POLÍTICA

Eliziane Gama cobra de chanceler a participação do Maranhão no acordo de Alcântara

Durante uma sessão no Senado com Ernesto Araújo, a Senadora Eliziane Gama abordou a falta de discussão com o Governo do MA sobre a Base de Alcântara e criticou as polêmicos do Ministro

Fotos: William Borgmann e Sérgio Lima/Poder360, respectivamente

Em uma sessão na manhã desta quinta-feira (4) dos senadores eleitos com o Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, Eliziane Gama (Cidadania), que representa o estado no Senado, contestou decisões feitas pelo Governo Federal. A Senadora abordou o tema do acordo em torno da Base de Alcântara, além das polêmicas trazidas pelo chanceler.

“Eu lhe faço duas perguntas específicas: o Governo [Federal] tem interesse em chamar, e quando vai chamar o Governo do Maranhão para participar desse debate acerca deste acordo? (…) Ao mesmo tempo, o que que o governo está pensando em relação às comunidades quilombolas do entorno? Temos centenas de famílias que poderão ser afetadas a partir da expansão“, questionou a Senadora.

Eliziane trouxe à tona também os recentes posicionamentos ideológicos de Ernesto. “(…) São posições que colocam o Brasil numa rota de polêmica internacional, contrariando um histórico de paz. (…) O senhor não teme que essas situações acabem colocando o Brasil nesta rota de conflitos, chamando atentados terroristas como o Hamas?”, questiona.

No último dia 28, o chanceler afirmou que o nazismo foi um movimento de esquerda, fato negado pelo próprio Museu do Holocausto na Alemanha. No dia anterior, Ernesto havia dito que não houve golpe no Brasil em 1964 e que o regime militar “foi necessário”. Na mesma semana, o senador e filho de Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PSL), disse ao grupo palestino Hamas: “quero que vocês se explodam”.

“Em benefício da renda que gerará tanto para o Brasil quanto para o estado do Maranhão. No acordo, haverá todas as oportunidades para que se discuta o custo-benefício. Tenho certeza que será maior quase exclusivamente em termos de benefício. (…) Em referência às comunidades quilombolas, toda a atenção será dada para que não haja dano a essas comunidades”, respondeu Ernesto.

“Quando se diz que há polêmica, é porque alguma petrificação mental está sendo quebrada e as pessoas estão sendo forçadas a discutir a realidade. (…) É importante que haja uma discussão sobre a essência desses movimentos do passado, independente da nomenclatura”, completou o Ministro.

Diante da resposta do Ministro, Eliziane publicou em suas redes sociais ainda na quinta-feira (4): “Saí da audiência com o ministro Ernesto convencida de que a diplomacia do Brasil está no caminho errado. O Congresso não apoiará insensatez”.

Os assuntos em questão foram propostos pelo Governo Federal e, para entrarem em vigor, deverão ser aprovados pelo Congresso Nacional.

A falta de garantia na entrada na OCDE

A entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também foi um dos temas discutidos durante a sessão. Uma das condições para entrar no grupo, formado por 36 países com elevado Produto Interno Bruno (PIB) e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), seria o Brasil sair da ala dos países “em desenvolvimento” e passar a se declarar como “desenvolvido”.

A troca pressupõe que Brasil abra mão do tratamento especial oferecido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) aos países em desenvolvimento. “No nosso caso, estamos convictos de ter acesso ao OCDE, que depende do apoio norte-americano, trará muito mais ganhos para o Brasil mesmo durante o processo ou antes do processo de adesão plena”, declarou o Ministro das Relações Exteriores.

Os Senadores, entretanto, clamam que o Brasil não teve garantia de que de fato entraria no grupo. “Ministro, eu não tenho nada contra a entrada na OCDE, eu só não entendo por quê que, na negociação, eu entrego primeiro para receber depois (…) Nós estamos nos comprometendo antes com algo que nem Vossa Excelência tem segurança”, replicou o Senador Jaques Wagner (PT-BA). “Eu só acho que, como negociador, que fui a minha vida inteira, eu só entregaria na concomitância”.

O chanceler respondeu: “A verdade que nós colocamos é que o Brasil começará a abrir mão do tratamento e se transforma em acordos que serão firmados, mas que não sabemos quando e se serão firmados. Mas foi uma avaliação comercial que, enfim, ao nosso entendimento, foi benéfico”.

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