SOFRE ALGUMA FOBIA?

Sofre de alguma fobia? Especialistas garantem que hipnoterapia pode ajudar na cura

Terapia que usa cruzamento de hipnose com técnicas de outras áreas tem sido cada vez mais requisitada; quarentena provocou aumento na procura de pacientes com novas e velhas fobias, intensificadas durante a pandemia

Reprodução

Era apenas mais um plantão normal para o bioquímico Júlio César, em um dos hospitais da capital maranhense, até ele entrar em um elevador sozinho e, de repente, faltar energia. As portas do equipamento se fecharam por aproximadamente cinco minutos, desencadeando uma fobia, tratada tempos depois pela hipnoterapia.

“Depois do episódio [no elevador] comecei a ficar temeroso. Cada vez que eu entrava em um elevador, eu ‘sentia’ que ía ter algum problema. Ficava sempre com aquela tensão de ficar preso no elevador”, ele conta, agora mais aliviado, após conseguir amenizar os sintomas da fobia graças à ajuda do filho hipnoterapeuta George Azevedo, de 36 anos, membro da Sociedade Brasileira de Hipnose.

“Foram poucas sessões, mas me ajudaram a ressignificar o episódio em minha mente. Depois das técnicas da hipnoterapia, a minha mente vai trabalhando toda vez que eu entro em um elevador, fazendo com que eu me apegue ao novo e deixe o primeiro momento de lado”, explica.

Assim como César sofria, estima-se que mais de 10% da população mundial sofra com algum tipo de fobia – medo irracional e exagerado de alguma situação, objetos, animais ou lugares. Os sintomas vão desde alterações no batimento cardíaco e respiração a sudorese, tensão, desmaios e até mesmo suicídio. Mas segundo especialistas, a hipnoterapia pode ajudar.

O que é hipnoterapia

De acordo com o hipnólogo e representante do Instituto Maranhense de Hipnoterapia (HIPNOS), Arnaldo Menezes, 36, a hipnoterapia usa a ferramenta da hipnose associada aos conhecimentos de diversas áreas, como a psicologia, a psicanálise e as neurociências, para o tratamento de problemas emocionais e físicos, como as dores crônicas. “O nosso objetivo é ajudar as pessoas a superarem medos, traumas, fobias, bloqueios e questões ocultas através da hipnose”.

Ele detalha as vantagens do tratamento para quem tem fobia, que varia de pessoa para pessoa. “A hipnoterapia pode abordar qualquer fobia. Ela tem se mostrado eficiente em vários tipos, como: fobia de animais, de dirigir, de se apresentar em público, dentre outras. Diferente de outras terapias que geralmente necessitam de muitas sessões, na hipnoterapia o cliente alcança seus objetivos em menos tempo e com um maior intervalo entre as sessões”.

Desmistificando

Para George Azevedo, ainda é muito necessário desmistificar a prática. “Depois do primeiro contato com o paciente e de traçar as estratégias do tratamento dele, precisamos desmistificar a hipnose. Tem muita mística em torno da hipnose, feita em grande parte pela TV, e não é nada disso. Não é magia, algo sobrenatural ou controle da mente.

Ela nada mais é do que um estado de superconcentração, originado de uma linguagem em que o sujeito fica focado e concentrado nas sugestões do hipnólogo”, explica. Aproximadamente 90% das pessoas com fobia se recuperam com o tratamento.

“Acontece o tempo todo”

Hipnoterapeuta George Azevedo, de 36 anos, membro da Sociedade Brasileira de Hipnose. Foto: Divulgação

A paixão do filho de César pelo estudo da mente já começou cedo. Ele fez seu primeiro curso da área com apenas 12 anos de idade. “O curso era sobre hipnose e como utilizar as ferramentas da mente a meu favor. Acabei me apaixonando”, revela George.

Segundo ele, na hipnoterapia, apesar de existirem outras técnicas, a principal é a hipnose. “A hipnose não é só aquela provocada quando você fecha os olhos e vai entrando em um estado mental. Ela é algo que acontece o tempo todo, quando você lê um livro, assiste um filme ou a uma novela. Um livro, por exemplo, é um conjunto de folhas de papel que você se concentra e absorve o conteúdo, em estado de hipnose. Você se transporta para aquele estado de superconcentração, imaginando as cenas. A mesma coisa é a novela, inclusive, quantas vezes a gente não chora ao se emocionar assistindo?”, questiona o hipnoterapeuta.

Maior procura na pandemia

O período da quarentena, motivada pela pandemia do novo coronavírus, levou as pessoas com fobias e outros problemas a procurarem mais pelos serviços hipnoterapêuticos em São Luís. “A procura aumentou bastante na pandemia, especialmente depois do lockdown no estado. As pessoas ficavam em casa, ansiosas, com depressão, o que acabou agravando a mente delas. Então, eu comecei a ter maior procura, nem se compara ao que era antes da pandemia”, afirma George.

Qualificação

Segundo os profissionais, para oferecer esse tipo de serviço, os interessados devem buscar um bom curso de formação em hipnoterapia, com algum profissional experiente e qualificado, que trate a hipnoterapia com base em evidências científicas.

Hipnólogo e representante do Instituto Maranhense de Hipnoterapia (HIPNOS), Arnaldo Menezes. Foto: Divulgação

“A formação em hipnoterapia é como a formação em psicanálise: não precisa ser formado em uma área específica para ser psicanalista ou hipnoterapeuta. Basta fazer um bom curso de formação e continuar estudando e se atualizando constantemente”, orienta Arnaldo.

Há cursos no mercado com duração de quatro dias a três meses, dependendo da metodologia e abordagem utilizadas. Após a capacitação, o novo profissional já estará habilitado para atuar na área.

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