“Estou decidido a ser candidato a governador”, revela Eduardo Braide
Em entrevista a O Imparcial, deputado Eduardo Braide critica governos de Dino e Roseana, rebate especulações sobre ser “laranja” e diz querer Zé Reinaldo em sua chapa majoritária
“Uma via alternativa”. É assim que o deputado Eduardo Braide (PMN) define sua pré-candidatura ao governo do estado. Em entrevista exclusiva ao jornal O Imparcial, Braide fala abertamente sobre o pleito de outubro e confirma estar decidido a entrar na briga pelo comando do Palácio dos Leões. Para isso, compara o atual governo de Flávio Dino (PCdoB) aos governos anteriores de Roseana Sarney (MDB) e garante que não há diferenças entre as administrações. “Eu não tenho dúvida que esse governo não tem nada de diferente”, afirma.
Questionado sobre ser usado como “laranja” do Grupo Sarney, Braide se defende dizendo ter currículo para ser governador mesmo sendo “independente” e sem pertencer a grupo A ou a grupo B. O pré-candidato garante ser um político “diferente”.
Braide ainda fala sobre sua vontade de ter o ex-governador José Reinaldo (sem partido) em sua chapa majoritária e critica o governo Dino por usar propagandas enganosas para maquear as falhas da atual gestão. “Se tem uma coisa que eu aprendi ao longo desses três anos é que o comunismo sabe fazer bem uma coisa: propaganda, especialmente propaganda enganosa”.
O Imparcial – O senhor vai disputar o governo ou não?
Eduardo Braide – Há um sentimento muito grande no Maranhão hoje da construção de uma via alternativa e isso ficou muito claro nas pesquisas que foram divulgadas logo após as eleições municipais. Em todas elas, eu acabei figurando na terceira colocação. Para mim, isso é um sinal de que o povo maranhense acredita, confia no nosso nome. O que posso dizer hoje é que eu estou decidido a ser candidato a governador, mas trabalhando para reunir as condições necessárias para que isso possa se concretizar. Tenho certeza de que o Maranhão pode ser melhor, um estado diferente e vamos mostrar isso no momento certo.
O Imparcial – E quais seriam essas “condições necessárias”?
Eduardo Braide – Ninguém é candidato de si mesmo. A primeira coisa é você ter o sentimento popular. Essa etapa já me foi demonstrada pelas pesquisas de opinião de votos. Isso é algo que muitos procuram e não conseguiram ao longo dos anos em outras eleições. A segunda situação é que você precisa de uma aliança partidária que dê as condições mínimas para que você possa levar uma campanha de governador do estado. Reconheço, no meu caso, o desconhecimento em relação a mim no interior do estado. Você só vence esse desconhecimento se tiver uma aliança partidária que te dê capilaridade para levar seu nome para o interior, um tempo de TV razoável para que você possa mostrar seus projetos que vão mudar, de verdade, o Maranhão para melhor.
O Imparcial – Como superar a polaridade natural da disputa entre Dino e Roseana?
Eduardo Braide – O povo merece um Maranhão de cara nova. Isso é um sentimento que está nas pesquisas. Tive acesso a pesquisas do ano passado, onde em todos os cenários eu apareço em primeiro lugar aqui na capital e com bom desempenho em cidades onde eu nem estive por conta desse sentimento de construir essa terceira via. O que temos hoje colocado ao maranhense? Um governo que se propôs a fazer uma mudança, e eu posso afirmar que a desigualdade no Maranhão aumentou por conta desse governo que aí está e digo com base em números. O governo que aí está falhou na distribuição de riquezas em nosso estado. O PIB mais alto do país, mas por outro lado os indicativos menores em relação à distribuição de riqueza. Esse é um lado que precisa ser contestado. A outra candidata teve a oportunidade de mostrar o que poderia fazer pelo Maranhão. Acho que é o momento de apostar no novo e, por isso, que eu digo que o povo merece um Maranhão de cara nova.
O Imparcial – Mas as propagandas do governo não mostram evolução?
Eduardo Braide – Se tem uma coisa que eu aprendi ao longo desses três anos é que o comunismo sabe fazer bem uma coisa: propaganda, especialmente propaganda enganosa. Se formos ver o que é anunciado pelo governo do estado e a realidade que tem na vida das pessoas, são duas situações completamente diferentes. Tome por base agora a educação, onde o governo faz uma política muito forte na educação, mas o Maranhão ostenta um dos piores índices no que diz respeito ao aprendizado de leitura e de matemática. É completamente diferente daquilo que o governo vem pregando. Tome por exemplo o Italuís. Se você pegar um carro e sair aqui, você vai ver todas as propagandas do Novo Italuís. A adutora nunca nem funcionou. Quanto o governo gastou para investir nessa propaganda de nova adutora? Vi propaganda em televisão, em jornal impresso, nas ruas. A adutora não está funcionando. Ela teve um problema e nunca funcionou até hoje. É um governo que percebe ser mais fácil investir em propaganda do que usar esse dinheiro para tornar melhor a vida das pessoas na prática.
O Imparcial – O Dino seria semelhante à Roseana nesse aspecto?
Eduardo Braide – Não tenho dúvida que o governo decepcionou os maranhenses. Por tudo aquilo que ele se dispôs a fazer no período da eleição e por tudo aquilo que está acontecendo. O governador, quando foi candidato, pregava um movimento chamado “Diálogos pelo Maranhão”. Depois que ele assumiu o governo, a única coisa que percebemos é que não há diálogo nesse governo. Tudo aquilo que o governador pregou antes de diálogo, ele está implantando a Lei da Mordaça no Maranhão. Por conta disso, eu não tenho dúvida que esse governo não tem nada de diferente.
O Imparcial – O ex-governador José Reinado é opção para sua chapa majoritária?
Eduardo Braide – É verdade e tenho que lembrar uma coisa: fui auxiliar do ex-governador Zé Reinaldo. Ele era governador e eu era presidente da Caema. Então, naturalmente, nós já temos uma relação de confiança. Segunda situação: o Zé Reinaldo, de forma muito injusta, recebeu um tratamento do governador Flávio Dino que não merecia por tudo aquilo que ele representou na vida política do governador e também pelos serviços que ele já prestou no Maranhão. Então, devido a essa situação, houve um rompimento. Eu conversei com ele e ele me demonstrou a sua decisão irreversível de ser candidato ao Senado. Eu disse a ele, de forma clara, que iríamos caminhar juntos e que a primeira vaga de senador na minha chapa, eu confirmando a candidatura, seria dele. E de lá para cá as conversas vêm acontecendo de forma mais intensa.
O Imparcial – Zé Reinaldo teria a função de fazer o senhor ser conhecido no estado?
Eduardo Braide – Esse não é o motivo principal. Já temos um relacionamento, ele é um pré-candidato a senador e todo candidato a governador precisa ter dois senadores. Temos afinidade e ele tem força na classe política do Maranhão. A gente sabe que um candidato a governador precisa ter um bom trânsito na classe política que tem um papel fundamental numa eleição.
O Imparcial – O senhor possui um currículo que o credencia a ser governador?
Eduardo Braide – Fui o mais jovem presidente da Caema, fui secretário municipal de Orçamento Participativo do governo João Castelo e estou no meu segundo mandato de deputado estadual. Como presidente da Caema, fiz concurso público para mais de 1.000 vagas na época em que ninguém falava de concurso e a Caema tinha a fama de cabide de empregos. Criei um programa chamado de Água na Minha Casa, que foi levar água para os 100 municípios mais pobres do Maranhão. Sou um deputado estadual que hoje tem o maior número de leis em vigor. Isso demonstra, de alguma forma, o meu lado legislativo, mas sempre tive um trabalho voltado para a área da saúde. Desde o meu primeiro mandato, sempre tive um olhar voltado para a saúde. Todos os anos destinei emendas para o Hospital Aldenora Bello para aquisição de equipamentos. Quando fui candidato a prefeito de São Luís, mais de 80% da população não me conhecia ou não me conhecia bem e nem por isso eu deixei de ter o desempenho que tive. O primeiro desafio em relação ao governo do estado é ir para o segundo turno, e não vencer a eleição. A questão do desconhecimento é naturalmente quebrada quando você chega ao segundo turno, porque você passa a ser a opção de todos os maranhense ao lado de outra pessoa.
O Imparcial – O senhor é um “laranja” do Grupo Sarney?
Eduardo Braide – Minha vida pública começa como auxiliar do governador Zé Reinaldo, quando ele era o maior adversário do Grupo Sarney. Apoiei naquela eleição, no primeiro turno, o Edson Vidigal, que era, inclusive, do meu partido e, no segundo turno, apoiei Jackson Lago. Na eleição seguinte, apoiei João Castelo para prefeito de São Luís. Fui candidato a prefeito de São Luís com um único partido, só o meu, não tinha apoio de ninguém. Atribuo a esse tipo de conversa mais um preconceito de quem está conseguindo subir na política por esforço próprio e com reconhecimento do povo do que qualquer outra situação, porque é difícil você ver um jovem que começa a despontar na política, e com esse sentimento vindo do povo, e querer atribuir a ele um carimbo de que pertence a grupo A ou grupo B. Se você ver a minha atuação na Assembleia, sempre fiz parte de blocos independentes e as minhas posturas demonstram que eu claramente pertenço à linha de pensamento independente. Se tudo isso não servir de prova para mostrar que eu sou um candidato diferente, eu não sei mais o que vai servir.
O Imparcial – A Roseana voltando a disputar uma eleição é positivo?
Eduardo Braide – O povo merece um Maranhão com cara nova. Acho que é hora da gente apostar no novo, apostar naquilo que o povo nunca teve oportunidade de ter. É hora de o Maranhão ter um governador conciliador, um governador que quando esteja no governo pense no estado, na política de estado. No Ceará, quando tem uma luta para duplicar uma BR, todo mundo se junta, não interessa se é governo ou oposição. E aqui a gente percebe uma eterna briga, uma eterna troca de farpas e não é por aí que eu vou entrar. É isso que está errado, é isso que fez o Maranhão não se desenvolver nos últimos anos. Se eu chegar ao governo, vou querer que todo mundo que esteja a favor do Maranhão trabalhe pelo Maranhão.
O Imparcial – O que esperar desta eleição?
Eduardo Braide – Quantos mais opções tiver nessa eleição melhor para o povo do Maranhão. O povo do Maranhão tem o direito de ter mais opções e foi por isso que eu fui candidato a prefeito sendo o último candidato a anunciar a candidatura. Engana-se quem pensa que esta eleição está definida e que vai ficar só nesse jogo de Flamengo e Vasco. O resultado que está aí vai ser completamente diferente o de quando abrir as urnas em outubro porque há um sentimento grande de outra via nessa disputa e isso vai aparecer no momento em que a campanha começar. A campanha não começou ainda. O eleitor maranhense ainda não está disposto a entrar na discussão da política eleitoral. E outro ponto decisivo: as mudanças no cenário nacional. Muito do está posto aí não se manterá até o período das convenções. Essas alianças partidárias têm de respeitar a situação local, mas muitas vêm da direção nacional. Tenho absoluta certeza de que esta eleição está aberta.
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O Imparcial – E as alianças do PMN?
Eduardo Braide – Tenho conversado com vários partidos, alguns de forma bem adiantada já. São partidos que estão alinhavados. Outros que eu estou em conversas ainda iniciais. Essas conversas vêm avançando bastante e estamos no caminho de construir uma aliança que dê o mínimo. Eu não tenho pretensão, não quero e não preciso ter uma estrutura partidária igual ao do candidato que está no governo e nem igual ao da ex-governadora. Não preciso disso. Preciso tão somente de uma estrutura mínima partidária que me dê condições de mostrar o projeto que nós vamos desenvolver pelo Maranhão. E nesse ponto estamos avançando muito. Tenho conversado com prefeitos, inclusive prefeitos da base do governador, que eu não posso citar os nomes para não ter nenhum tipo de retaliação. E tenho sido procurado por prefeitos no sentido de estimular a nossa candidatura, por acreditar que o Maranhão precisa dessa nova alternativa.
O Imparcial – Essa eleição é um trampolim para chegar à Prefeitura de São Luís?
Eduardo Braide – Eu não sou candidato em uma eleição pensando em outra. Se eu for candidato a governador, é porque eu tenho a absoluta convicção de que eu vou chegar até lá, assim como eu tinha absoluta convicção de que chegaria à Prefeitura de São Luís. E não cheguei por detalhes, por pouco. Eu não pensei quando me candidatei a prefeito de São Luís em fazer nome para disputar a eleição de 2018, assim como, ao disputar a eleição de 2018, eu não tenho outro foco que não seja chegar ao governo do estado.
O Imparcial – O senhor vai se licenciar da Assembleia?
Eduardo Braide – Na campanha de prefeito, eu tirei uma licença sem remuneração. Então, no período que eu fui candidato a prefeito de São Luís, entrei com licença para fins particulares e, portanto, não recebi um centavo da Assembleia no período que eu estava de campanha. Certamente o que acontecerá será essa mesma situação. Havendo a confirmação da nossa candidatura, certamente deverei tirar uma licença para poder rodar o Maranhão, deixando claro que é uma licença sem remuneração.
O Imparcial – É possível que essa sua candidatura não aconteça?
Eduardo Braide – Nesse momento, eu não trabalho com essa hipótese. Trabalho com todas as forças no sentido de viabilizar minha candidatura.
O Imparcial – O senhor não tem medo de ficar sem mandato?
Eduardo Braide – Nunca vi a vida pública como emprego. O momento em que o Maranhão vive, acho que exige uma nova candidatura e, se tiver de assumir esse papel, tenho coragem e determinação para assumi-lo. Acho que seria muita injustiça para o maranhense não ter outras opções.