Catolicismo

Santo Antônio: muito mais que casamenteiro!

De fé franciscana e com alta popularidade, Igrejas de Santo Antônio fizeram parte de importantes momentos da história de São Luís

Santo Antônio de Pádua é mais conhecido, no Brasil, por ser o “santo casamenteiro”. Muitas simpatias são feitas por fieis de todas as idades, que esperam receber do Santo a graça do casamento. Em São Luís, no entanto, uma Paróquia no bairro do Cohajap leva os ensinamentos do cânone franciscano muito além das crendices.
A Paróquia de Santo Antônio de Pádua foi fundada há 20 anos, e, desde então ensina as práticas do padroeiro, seguindo o seu exemplo. Santo Antônio, que carrega o nome de uma cidade italiana é, na verdade, português. Nasceu Fernando Bulhões, na cidade de Lisboa, em 1195. Da capital portuguesa, saiu como religioso dos cônegos regulares, mas conheceu missionários franciscanos em missão ao Marrocos e decidiu seguir o exemplo destes. Terminou estabelecendo-se na região de Pádua, na Itália, onde construiu sua missão de fé.
Um dos santos católicos mais populares do mundo, Santo Antônio chega ao Brasil com os portugueses, ainda no período da colonização. Em São Luís, a história de devoção começa em 1624, com a construção do Convento de Santo Antônio, hoje localizado no centro da capital.
Foi ali que o Padre Antônio Vieira proferiu o famoso Sermão de Santo António aos Peixes, em 1654, fazendo uma crítica velada à alta sociedade da época. Também no convento, em 1684, Manuel Beckman convocou uma assembleia, discursando contra o estanco e o uso de indígenas em trabalhos pelos jesuítas, o que culminou com a Revolta de Beckman. Mais recentemente, em outubro de 1991, durante sua segunda viagem ao Brasil, o Papa João Paulo II se hospedou neste convento em sua passagem por São Luís.

“Nós estamos celebrando toda caminhada da Paróquia. Estamos celebrando o anúncio do Evangelho, a experiência de ser comunidade, esse elo fraterno e de serviços que estabelecemos”, Frei Francisco Sales Araújo, pároco da Igreja

Celebração e apoio
Mais recente que o convento localizado no Centro da Capital, a Igreja de Santo Antônio de Pádua celebra 20 anos em 2016. Uma programação segue até outubro, com peregrinações, festejos e outros eventos. Segundo o 
A cada final de semana, cerca de mil fieis passam pela Igreja. Em eventos especiais, como o dia de aniversário do Santo (13 de junho), ou feriados católicos, como Natal e Corpus Christi, o número de fieis pode ultrapassar as duas mil pessoas. Hoje, a Paróquia atende a seis comunidades: Santíssima Trindade (Parque Atenas), Nossa Senhora da Paz (Parque Shalom), São Frei Galvão (Barramar/Quintas do Calhau), Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Vicente Fialho), Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Vila Cruzado) e a comunidade matriz, no Cohajap.
Segundo frei, além do ano comemorativo, o cenário de instabilidade econômica no país também influencia em um aumento potencial dos fieis em eventos eclesiásticos. “É um elemento também. A fé, a gente sempre vai dizer que é inerente ao ser humano. Nos momentos mais difíceis, o ser humano se depara com a sua fragilidade maior, e, nesse momento, ele abre espaço para o transcendente. E na experiência de fé para nós, cristãos católicos, é a pessoa de Jesus Cristo – aquele que venceu a morte e todas as barreiras, e quem acredita nele também vence. Então é um momento mais propício, mas não é só esse. O ser humano busca a Deus para dar um sentido maior para a sua vida, para essa dimensão espiritual”.
Ao longo destas duas décadas, o número de frequentadores cresceu exponencialmente e a Paróquia deu origem a outras duas – uma no bairro do Vinhais e outra no Residencial Pinheiros. Segundo o pároco Francisco, a Igreja se mantém unida e a “divisão” se dá para melhor atender a cada comunidade. “Uma forma de você atender melhor, porque antes a nossa Paróquia compreendia São Francisco, Bequimão, Cohafuma, quase chegando à COHAB. Então a Paróquia original foi dividida em até cinco Paróquias – a nossa, em outras três. Com um número menor de comunidades, você vai ter uma assistência melhor por parte da Igreja”, afirma.
Fé e Tradição
“É uma questão de família. Minha mãe era devota de Santo Antônio. Na casa dela, nós fazíamos todo dia 13 de junho uma oração, depois bebíamos chocolate… e toda a vida nós tivemos essa devoção, assistindo a missa, acompanhando a procissão. E, na verdade, isso faz a gente ficar muito emocionado. Todas as coisas que eu peço, eu sempre sou atendida. Só não precisei pedir para casar”, declara a aposentada Sueli Oliveira, que prestava uma homenagem ao santo no seu dia alusivo.
Imagem de Santo Antônio, na igreja do Cohajap
Ana Kate é secretária da Igreja há três anos. Afirma que a sua motivação cristã é o que lhe mantém ali, e que o crescimento na fé tem sido o seu maior aprendizado. “No final das contas, é muito gratificante porque nós não estamos fazendo para o homem, e sim para o Senhor. E quando a gente faz a obra para Deus, todas as dificuldades que vêm servem para a gente crescer – tanto em âmbito profissional, quanto espiritualmente”, pontua.
Ela, que também é franciscana, diz que na Secretaria encontrou o seu “campo de missão”. “Aqui tem gente que chora, que acha graça, que brinca, que briga, que cobra, que dá… Aqui é um ponto de encontro de pessoas que vêm buscar a Deus com milagres, graças e coisas concretas em sua vida. O desafio é ser esse homem, essa mulher simples, de ter esse amor à Igreja renovado todos os dias, diante de cada atendimento. Nenhum dia é igual ao outro. Temos muito trabalho e precisamos do povo de Deus – a gente não faz nada sozinho”, assegura.
“Santo casamenteiro”
Reza a lenda que, certa vez, em Nápoles, havia uma moça cuja família não podia pagar seu dote para se casar. Desesperada, a jovem – ajoelhada aos pés da imagem de Santo Antônio – pediu com fé a ajuda do Santo que, milagrosamente, lhe entregou um bilhete e disse para procurar um determinado comerciante.
Igreja de Santo Antônio, Cohajap
O bilhete dizia que o comerciante desse à moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel. Obviamente, o homem não se importou, achando que o peso daquele bilhete era insignificante. Mas, para sua surpresa, foram necessários 400 escudos da prata para que a balança atingisse o equilíbrio. Nesse momento, o comerciante se lembrou que outrora havia prometido 400 escudos de prata ao Santo, e nunca havia cumprido a promessa. A jovem moça pôde, assim, casar-se de acordo com o costume da época e, a partir daí, Santo Antônio recebeu – entre outras atribuições – a de “O Santo Casamenteiro”.
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