POLÍTICA

Jornal francês descreve Dino como “comunista de identidade política nordestina”

O diário Le Monde Diplomatique publicou uma longa entrevista com o governador, que analisou as perspectivas políticas para os próximos anos, as relações do Nordeste com Bolsonaro, e as dinâmicas da corrida eleitoral.

(Foto: Mariana Botão/Le Monde Diplomatique)

Entrevistado pelo jornal francês Le Monde Diplomatique, Flávio Dino foi descrito como “um comunista de identidade política nordestina”. Publicado na última sexta-feira (9) na versão em português do diário, o governador reeleito no primeiro turno analisou as perspectivas políticas para os próximos anos.

Em determinado trecho o jornal europeu faz duas analogias, uma de Jair Bolsonaro com o ditador Pinochet por Paulo Guedes prometer aplicar uma agenda econômica semelhante ao que o chileno fez no país andino, e outra do governador do Maranhão com o ex-presidente do Chile Salvador Allende, um marxista declarado que chegou ao poder pelo voto democrático. Dino respondeu que uma de suas referências é justamente Allende, e que tem um pequeno busto do presidente em sua sala.

Além disso, a reportagem cita a Greve da Meia Passagem, definida como “popular movimento estudantil maranhense de 1979 brutalmente reprimido pela polícia”, um dos principais fatores para Dino entrar na política.

“Eu tinha onze anos e assisti tudo da minha janela, vi passeatas, policiais batendo em estudantes, bombas de gás lacrimogêneo. A greve ‘abriu minha cabeça’. Simultaneamente tivemos a campanha da anistia, meu pai tinha sido cassado em abril 1964, ele era deputado estadual. Eu tenho o telegrama do comando do exército determinando a cassação dele por ser comunista, e ele nem era (risos). Mas naquela época, assim como nos dias de hoje, tudo que era contestador era classificado como comunismo”, afirmou o governador ao Le Monde Diplomatique.

A entrevista fala ainda da época em que Flávio Dino estudou na Universidade Federal do Maranhão, e de seu período como juiz federal. “Quando considerei que havia uma transição a ser feita no Maranhão do modelo oligárquico para uma sociedade mais aberta, pluralista, livre, resolvi me engajar nessa causa me filiando a um partido político (PCdoB), me elegi deputado federal e disputei três vezes o governo do estado, 2010, 2014, 2018, perdi a primeira e ganhei as outras duas”, explicou.

Ao ser confrontado com a fala do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que prometeu “varrer o comunismo do Maranhão até 2022”, o governador respondeu que só o povo maranhense, dentro das regras democráticas, podem mudar o poder. “Só o voto popular do povo do Maranhão pode varrer o Partido Comunista do estado. Bolsonaro não é o “dono da vassoura”, quem é o “dono da vassoura” é sua excelência, o povo. E aí, só em 2022. Então, essa hipótese realmente não existe no contexto democrático”.

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