SEGUNDA CHANCE

Detentos têm a oportunidade de rever suas escolhas

Presos que tiveram o benefício da saída temporária no Dia dos Pais veem a oportunidade como sinal de que é hora de mudar de vida

Todos os anos um número de presos é liberado para passar alguns dias com a família em determinadas datas comemorativas, como Natal, Dia das Crianças, Dia das Mães e também Dia dos Pais. São os chamados “saidões” ou saídas temporárias, concedidos aos presos que não estejam sob sanção disciplinar, não estejam respondendo a inquéritos e nem sob investigação. O bom comportamento também contribui para a concessão do benefício. No Maranhão, em 2016, 446 presos puderam sair temporariamente das prisões do estado. Foram pessoas como Edinaldo Pedrosa da Silva e Roberto Banhos Coqueiro, ambos cumprindo pena na Penitenciária Estadual de Pedrinhas.
Edinaldo está preso desde 2005, por assalto à mão armada, e Roberto desde 2008, por homicídio. Enquanto Roberto tem seis filhos, Edinaldo é recém-casado e ainda não tem nenhum. Sua saída desmistifica o senso comum de que apenas internos com filhos recebem o benefício. Essa é a primeira saída de Edinaldo, casado desde abril com Elivalda Azevedo, que conheceu em São Luís, em 2010. Edinaldo conta que durante o tempo na prisão já chegou a fugir, em 2007, do município de Zé Doca. Ele conta que hoje vê as coisas diferentes.

“Converti-me, sou um servo de Deus, para essa vida eu não volto. Minha esposa também é evangélica e passarei esses dias ajudando ela a tirar os novos documentos com o nome de casada”, Edinaldo,detento

“Converti-me, sou um servo de Deus, para essa vida eu não volto. Minha esposa também é evangélica e passarei esses dias ajudando ela a tirar os novos documentos com o nome de casada”, contou Edinaldo. E ele era só orgulho da nova fase na vida. “Minha esposa está do meu lado, e me ajudou quando minha família se afastou de mim. Sempre aguardei uma oportunidade de sair. Então, passarei esses dias com ela, ajudando a tirar os documentos com o nome de casada”, disse.
Roberto Banhos

Roberto Banhos já está na sua quarta saída temporária. As duas primeiras foram ainda em 2012, uma no Dia dos Pais e outra no Dia das Crianças. Em 2016, ele já havia saído no Dia das Mães. “Infelizmente meu pai está em outro estado, não o verei, mas meus filhos vão me ver no fim de semana, quando não tem escola”, comentou.

Banhos, que tem previsão de término de sua pena em 2022, tem seis filhos: três meninos e três meninas. Alguns com sua namorada, Leuriene. Já são 27 anos de relacionamento. Uma de suas filhas mora no Tocantins com seu pai, enquanto os outros filhos moram em um bairro distante de onde ele passará a semana de benefício.
“É onde minha mãe mora também, mas ela teve de viajar, vou ficar com minha tia, será bom curtir um vento”, contou. Roberto conta que nos últimos tempos tem pensado sobre a vida e suas escolhas. “Tenho 32 anos e muitos filhos, está na hora de me arrumar. Ainda faltam seis anos para eu sair daqui”, ponderou. Atualmente ele trabalha dentro de Pedrinhas como servente de pedreiro. “Faz dois meses que comecei, e sei que é uma oportunidade de mudar de vida. Não quero mais voltar a ser preso, e para isso preciso mudar de vida”, argumentou.

“Tenho 32 anos e muitos filhos, está na hora de me arrumar. Ainda faltam seis anos para eu sair daqui, ponderou. Atualmente ele trabalha dentro de Pedrinhas como servente de pedreiro. Faz dois meses que comecei, e sei que é uma oportunidade de mudar de vida. Não quero mais voltar a ser preso, e para isso preciso mudar de vida “, Roberto Banhos, detento

Em casa, a tia de Roberto, Sebastiana Leila Banhos, esperava o sobrinho ansiosa. “Eu não o via desde 8 de maio, estava com tanta saudades”, disse a tia, enquanto o sobrinho lhe entregava um coração feito de dobradura de papel. “Olha que lindo! Quando ele sair vai fazer artesanato comigo também. Eu trabalho em casa, mas faço várias coisas com palha de tucum”, disse Sebastiana, mostrando o coração.
Benefício garantido por lei
As saídas temporárias são regidas pela Lei de Execução Penal, nº 7.210/84, e têm como finalidade confraternização com familiares dos detentos. A portaria que disciplina as condições do benefício aos apenados é feita nos dias que antecedem a data comemorativa, pelo juiz da Vara de Execução Penal. Segundo o Tribunal de Justiça da União, o benefício visa a ressocialização dos presos, através do convívio familiar, como um mecanismo de recompensa pela conduta do apenado. O acompanhamento fica a cargo da Secretaria de Segurança Pública, além de os agentes penitenciários fazerem visitas aleatórias às residências dos presos para averiguar o cumprimento das determinações.
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