EM SÃO LUIS

Eleições para prefeito em São Luís: portais de checagens de informações conquistam a web

Iniciativas pretendem lutar em guerra às fake news

Reprodução

“A construção é coletiva”. Esta foi uma das frases que o fotógrafo Kadu Vassoler, um dos criadores da campanha “Rumbora Marocar”, utilizou para falar do projeto, que vem atuando nas Eleições para prefeito em São Luís desde setembro.

A campanha, focada em educação política popular e de verificação de conteúdo, está entre as iniciativas maranhenses de cobertura informativa e rica em análises nesta corrida eleitoral para Prefeitura da capital maranhense. Além do “Rumbora Marocar”, outro projeto que vem se destacando é o “Sem Migué”, uma plataforma experimental de fact-checking colaborativo, criada pelo jornalista Jorge Martins.

Ambos os projetos têm feito verificações sobre as declarações dos candidatos, seja em entrevistas, sabatinas, postagens e debates – as checagens podem ser vistas aqui (https://portalpadrao.ufma.br/labjor/sem-migue) e aqui (https://www.rumboramarocar.com.br/checagens).

Guerra às fake news

Educando politicamente o eleitor e dando credibilidade ao espaço democrático, os projetos têm crescido nas redes sociais e reforçado o combate à desinformação e às fake news – o primeiro turno das Eleições ocorrem no próximo dia 15 de novembro.

“As campanhas dessas eleições realmente estão diferentes. Com um tempo mais curto e muita ação nas redes sociais, tem sido um desafio conferir todas as falas dos candidatos tanto na imprensa tradicional, quanto em seus perfis e lives por aí. O debate tem muito girado em torno da mobilidade urbana e no orçamento reduzido para o primeiro ano da gestão. Vimos que muito se promete e pouco se debate, por enquanto a maioria das falas não relata a situação que se encontra várias demandas administrativas da cidade e se promete a todo vapor sem nem informar de forma concisa em que ‘pé’ se encontra tal secretaria ou segmento administrativo da cidade e pra onde se dará com os números orçamentários disponíveis”, analisa Kadu Vassoler sobre o período de checagem nas primeiras semanas de campanha.

Segundo ele, que coordena o projeto juntamente com a produtora cultural Deuza Brabo e a advogada Karoline Ramos, o atual período político é composto também por uma militância apaixonada pelos candidatos e seu histórico, onde algumas críticas que as checagens geram não são bem aceitas e são contestadas por serem tendenciosas por não checar outros candidatos. “Aqui, temos um fator interessante, pois nenhum momento é contestado a checagem em si e sim a não checagem ao oponente da disputa política. Isso aumenta a discussão em torno do tema e as informações adicionais que as checagens trazem sobre a política institucional, nos deixando felizes com a repercussão que o projeto tem tomado”, acrescenta Kadu Vassoler.

O coordenador acrescenta que o “Rumbora Marocar” ainda é um embrião dentro do embate político municipal, que aproveita as redes sociais e toda sua arena para inserir mais informações e contextos dentro da disputa ao pleito.

Um trabalho árduo e intenso que tem repercutido e gerado debate, sendo feito a partir de uma construção coletiva. Assim como o “Sem Migué”, que parte da ideia de que é preciso disseminar a prática da verificação de informação para toda a sociedade, como uma forma de ampliar o alcance do conteúdo verificado e reduzir os danos das informações falsas.

Jorge Martins, jornalista criador do “Sem Migué”, pontua que a iniciativa, que faz parte de um projeto de pesquisa da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), visa, a cada postagem, despertar o senso crítico dos voluntários e do público visitante, num ambiente de transparência recorrente.

“O diferencial [do Sem Migué] é o fato de testar um modelo diferente de checagem de fatos. O problema da desinformação é da ordem da abundância (de informações, de vozes) e da descentralização na internet, então acredito que devemos pensar soluções que estejam inseridas nesse mesmo contexto. Espalhar mentiras é algo tão antigo quanto a história da humanidade e não é realista pensar que isso vai deixar de acontecer agora. Ocorre que, apoiadas pelas mídias digitais, as campanhas de desinformação ampliam o seu alcance e utilizam técnicas mais sofisticadas pra promover conteúdo enganoso. Por isso, é preciso investir em educação midiática como forma de lidar melhor com esse fenômeno”, pontua o jornalista.

Com a plataforma, o jornalista e sua equipe colaborativa busca avaliar a aplicabilidade de um modelo que cria uma rede distribuída de checadores. Os voluntários receberam um treinamento para entender a metodologia e contribuir nos fóruns de checagem.

“Mesmo aqueles que não participam tão ativamente com postagens nos fóruns provavelmente já foram afetados de algum modo pela experiência no projeto. Essas pessoas passam a consumir as informações que recebem com um olhar mais crítico, passam a saber a importância de verificar um conteúdo antes de compartilhar. Quanto mais pessoas tiverem essa espécie de filtro, mais a sociedade estará protegida dos efeitos danosos da desinformação – sobretudo durante as eleições”, finalizou.

Participação popular

Viu alguma informação duvidosa e quer saber que ela seja checada? Para sugerir como verificação no “Rumbora Marocar”, basta entrar em contato com os membros da equipe pelo telefone (98) 99245-7834 ou pelo e-mail reocupa@gmail.com, durante todo o período eleitoral.

Já no “Sem Migué”, a plataforma aceita sugestões de conteúdo (saiba a metodologia do projeto aqui: https://portalpadrao.ufma.br/labjor/sem-migue/metodologia/metodologia). Para ajudar, preencha o formulário (https://portalpadrao.ufma.br/labjor/sem-migue/envie-uma-sugestao/envie-uma-sugestao) e não esqueça de dizer onde foi encontrado o fato que deseja ser verificado.

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