ENTREVISTA

“Sou a favor da regulamentação”, afirma Sá Marques sobre PL do Uber

Em longa conversa, o vereador de São Luís, Sá Marques (PHS), abordou temas como violência policial, PL do Uber e a presença do Estado na vida das pessoas

Foto: Reprodução

Na manhã desta segunda, 09, o vereador Sá Marques (PHS) concedeu uma entrevista exclusiva ao portal O Imparcial. Temas como violência policial, PL do Uber e a presença do Estado no campo social foram tocados pelo representante que está em seu primeiro mandato. Para o vereador, que se divide entre o parlamento e a sala de aula, a regulamentação de aplicativos de mobilidade urbana se torna necessária.

“É um caminho sem volta. Temos que regular”, afirma o vereador. Para o professor, o representante tem que seguir a vontade do povo. “A maioria da população é a favor do Uber. O político tem que estar ao lado deles, pois ele é o representante do povo”, lembra Sá Marques. Mas ressalta que algumas ementas são inconstitucionais, pois regulam a iniciativa privada e a livre concorrência. “Não vou votar pela limitação de motoristas. É inconstitucional. Porque é iniciativa privada e não pública”, esclarece o professor.

Segundo Sá Marques, o que deve haver é uma igualdade de direitos. “Eu acredito que tem que ampliar o benefício tributário na compra de carros às pessoas que trabalham em aplicativos, bem como entregar a placa de graça ao taxista”, alega.

Hoje as placas de táxis são um grande investimento. No começo do ano, o preço havia baixado para 9 mil reais, após ter chegado a patamares superiores a 30 mil reais.

“Sou um cara que acredita que o Estado deve ser social. Se fazer presente em áreas estratégicos como Segurança, Saúde, Educação, Comunicação e Siderurgia”, pontua.

Caso do vereador Gaguinho

Foto: Petronilio Ferreira

Nesta última semana, durante sessão que adiou a votação da PL do Uber, houve um princípio de desavenças no parlamento da câmara. Na noite anterior, o vereador Edson Gaguinho denunciou ter sido vítima de truculência policial. Diversos vereadores aproveitaram o momento para se solidarizar com o colega e criticar duramente a política de segurança do Governo Flávio Dino.

Ao ser perguntado sobre a atuação da polícia nesse caso, o vereador declarou que ambos os lados se exaltaram no momento. “Eu vi um vídeo que está em poder da Polícia. As imagens mostram que ambos os lados se exaltaram. Creio que faltou bom senso e profissionalismo de ambas as partes”, afirma Sá Marques.

O vereador aproveitou para lembrar que esse é um grande problema das Polícias Militares pelo Brasil. “A instituição é regida pelo Regime Disciplinar do Exército (RDE). Esse treinamento rigoroso é que faz com que os militares muitas vezes entre em atrito com a população”, explica Sá Marques.

O RDE, citado pelo vereador, é uma herança Ditadura Militar. Segundo Sá Marques, a instituição se posta como uma entidade auxiliar do exército. Como tal, cumpre regimentos especiais, como continência e treinamento. O professor Sá Marques, que já atuou na Segurança Pública, acredita que o problema é muito maior. “A pouca idade, treinamento para guerra, alto poder de fogo, e a carteira acabam criando um ambiente de tensão”, afirma o vereador.

A Intervenção Federal do Rio de Janeiro

Foto: Reprodução

 

Falar sobre o RDE foi a deixa para a questão de como o vereador avalia a Intervenção Federal no Rio de Janeiro. Contundente, Sá Marques afirmou que o problema da Segurança Pública não será resolvido dessa forma. “Os militares ficaram no poder durante 21 anos. Nesse período as favelas cresceram e a violência também. A presença dos militares não resolveu e nem vai resolver o problema da segurança pública”, avalia o vereador.

Sá Marques explica que o problema é social. “Hoje um aviãozinho ganha em torno de 500 reais por semana. Todo o menino sonha com uma arma. Com o Estado ausente, o tráfico toma de conta. Isso é uma luta injusta”, diz o professor de história.

Como professor de história, Sá Marques analisa o que aconteceu no país durante a ditadura militar para fazer uma análise contrária a intervenção.  “O país segue uma rota sem retorno. Não é a repressão que resolve isso. Quanto maior a falta do Estado na vida da população, maior a violência”, afirma.

Para o vereador o problema só será resolvido com a presença consistente do Estado na sociedade com educação e cultura. “Quando o jovem está envolvido com atividades culturais, ele não tem tempo para pensar no tráfico”, conclui.

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