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Bolsonaro defende nova tarifa do cheque especial

Presidente usou rede social para criticar decisão do Podemos de recorrer ao STF contra medida que permite aos bancos cobrarem 0,25% ao mês para manterem linha de crédito

O presidente Jair Bolsonaro participa da solenidade de posse do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem

presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter, nesta sexta-feira (11/1), para criticar a decisão do Podemos de ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a tarifa de 0,25% que os bancos poderão cobrar dos clientes para manterem o cheque especial, segundo decisão anunciada pelo Banco Central em novembro passado. A cobrança foi permitida em troca  da limitação dos juros dessa modalidade de crédito a 8% ao mês.

Bolsonaro destacou que a tarifa não atinge a faixa de clientes que têm limite de até R$ 500 no cheque especial. “Hoje, grande parte dos 20 milhões de clientes estão endividados. Estamos falando de pessoas que não podem saldar suas dívidas e pagam juros médios de 14% ao mês, e que seriam isentas da tarifa de acordo com a medida que foi tomada pelo BC”, sustentou.

O cancelamento da medida via judicial, insiste Bolsonaro, implicaria fazer os juros do cheque especial voltarem de 8% para 14% ao mês, “prejudicando os mais pobres e mais endividados”. “A quem interessa a ação do Podemos? Aos pobres ou aos banqueiros?”, criticou.

A decisão do BC, anunciada em novembro, está em vigor desde 6 de janeiro. A autoridade monetária estabeleceu que eles poderão cobrar uma tarifa de 0,25% sobre o limite do cheque especial para manter os recursos disponíveis aos clientes, mesmo que eles não utilizem o crédito. Os correntistas com limite até R$ 500 — os 20 milhões mencionados por Bolsonaro — não serão tarifados. Contudo, as instituições financeiras estão autorizadas a exigir a tarifa daqueles que têm limite de crédito acima da faixa de isenção.Continua depois da publicidade

A cobrança passou a ser permitida automaticamente para contratos firmados desde 6 de janeiro. Para os correntistas que já têm o cheque especial, a tarifa só poderá ser debitada após 1º de junho. Em resposta ao presidente, também pelo Twitter, o Podemos afirmou que a iniciativa é abusiva. “Cobrar até de quem não usa é meter a mão no bolso do brasileiro. Essa conversa de tarifa para reduzir juros é estelionato retórico. Os juros de 8% mensais foram utilizados para não dizer que os bancos vão continuar a cobrar astronômicos 151% ao ano, em juros compostos, diante de uma Selic de 4,5% ao ano”, informou.

O Podemos vai ingressar com a ADI na terça-feira. O partido considera que a taxação afronta os artigos 5º e 170º da Constituição, que versam, respectivamente, sobre os direitos fundamentais e os princípios da ordem econômica. A legenda pondera, ainda, que a cobrança, mesmo para quem não usa o crédito, viola o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor.

Conflito no Congresso 

A crítica feita pelo presidente Jair Bolsonaro ao Podemos antecipa a abertura de um conflito no Congresso com uma das legendas que mais apoiou as propostas apresentadas pelo governo. Ao Correio, o líder do partido na Câmara, José Nelto (GO), diz que a sigla continuará apoiando todas as pautas ‘moralizadoras’ e econômicas que venham a ajudar o país e, sobretudo, os mais pobres. Mas avisa que atuará para convocar o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para dar explicações ao Parlamento.

Na linguagem legislativa, a convocação de um ministro ou presidente de autarquia é vista como uma medida de enquadramento do governo. Sob a justificativa de exigir explicações, muitas vezes as sessões se transformam em embates políticos. É diferente de quando o Congresso formaliza um convite. Nelto, porém, frisa que o objetivo não é colocar o governo sob saia justa, mas, sim, questionar a nova tarifa bancária permitida pelo Banco Central.

Coragem

A articulação vai ser montada pelo Podemos na Câmara e no Senado — onde a legenda tem a segunda maior bancada — com outros partidos. “Se o governo quer baixar os juros no Brasil de verdade, nós temos que fazer pela medida correta, que é a abertura do sistema financeiro. Temos 35 anos de redemocratização e nenhum ministro da Economia teve a coragem de fazer isso”, ponderou Nelto.

“O presidente foi infeliz ao atacar um partido que apoiou 90% de seus projetos sem participar do ‘toma lá da cá’. Cobrar 0,25% sobre o cliente que já usa o cheque especial é uma bitributação. Isso aí não é uma rachadinha, é uma ajudinha para os banqueiros”, provocou, em referência às suspeitas sob o senador Flávio Bolsonaro (Sem partido-RJ). 

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