SÃO LUÍS

A tendência das foods bikes

As food bikes já chamam a atenção de quem quer montar seu próprio negocio e oferecem além de bom atendimento e visual descolado, comida de qualidade

“Vamos ser empreendedores, por que não dá para trabalhar no serviço privado do jeito que está”, pontua a técnica em segurança do trabalho, Danielle Martins, 32, ao seu marido André, depois que ele ficou desempregado enquanto ela estava grávida do segundo filho. Assim, uma nova tendência em alimentação gourmet que já é sucesso no sul e sudeste do país, começa a desenhar seus caminhos também em São Luís.
Quase todo mundo já viu pelas ruas da cidade uma “bike lanches”, que em sua maioria vende salgados e sucos e fazem sucesso com quem está pela rua e precisa de uma comida rápida. Atualmente não muito comum esse tipo de “lanchonete” itinerante, fez sucesso principalmente dos anos 90 a 2000. Esse meio de empreendimento agora aparece de uma forma mais estilizada trazendo varias opções de comida com qualidade, sendo um negocio rentável a quem aderiu à onda dos food bikes.
As bicicletas apareceram como uma alternativa mais barata, mas também tão lucrativa quanto a moda dos food trucks, que são uma espécie de restaurantes instalados em um espaço móvel, que transporta e vende comida, de diferentes estilos e com variedade de produtos.
Através de um veículo de duas rodas que não precisa de combustível, a adaptação criativa vem aparecendo cada vez mais na cidade e chama a atenção de quem consome.
Mãe do João Henrique, de 8 anos e da pequena Ana Lígia com apenas oito meses, Danielle se juntou ao marido em busca de uma nova fonte de renda para a família, e nas pesquisas por bons negócios, para que pudessem ter um investimento mais em conta, surgiu a ideia da loja sobre rodas, a Doce Momento, que doces artesanais de brigadeiro, amendoim, morango, cappuccino entre outros. Faltava pensar na maneira em que essas delícias seriam comercializadas, então o casal apostou na tendência das bicicletas estilizadas, onde cada doce é vendido por R$ 3 e R$ 5 duas unidades.
“Eu pesquisei bastante nas redes sociais, e vi essa tendência que já estava fazendo bastante sucesso em outros estados, também procurei se já existia aqui e só encontrei uma pessoa com essa proposta, mas que estava parada, então resolvi me aventurar no projeto de vender brigadeiros através desse meio. Com três meses de vendas estou muito feliz com meu negocio”.
A pernambucana Paula Moura, 33, é a pioneira nesse tipo de empreendimento por aqui e trouxe a ideia de Recife, sua cidade natal, onde as food bikes já são conhecidíssimas. Paula conta que nos seis anos em que mora em São Luís, percebeu que um negócio desse tipo inovaria na forma de se observar o comércio de alimentos e não pensou duas vezes. Investiu cerca de R$ 800 comprando uma bicicleta modelo cargueira usada, reformou e a deixou com mais estilo e deu inicio a Delicias da Ilha, vendendo pela cidade biscoitos amanteigados caseiros que ela mesma preparava. “Eu trouxe esse projeto por que sabia que tinha potencial para dar certo aqui, no inicio a bicicleta ficava mais para em um shopping, mais isso ajudou a ganhar certa visibilidade. As pessoas sempre perguntavam muito, pois nunca tinham visto algo assim, até achavam que era franquia”, conta. Com a food bike há mais ou menos um ano e meio, Paula Moura teve que dar uma parada nas vendas itinerantes para priorizar uma loja física que agora tem, mas diz que ainda tem planos de voltar a fazer eventos, e quer ver o negócio mais difundido na cidade. “Eu sempre estava em eventos especiais, ou no São João, porém a demanda que tenho hoje impede um pouco que eu saia, mas fico contente de ver mais pessoas investindo nessa ideia. O importante é ter variedades de produtos”, lembra.
Mas nem só de doces vivem as food bikes. Na onda de alimentação saudável aliada aos exercícios físicos a estudante de enfermagem Juliana Frota, 30, percebeu que poderia unir seu sonho de um dia ter seu próprio restaurante com o de levar uma alimentação mais balanceada para os corredores e atletas da Avenida Litorânea. Ela é proprietária da Bendito Fruto, especializada em sanduíches e sucos naturais, saladas de frutas e varias receitas saudáveis, que além de conter menos calorias se diferenciam em sabor.
“As pessoas costumam ter esse pensamento que comida natural não é gostosa, e eu queria mudar isso, por que dá para comer de forma saudável e muito gostosa. Eu sabia desde o começo da dificuldade que enfrentaria vender comida saudável não é fácil, mas o que percebo é que as pessoas vêm mudando muito a forma de se alimentar”, afirma Juliana. Mas antes de vender comida natural, a estudante de enfermagem teve o cuidado de garantir a qualidade e segurança das receitas. “Eu procurei a nutricionista Carol Alves que abraçou a ideia, ela cria as receitas e eu produzo os lanches na certeza que todas as informações nutricionais estão de acordo com o que as pessoas procuram atualmente”.
O investimento para montar a bicicleta gourmet, foi em torno de mil e quinhentos reais, e Juliana afirma que a praticidade do transporte e vendas compensa mais ainda, “Eu tenho um carrinho que também oferece basicamente os mesmos produtos, mas com ele tenho gastos de transporte e logística, com a bike é muito mais fácil e prático, coloco no suporte do carro e levo para qualquer lugar”, pontua. Os lanches vendidos pela Bendito Fruto variam entre R$ 5 e R$15.
Trabalho duro
Food Bikes
Danielle Martins conta que para o seu negocio teve que investir em torno de três mil a três mil e quinhentos reais para montar a bicicleta da cor desejada, montar a marca da empresa, além de apostar nos adereços que fazem parte da decoração dos locais onde ela faz as vendas. “Nós começamos de maneira bem modesta mesmo, vendendo na rua, depois fomos convidados pelo espigão artes, para ter um espaço e vender, o que ajudou bastante, pois a maior dificuldade é em tentar montar um negocio pagando tantas taxas só para estacionar a bicicleta em algum lugar. Existe ainda muita burocracia, além de que a ideia da bike food não é apenas ficar estacionado em um local apenas”, conta Danielle. Sobre a produção Danielle conta também que não tem moleza, principalmente por que optou em produzir o brigadeiro da forma original, “Eu mesmo produzo aquele brigadeiro manual, feito na panela, feito na colher, que a gente gosta e com os melhores produtos, como cacau em vez de achocolatado, por exemplo. Ai tem todo aquele processo de ponto da massa, enrolar um por um e todos são decorados e de forma diferenciada, isso tudo equilibrando com cuidar da casa, filhos e marido, além disso, a gente está com a proposta de trazer novos sabores com produtos regionais”.
Paula Moura que também produz todos os biscoitos que revende, revela que separa dois dias da semana para a produção, já que leva certo tempo para alcançar toda a demanda necessária e ainda é ela mesma quem entrega e anuncia em lojas que revendem a delicia.
Juliana Frota participa de todo o processo de produção dos sucos, sanduiches e todas as receitas que recebe da nutricionista. Além disso, ela conta que mesmo com dois funcionários cooperando com o processo de produção, ela participa de tudo, desde a alimentação das redes sociais, principais fontes de divulgação, entregas de produtos e das vendas, para manter a relação bem próxima dos clientes. Ela conta ainda, que mantem o crescimento do empreendimento controlado, por que com o número de vendas que tem, ainda existe o medo de aumentar a demanda e não conseguir atender a todos.
Eficiência das redes sociais
Em investimentos que buscam economizar em aspectos físicos, um dos pontos considerados importantíssimos para o crescimento, a propaganda, também é executada de forma mais econômica. Todas as empreendedoras contam que a principal forma de publicidade são as redes sócias, por oferecem a facilidade de divulgar os produtos gratuitamente, além de possibilitarem o feedback imediato. Paula conta que até já investiu em publicidade paga, porém não sentiu um retorno positivo. “Eu já gastei, e não é muito barato para anunciar pagando e hoje não faço mais esse tipo de despesa, nas redes sociais consigo anunciar muito bem e sem esse gasto desnecessário que as vezes nem tem retorno”, acrescenta.
O negócio de food bikes ainda está crescendo modestamente na cidade, mas as perspectivas são grandes quanto ao sucesso dessa tendência entre os que já aderiram. Segundo Danielle Martins já existem planos de realizar o primeiro encontro de food bikes que trará além da variedade de produtos a interação entre os donos dos negócios, e o número só vem crescendo, já que há três meses não existiam empreendedores nesse ramo e agora, pelos menos sete food bikes estão ativas e vendendo bem.
“Botar o pé e fazer, por que sempre vamos passar obstáculos, o importante é olhar pra frente e seguir, claro que pesquisando e sendo o diferencial, e lembrar que fazer com amor e carinho é sempre gratificante”, é o conselho de Danielle a todos que pretendem investir nesse negócio que dá trabalho, mas ao mesmo é uma delícia em todos os sentidos.
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