VIDA POSITIVA

No Maranhão só 45,3% dos casos de HIV são registrados e notificados 

Maranhão registrou em 23 anos mais de 19.335 casos de Aids. Região Metropolitana tem 45,3% dos casos registrados e notificados 

Reprodução

R. Silva, 44 anos, morador do Anjo da Guarda, faz parte dos 75% dos brasileiros que sabem que convivem com o vírus HIV. Ele descobriu o diagnóstico há 7 anos, depois que foi se consultar por estar se sentindo mal há vários dias. Ele aceitou falar com a reportagem por telefone, mas pediu para não ser identificado, porque, a não ser a família, outras pessoas não sabem da sua condição de soropositivo.

“Eu levo uma vida normal, porque sigo as recomendações médicas, tomo os medicamentos, faço os exames. Mas o preconceito é algo que sempre vamos enfrentar. Eu tive uma vida amorosa desregrada e pago por isso. Mas nunca é tarde para que as pessoas possam se cuidar. É algo que não desejo a ninguém”, lamenta Silva.

A meta da Organização das Nações Unidas é que pessoas como Silva, que  conhecem seu estado sorológico e recebem tratamento possam se tornar indetectáveis. É garantir que 90% delas não transmitam o vírus e consigam manter qualidade de vida sem manifestar os sintomas da Aids.

O Dia Mundial de Luta Contra a Aids, marca o início das ações do Dezembro Vermelho no Maranhão, coordenado pelo Departamento de Atenção às DST/Aids/Hepatites Virais, da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Serão feitas atividades específicas para populações-chaves para resposta ao HIV, como pessoas trans, os gays e homens que fazem sexo com homens, trabalhadores do sexo, população privada de liberdade e usuários de álcool e outras substâncias.

O Maranhão registrou, de 1985 até outubro de 2018, segundo dados preliminares, mais de 19.335 casos de Aids. Destes, 62% no sexo masculino (11.987) e 38% em mulheres (7.348). A regional de saúde de São Luís detém maior percentual de casos  (45,3%).
De acordo com Jocélia Frazão, os números são considerados estabilizados no estado. “Os testes estão chegando às unidades de saúde, assim como o tratamento e as informações. Através de fóruns regionalizados, estamos levando aos profissionais de saúde conhecimento para fortalecer o serviço. Os índices estão diminuindo”, afirmou a chefe do Departamento de Atenção às DST/Aids/Hepatites Virais da SES.
No Boletim Epidemiológico divulgado esta semana pelo Ministério da Saúde, em 2012 a taxa de detecção era de 21,7 casos por cada 100 mil habitantes e, em 2017, foram 18,3, uma queda de 15,7%.

Ainda segundo o boletim , nos últimos quatro anos também houve queda de 16,5% na taxa de mortalidade pela síndrome passando de 5,7 mortes por 100 mil habitantes em  2014 para 4,8 óbitos em 2017.

Testagem

Para o Ministério, a ampliação do acesso à testagem e a redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento são razões para a queda. O diagnóstico precoce é importante para que a pessoa com o vírus HIV não desenvolva Aids e controle o vírus no organismo com os remédios disponíveis.

Foi o caso de Silva. “Eu tive alguns relacionamentos e não me cuidava, não usava preservativo. Quando comecei a sentir febre e dor na garganta com muita frequencia, procurei atendimento, fiz exames e também o teste rápido. Deu reagente. Foi uma notícia horrível, mas não me abati. Enfrentei, enfrento e estou aqui, até quando Deus permitir que eu fique”, diz.

Detecção

De 1980 a junho de 2018, em 38 anos, o Brasil registrou 926.742 casos de Aids, uma média de 40 mil novos casos por ano. De acordo com o Boletim Epidemiológico, o número anual de casos de Aids vem diminuindo desde 2013, quando atingiu 43.269 casos; em 2017, foram diagnosticados 42.420 novos casos de HIV.

Maranhão em primeiro lugar

Em 2017, quando analisada a mortalidade por estado, em onze delas houve coeficiente superior ao nacional, que foi de 4,8 óbitos por 100 mil habitantes. O Maranhão está entre eles com 5,5. Rio Grande do Sul (9,0 óbitos/100.000 hab.), Rio de Janeiro (7,8), Amazonas (7,8), Pará (7,8), Mato Grosso do Sul (6,2), Rondônia (6,1), Santa Catarina (5,7), Pernambuco (5,6), Mato Grosso (5,6), e Amapá (5,5).

A taxa de detecção no Maranhão é de 69% na década de 2007 a 2017. O índice passou de 12,6 para 21,3. Nesse aspecto, o Maranhão fica em segundo no ranking dos estados brasileiros, ficando atrás apenas de Alagoas. Em se tratando de Nordeste, fica em primeiro, em casos registrados.

3 municípios maranhenses entre os 50 do ranking

No ranking dos municípios com 100 mil habitantes ou mais pelos indicadores de taxas de detecção, mortalidade e primeira contagem nos últimos cinco anos dos 20 primeiros, oito pertencem ao estado do Rio Grande do Sul, três a Santa Catarina, três pertencem ao Pará, dois ao Maranhão (Paço do Lumiar e São José de Ribamar) e os quatro municípios restantes pertencem, cada qual, aos estados de Pernambuco, Amazonas, Mato Grosso e Rio de Janeiro.

Na taxa de detecção do vírus nos últimos 5 anos o Maranhão fica em sétimo no ranking, com 3,0. Considerando o ranking dos 100 municípios  brasileiros com mais de 100 mil habitantes Paço do Lumiar e São José de Ribamar ficam em 10º e 11º lugares respectivamente. São Luís aparece em 32º lugar.

A Vida Continua

O projeto A Vida Continua, uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Políticas Públicas – IBRAPP terá segunda edição nesta segunda-feira, 3, marcando os 30 anos da luta mundial contra a AIDS. O público terá acesso a atendimentos de saúde, informações sobre prevenção e tratamento da doença e a um talk show com o Instagramer, Francisco Gracia.

A abertura será a partir das 8h, no auditório principal do Centro Pedagógico Paulo Freire. A entrada é gratuita e a iniciativa conta ainda com os apoios da Secretaria Municipal de Saúde e Universidade Federal do Maranhão.

Serão realizadas rodas de conversa, testagem rápida para HIV/Aids, orientações sobre prevenção e a distribuição de preservativos. Os debates terão a presença do Secretário Municipal de Saúde, Dr Luís Carlos de Assunção, do Coordenador Municipal de IST/Aids e Hepatites Virais, Wendel Alencar, e da representante do movimento Cidadãs PositHIVas, Cleudiane dos Santos.

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