PERIGO?

Conheça os riscos da gestação depois dos 40 anos

Engravidar após os 40 anos sempre é complicado para as mulheres. Hoje o jornal O Imparcial traz curiosidades e informações para você que pretende adiar a gravidez

Reprodução

Quando se fala em maternidade, o número 40 é algo que entra em pauta, isso porque uma gravidez dura em média 40 semanas, mas para as mulheres que querem engravidar, chegar aos 40 anos traz uma série de preocupações com relação à gestação. Estas angústias e medos são graças a muitos mitos sobre este assunto. Desta maneira, conversamos com uma especialista para esclarecer dúvidas e trazer uma ideia real da maternidade após os 40 anos.

Está cada vez mais comum as mulheres adiarem a maternidade. Outro fator que também pode influenciar isso, é que a mulher está casando mais tarde, o que colabora para os planos de uma gravidez serem adiados. Os Dados da ‘Estatísticas do Registro Civil’, divulgados no final do ano passado pelo IBGE revelam que, entre 2007 e 2017, aumentou 70,2% dos casos de mães que tinham 30 anos ou mais de idade na ocasião do parto, tendo subido de 2,2% para 2,9% os casos de 40 anos ou mais. O resultado confirma a tendência de crescimento da proporção de mães nesse grupo de idade.

Para quem se encaixa neste perfil, o pré-natal deve transcorrer de forma mais cuidadosa, pois aumentam as chances de um aborto e o parto prematuro nessa fase também é mais frequente. Então, o cuidado precisa ser redobrado e deve-se rastrear com mais afinco os problemas tanto maternos, quanto fetais. Segundo a ginecologista e obstetra, Lícia Kércia de Oliveira, uma mulher pode engravidar enquanto tiver sua função ovariana preservada e isso varia muito de mulher para mulher. O período ideal para engravidar é até os 35 anos, na qual a taxa de cromossomopatias e complicações gestacionais é menor. Este índice piora quando a mulher engravida após os 40 anos.

A especialista também explicou que a taxa de abortamento é maior devido às alterações cromossômicas, que por ventura ocorram pelo organismo materno, já não estar tão bem adaptado para receber uma gestação. Os riscos de doenças gestacionais e genéticas, como a Síndrome de Down, e o surgimento de malformações fetais também são maiores. Mas, engana-se quem pensa que só é possível engravidar nessa idade com um tratamento de fertilização. A gravidez natural pode acontecer sim e é mais comum o índice de uma gravidez múltipla, pois os ovários estão terminando sua função e começam o processo acelerado de liberação de óvulos. Ou seja, a probabilidade de engravidar é menor, mas se acontecer a chance de gravidez múltipla é maior.

Mamãe de primeira viagem

Por falar em gravidez natural aos 40 anos, a professora e advogada Helen Cardoso, deu uma reviravolta na vida há 6 meses, quando nasceu o João Miguel. Engravidou pela primeira vez aos 39 anos e teve ele com 40, sua idade atual. Antes, esta nem era um opção, pois até completar 35 anos, ela não pensava em ter filhos. A casa dos trinta lhe fez repensar algumas posições até então definidas. “Quando você chega nesta idade parece que o relógio biológico começa a te mandar alertas. Tudo começou quando a Beatriz, minha sobrinha, veio morar conosco e passei a cuidar dela como filha, ela inclusive me chama de mãe e o amor que tenho por ela é esse mesmo. Em paralelo, algumas amigas estavam realizando o sonho de ser mãe e isso despertou algo em mim que nunca tinha sentido, a vontade se instalou e eu decidi que era o momento certo para maternidade”, contou.

A mamãe de primeira gestação tinha se planejado para engravidar em 2019, quando teria terminado o mestrado e se organizado de todas as formas possíveis. Em meados de 2018, pelo fato de nunca ter engravidado antes e por conta da idade, ela procurou uma ginecologista para fazer os exames pré-concepcionais – que são realizados em laboratórios comuns e avaliam a condição física da mulher, além de possíveis problemas que podem vir a ocorrer na gestação e com o bebê. Nestes exames foi diagnosticada com ovários policísticos, três miomas, idade avançada e sobrepeso, vários fatores que seriam empecilho para uma gravidez de forma natural. “A médica disse que eu teria apenas 2% de chances de engravidar naturalmente, principalmente pela idade, então me conformei que não geraria um filho, iria ser mãe, mas não passaria pela experiência biológica. A partir disso, fiquei totalmente despreocupada, porque achava que era muito pouco provável de acontecer. Não cheguei nem a iniciar o tratamento, fiz os exames em julho e engravidei em setembro. A minha gravidez foi de alto risco, tive diabetes gestacional pela obesidade nível 1 que tenho, além da resistência nas duas artérias que é comum em mulheres com mais idade, enjoei muito, me sentia cansada o tempo todo, sentia muitas cólicas e dores de cabeça”, conta.

Emocionada, ela relembrou o início da sua gravidez e quando o filho nasceu. “Bem no começo tive um descolamento da placenta que causou um pequeno sangramento e isso me fez perceber a importância que meu filho já tinha na minha vida, o medo de perdê-lo fez com que todas as amarras para que eu me tornasse mãe fossem soltas, me senti liberta nesse dia, eu queria aquilo mais que tudo. E é incrível a relação que esta experiência como um todo traz, depois que o bebê nasce você fica conectado, se ele está agitado, eu também fico, se ele se acalma, eu me acalmo, é impressionante”, afirma.

Sobre ter esperado o melhor momento, Helen relata que a parte ruim é a exaustão, pelo vigor físico não ser mais o mesmo, então as limitações do corpo pesam bastante em seu caso, com o agravante de ser sedentária e com obesidade. João Miguel nasceu prematuro, com 34 semanas, com 1,68 kg. Por estar recebendo pouca oxigenação, seu crescimento ficou comprometido e ele ficou dez dias em observação no hospital. Apesar disso, todos os seus índices são normais e ele é uma criança totalmente saudável.

Gerar um filho é mais do que uma satisfação pessoal, é um desejo de constituir família e de cuidar de outra vida. Não é tarefa fácil em nenhuma idade, porém torna-se mais leve quando se planeja e quando se está bem resolvida nos outros campos de sua vida. Hoje as mulheres têm adquirido independência e conquistado muitos espaços. Ainda tem muitas batalhas para serem superadas, mas a maternidade já se tornou uma escolha, algo que fazem porque desejam, não é mais e nem deve ser uma obrigação.

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