aline Caldas, a qualidade de amizades formadas através do Facebook, além da necessidade de se mostrar fortes são influenciadores desse quadro. “As amizades virtuais são muito superficiais. Além disso, hoje em dia ninguém quer mostrar tristeza, porque é sinônimo de fraqueza e isso não vende nas redes sociais. Isso influencia que as pessoas fiquem mais reprimidas, não conversem sobre o que realmente está acontecendo, diferente das amizades de antigamente”.

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