São Luís 407 anos

A Saint-Louis dos Franceses

Obra e História de São Luís, por Mário Meireles, editada pela Academia Maranhense de Letras, delineia o que foi São Luís com suas ruas, praças e logradouros

Reprodução

No aniversário da cidade de São Luís, tomo a liberdade de dividir com vocês, leitores, um pouco da obra póstuma História de São Luís (2012 – 2ª ed., 2015), de autoria do escritor Mário Meireles (8/03/1915 – 10/05/2003). Essa obra, conforme prefaciou o imortal Milson Coutinho, foi um projeto escrito silenciosamente pelo escritor, mas que só foi publicado em 2012, por ocasião dos 400 anos da cidade, depois que seus escritos originais foram cuidadosamente reunidos e entregues para serem organizados com a finalidade de publicá-lo. “Se existe, confesso que não conheço estudo algum, com riqueza de detalhes, a respeito de São Luís, seu nascedouro e sua trajetória sofrida, mas brilhante, ao longo de 4 centúrias. Neste livro, Meireles fixou-se, com dedicação e amor à terra dos grandes prosadores, poetas, e intelectuais de todos os ramos, sem desviar a rota de sua caminhada.”

No capítulo A Saint-Louis dos Franceses (1612-1615), Mário Meireles trata da chegada dos franceses a Upaon-Açu, a “ilha grande”, onde no dia 6 de agosto de 1612 “desembarcariam no porto de Jeviré, por certo em algum ponto de maior segurança na enseada que fica entre as atuais pontas d’Areia e de São Francisco. E lá encontrariam, com grande surpresa, a feitoria de um compatriota, du Manoir, que ofereceria, aos grandes da expedição, um lauto banquete de boas-vindas, juntamente com Gerard e outros quatro ou cinco capitães de Dieppe, que igualmente mantinham, escondidos no fundo do golfão, seus ninhos de pirataria e onde se contaram 400 homens”.
Em toda a ilha seriam 12 mil tupinambás nativos, distribuídos por 27 aldeias, sob a chefia de Japiaçu, morubixaba de Juniparã (Jeniparana de hoje), a maior delas, logo cuidariam de achar o local em que melhor se assentaria o forte que construiriam.

Segundo o livro, Frei Claude d’Abbeville (missionário religioso que veio na expedição) deixou dito em sua publicação História da Missão dos Padres Capuchinhos da Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas que esse lugar seria do outro lado maro, onde os “senhores de la Ravardière e de Rasilly escolheram uma bela praça, muito indicada para esse fim por se achar numa alta montanha deste e na ponta de um rochedo inacessível e mais elevado que todos os outros (….) E os índios, confraternizando com os recém-chegados, começaram imediatamente a trabalhar com muita alegria e boa vontade, edificando logo cabanas para os franceses”.

O sonho da França Equinocial na capital

Mário Meireles descreve que foi erguida uma capeta provisória na qual os quatro integrantes da Missão, Yves d’Évreux, Abbeville e ainda Arsène de Paris e Ambroise d’Amiens rezaram, no dia de Santa Clara, 12 de agosto, a primeira missa do Maranhão. “E na praça arroteada entre as construções, foi chantada, a 8 de setembro, defronte do forte, uma grande cruz de madeira, em meio à solene cerimônia religiosa com a qual se deu por conquistada aquela terra pagã para a Igreja de Cristo e, consequentemente, fundada, ali, a França Equinocial que, como permitia a concessão real, poderia ter a extensão de 50 léguas em torno.”
Prossegue Mário Meireles que a França Equinocial não passaria de um sonho. “Logo contra ela o governador-geral do Brasil, Gaspar de Sousa (1612-1616), mandaria, de Pernambuco, uma expedição às ordens de Jerônimo de Albuquerque, que, firmado do continente, por trás da Ilha-Grande e próximo da foz do Munim, venceria a la Ravardière na batalha de Guaxenduba (19.11.1614)”.
A 4 de novembro de 1616, com os reforços de Francisco Caldeira Castelo Branco e Alexandre Moura, foi formalizada a capitulação dos franceses. “Dos franceses ficaria, apenas, o nome que, dado ao forte, dele passariam à povoação, depois se transmitiria à vila e, por fim, à cidade e mesmo a toda a ilha, dita de São Luís, em homenagem a Luís XIII, o Justo (1601-1643), rei de França e Navarra”. É o que conta Mario Meireles nos capítulos iniciais de História de São Luís.

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