SAÚDE

Câncer colorretal: conheça as causas, tratamentos e como prevenir

Cerca de 90% dos casos de câncer colorretal ocorrem em pessoas com mais de 50 anos de idade e podem ser prevenidos

Reprodução

Setembro também um mês é dedicado à campanha de prevenção do câncer colorretal, uma doença que pode ser evitada em 90% dos casos e faz cada vez mais vítimas no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tumor é considerado o segundo mais comum tipo de câncer entre homens e mulheres no país. Só em 2018, foram registrados  24.737 casos da doença, sendo 48% em homens  e 52% em mulheres.  A estimativa do INCA aponta, ainda, que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no país 40.990 novos casos desse tipo de câncer.

Embora a campanha seja realizada somente este mês, a luta para diminuir os números que envolvem essa problemática dura o ano inteiro. “Essa é uma doença séria e que precisa de total atenção”, defende a Dra. Maura Tarciany Cajazeiras, médica coloproctologista e presidente da Sociedade Maranhense de Coloproctologia.

A especialista explica que são baixas as chances de uma pessoa desenvolver esse tipo de câncer durante a vida, mas nem por isso deve se descuidar. “O câncer colorretal apresenta tumores malignos localizados no intestino grosso (cólon e reto).  O risco de uma pessoa desenvolver esse tipo de câncer durante a vida é de cerca de 5% e aproximadamente 70% dos tumores aparecem no cólon e 30% no reto”.

O câncer colorretal é, ainda, um dos poucos tipos de câncer que se pode evitar,  já que a maioria (96% dos casos) são do tipo adenocarcinoma. “Estes são provenientes a partir de pólipo ou adenoma, um tipo de verruga, que são elevações anormais da superfície intestinal; inicialmente, são diminutas e benignas, mas que, ao longo do tempo, entre 5 e 7 anos, podem sofrer transformações malignas, crescendo e originando o câncer. Se a remoção do pólipo, através da colonoscopia, ocorrer antes destas transformações, é possível evitar a ocorrência do câncer colorretal”, ressalta.

Como identificar?

O primeiro passo para identificar a doença é ficar atento aos sintomas. Podem ser observados sangramentos nas fezes, mudanças no hábito intestinal, além de desconforto abdominal, como gases ou cólica.

“Os sintomas do câncer colorretal na maioria das vezes só surgem nos estágios mais avançados da doença, ou seja, a maioria das pessoas é totalmente assintomática nos estágios iniciais. Dentre os sintomas, o paciente pode apresentar: mudança repentina e persistente dos hábitos intestinais como mudança da consistência e forma das fezes, alterações da frequência evacuatória, presença de muco e sangue nas fezes”, pontua Dra. Maura Tarciany.

Quando o câncer está localizado no reto, os pacientes podem sentir outros desconfortos. “Sensação de pressão no reto; sensação de evacuação incompleta, apresentando uma intensa e constante vontade de evacuar, mesmo que não haja fezes no reto, o que já indica a presença de um câncer avançado. Os pacientes podem apresentar também dor abdominal, anemia, fraqueza e perda de peso”, complementa.

Fatores de risco e prevenção

O câncer colorretal é uma doença multifatorial influenciada por fatores genéticos, ambientais e relacionados ao estilo de vida. Entre os fatores de risco, então a idade, obesidade e sedentarismo. “A idade é o fator de risco mais importante para o câncer colorretal não hereditário. É altamente prevalente em pessoas acima de 60 anos, porém, nota-se um avanço progressivo nos registros do câncer entre os adultos jovens, resultado da má alimentação”, alerta.

“O risco em pacientes com dieta pobre em fibras e rica em gordura animal, carne vermelha, alimentos processados e industrializados é ainda maior. O sedentarismo, consumo de bebida alcoólica, tabagismo, diabetes tipo 2, doença inflamatória intestinal e histórico familiar de câncer colorretal são importantes fatores de risco para o desenvolvimento da doença”, destaca a coloproctologista.

Por estar relacionada diretamente a uma má alimentação e ao sedentarismo, manter uma dieta balanceada e rica em alimentos naturais pode diminuir o risco de desenvolvimento dos tumores. “Uma dieta rica em fibras, composta por alimentos como frutas, verduras, legumes e cereais é muito importante. O equilíbrio na alimentação é fundamental para a prevenção de doenças, como o câncer. Seguindo uma vida regada a hábitos de vida saudáveis o indivíduo tem a possibilidade de viver mais e melhor”, destaca o nutricionista, Marcos Macedo.

Outra recomendação é realizar exames específicos para diagnosticar a doença. “Além do combate aos fatores de risco, é essencial adotar um programa de triagem que envolve a realização de uma colonoscopia a cada cinco anos a partir dos 50 anos de idade ou até mesmo antes, dependendo dos fatores de risco. Devido ao aumento da incidência de câncer em pessoas jovens, a Sociedade Americana de Cirurgiões Colorretais já reduziu a idade para fazer o rastreamento do câncer colorretal de 50 para 45 anos em pessoas sem histórico familiar de tumor”, completa a coloproctologista.

Tratamento

Caso seja diagnosticado precocemente, o câncer colorretal apresenta grandes chances de cura. “A detecção do tumor pode ser feita por meio de exames de rastreamento, bem como por meio de exame físico. No caso dos pacientes que já apresentam os sintomas da doença, o diagnóstico é feito por meio de investigação de exames clínicos, colonoscopia,  radiológicos ou laboratoriais”, detalha.

No tratamento de pessoas com tumores em estágios iniciais, o processo é menos agressivo e consiste na retirada do pólipo e das lesões, por meio de colonoscopia ou pequenas cirurgias com ressecções locais dos tumores. “Em casos específicos, é recomendada sessões de quimioterapia complementares. Mas depende da localização do tumor e o estágio da doença, quanto mais avançado, mais agressivo deve ser o tratamento, podendo ser necessárias radioterapia e quimioterapia, mesmo antes de procedimentos cirúrgicos”, esclarece a Dra. Maura Tarciany.

Tabu

Apesar de ser considerado o segundo tipo de câncer mais comum entre homens e mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de pele, muitas pessoas ainda sentem vergonha de ir ao coloproctologista, mesmo com frequentes desconfortos na hora de ir ao banheiro. “No consultório sempre chegam pacientes falando que tinham vergonha de ir a consulta, mas que já estavam preocupados com a situação e resolveram vir. Esse tipo de situação é muito comum. Ainda existem muitos tabus sobre a profissão do coloproctologista”, reconhece a especialista.

Para identificar as lesões iniciais do câncer, é necessário fazer a colonoscopia. O exame é realizado com uma câmera que permite a checagem das lesões nas paredes intestinais. “É um exame que utiliza um colonoscópio, uma espécie de tubo flexível que contém uma pequena câmera na ponta, semelhante ao utilizado na endoscopia. Esse aparelho é conectado a um monitor que permite a visualização do intestino grosso e uma parte final do intestino delgado, além de gravar vídeo e captar imagens”, explica a  coloproctologista.

É a partir desse exame que o especialista consegue avaliar o tecido que reveste o intestino internamente, tornando mais fácil a busca por lesões e biópsias quando forem necessárias. Mas o fato de ser introduzido afasta muitos pacientes, seja pelo medo ou simplesmente pelo preconceito. “Apesar de ser alvo de um grande tabu, a colonoscopia não dói, é feita com sedação e dura apenas alguns minutos”, garante a médica.

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