ELEIÇÃO 2020

As pontas da estrela do PT do Maranhão

O pedetista Weverton Rocha vai colando a sua imagem à de Lula, com outdoors em ônibus urbanos.

Foto: reprodução

Todo ano pré, e no eleitoral, o PT acrescenta novidades fora da curva de sua trajetória de 41 anos. É o único partido político brasileiro que foi fundado por um grupo heterogêneo, formado por militantes de oposição à Ditadura Militar, sindicalistas, intelectuais, artistas, comunistas, trotskista, direitistas desatentos, católicos ligados à Teologia da Libertação, protestantes, umbandista, milionários e trabalhadores, também os da informalidade. Tudo isso junto tem virado um aglomerado político, com suas várias tendências internas.

A cada quatro anos – sempre nas eleições gerais – o PT vive um Deus nos acuda, de cuja realidade estonteante só sobra espaço para acomodação depois de empossados os eleitos. No Maranhão, por exemplo, o PT já aparece disputado por pelo menos dois pré-candidatos a governador – Carlos Brandão (PSDB) e Weverton Rocha (PDT), além de outra corrente que alimenta o desejo de lançar o secretário estadual de Educação, Felipe Camarão, uma das mais novas filiações de peso da legenda, à sucessão de Flávio Dino em 2022.

História de insurgências
O que acontece hoje no Maranhão não é novidade quando se verifica pleitos passados. Em 2010, por exemplo, a maior parte dos petistas locais entrou em choque com a direção nacional e botou o pé na parede para não apoiar a candidata da “oligarquia” Roseana Sarney (PMDB). Foi preciso uma intervenção no diretório estadual, incluindo a retirada do comitê do candidato Flávio Dino de sua sede em São Luís. A pressão do comando petista passou pela deliberação de presidente nacional José Eduardo Dutra, apoiado pelo presidente Lula, depois de reunião com Roseana e José Sarney, presidente do Senado.

Toda essa movimentação ocorreu logo após o TRE do Maranhão validar, em agosto, por unanimidade, a candidatura do ex-governador Jackson Lago, cassado em 2009 por abuso de poder econômico durante a campanha de 2006. Sarney e Lula se encontraram em Brasília (Centro Cultural Branco do Brasil), onde Lula despachava enquanto a reforma do Palácio do Planalto não era concluída. Os dois mandachuvas de então trataram da eleição de Roseana e de uma possível visita de Lula e da candidata petista Dilma Rousseff ao Maranhão.

Grave de fome em 2010
Antes dessas ações de bastidores, em junho, o deputado federal Domingos Dutra, um dos fundadores do PT maranhense, resolveu fazer greve de fome no plenário da Câmara, por 15 dias, em protesto contra o PT apoiar Roseana. Foi acompanhado do militante e também fundador, Manoel da Conceição, figura histórica na esquerda brasileira. Mas a crise do PT maranhense não ficou só nisso. No dia 14 de agosto de 2010, ocorreu uma reunião em São Luís entre o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), vice de Dilma, o ministro Alexandre Padilha, prefeitos, deputados e candidatos maranhenses do PT e do PMDB. Na mesma ocasião o candidato presidencial do PSDB, José Serra foi a Imperatriz e Açailândia subir no palanque de Jackson Lago, na tentativa frustrada de revanche contra Roseana.

Agora, 11 anos depois daqueles episódios, o PT maranhense, vive uma situação também desarrumada. Desde daquela insurgência de 2010, em que a parte vencedora colocou Washington Oliveira como vice de Roseana, o outro lado se alinhou com Flávio Dino, assim como também em suas duas eleições vitoriosas de 2014 e 2018. O atual presidente regional do PT, Augusto Lobato minimiza as crises do partido, justificando que as divergências são naturais num partido que nasceu lutando por democracia. “Tais lutas fazem parte da gênesis e da historia do PT, nascido em meio à Ditadura Militar”.

Nada decidido para as eleições de 2022

Augusto Lobato assegura que nada está decidido no PT maranhense sobre candidatura em 2022. No momento suas correntes divergem em alguns pontos sobre nomes, mas tudo será resolvido consensualmente em abril de 2022, no encontro estadual. Em 2018, por exemplo, o PT tinha até Márcio Jardim como pré-candidato a senador; Raimundo Monteiro e o sindicalista Aníbal Lins se projetando para disputar o governo. “Hoje não é diferente, não podemos amordaçar as táticas do PT sobre 2022”, disse Lobato.

Mas a realidade mostra sempre o PT em ebulição interna. Hoje, Augusto Lobato tende apoiar o vice-governador Carlos Brandão, pela aliança formal com Flávio Dino desde 2014. Para lembrar, Dino tem sido leal a Luiz Inácio Lula da Silva, até na prisão em Curitiba, quando foi visitá-lo. Também manifesta esse apoio tanto nas redes quanto em suas manifestações nas mídias. Já o presidente do PT municipal de São Luís, Honorato Fernandes e o deputado federal Zé Carlos apoiam a pré-candidatura de Weverton Rocha a governador.

Divisão matemática

Se não bastasse, a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), do deputado estadual José Inácio, que se une ao líder militante Márcio Jardim e o secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves se animam em defender o secretário de Educação do Estado, Felipe Camarão como pré-candidato a governador. Enquanto isso, o pedetista Weverton Rocha vai colando a sua imagem à de Lula, com outdoors em ônibus urbanos

de São Luís, assim como a de Honorato. Francisco Gonçalves disse que é tentativa de forçar a barra, “usando e abusando dos ícones de outro partido, só afronta e ofende”. Ele Lembra que “o PT tem direção estadual, pré-candidato e respeito”.

Mas Carlos Brandão (PSDB) também conta com o apoio de Lula e espera tê-lo em seu palanque ao lado de Flávio Dino, candidato a Senador. A ideia que corre no PT é de que “gratidão se paga com gratidão”, quando a assunto é a relação de Lula com Flávio Dino, que o apoiou no PCdoB e continua na mesma linha no PSB. No meio daquele furdunço de 2010, o presidente regional do PT, Raimundo Monteiro fez uma definição matemática do quadro de então, quanto aos presidenciáveis no estado: “Roseana é 100% Dilma; Flávio Dino é 50% Dilma e 50% Serra; e Jackson Lago é 100% José Serra”. Como será então em 2022?

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