ARTICULAÇÃO

PT no Maranhão busca se refazer para eleições

Após 13 anos no poder nacional, o Partido dos Trabalhadores arregaça as mangas para se reestruturar no estado, visando as eleições municipais

Foram 13 anos no poder, ditando as regras e determinando os rumos do Brasil. Hoje, de volta à oposição, o Partido dos Trabalhadores (PT) busca formas de se reinventar. O momento é para pensar no que levou à situação mais delicada da história do partido.
Dentro desta conjuntura de reerguimento, o PT tem pela frente um grande desafio, que é reconquistar simpatizantes e até mesmo militantes que se decepcionaram com alguns episódios. E a linha de teste, as eleições municipais, está a menos de quatro meses.
Um breve resumo
O PT nasceu da nova forma de fazer sindicalismo. Veio da união de muitos homens e mulheres que militavam – alguns ainda se dedicam a esta tarefa – na causa operária, em busca de melhorias na condição de vida do trabalhador, como um canal para chegar ao próspero Brasil. “São 36 anos de existência do PT”, lembra um antigo militante, Sílvio Bembem, que hoje está na Rede Sustentabilidade e é cientista político com especialização na PUC-SP.
O torneiro mecânico Luís Inácio Lula da Silva era o símbolo dessa luta. Por diversos anos, muitas eleições, ele foi empurrado pelo partido para ser a liderança na classe política. Foi candidato à presidente da República em todas as eleições pós-redemocratização, com exceção das duas últimas em 2010 e 2014. Foi moldado aos longos anos, passando de um Lula raivoso e agressivo para um Lula ‘paz e amor’. A nova atitude deu certo e o fez presidente em 2002.
Há quem diga que o PT nunca deixou suas raízes. De fato, os militantes ferrenhos se mantiveram na linha de combate e jamais abandonaram o papel de esquerda. Talvez essa visão irreversível não os deixaram perceber que suas lideranças, sim, mudaram. Lula, Zé Dirceu, José Genoíno, Aloísio Mercadante, Rui Falcão. Talvez quem menos tenha mudado foi aquela que não nasce no PT, a presidente afastada Dilma Rousseff.
A queda
Entendidos no mundo político dão versões diferentes para a derrocada petista. Mas todas as versões levam a conclusão de que o partido seguiu pelo caminho errado. “Em 2005, quando explodiu o escândalo do Mensalão, o PT deveria ter parado e discutido no que erraram. Mas se preferiu passar o tempo e quando o caso foi a juízo, já nessa década, vieram respostas que o partido não queria”, diz Sílvio Bembem. “Agora, com a Lava Jato se vê, mais uma vez, no centro dos escândalos e saindo com imagem muito arranhada”, completa.
Ainda próximo a pessoas do PT, Sílvio Bembem diz que, após o impeachment, o partido reuniu para discutir a situação mais conclusão foi tímida.
Levantar a cabeça
Realidade assumida, é chegada a hora de juntar os cacos. Em todos os cantos do país, a militância rediscute os rumos locais, mantém contato com os diretórios superiores e busca entender como se portar. A orientação é a mais otimista possível: o PT não está morto e precisa mostrar isso nas urnas.
Em São Luís, o partido tem duas possibilidades de enfrentar o eleitorado. Em qualquer uma delas, vai estar bem visível. A primeira é formar coligação com algum partido que tenha candidato expressivo e pedir a vaga de vice. Essa idéia estava sendo bem amadurecida em uma chapa composta com e encabeçada por PSB. Para isso, o candidato majoritário teria que ser Bira, mas problemas internos no partido socialista levam os petistas a pensar com mais força na segunda possibilidade, que é lançar chapa própria, sendo pura ou compondo com partidos menos expressivos.
Há uma lista de pretensos ‘candidatos a pré-candidatura’. São quatro nomes com história dentro da sigla: o deputado federal Zé Carlos, o deputado estadual Zé Inácio, o vereador Honorato Fernandes e o ex-presidente da OAB-MA, Mário Macieira.
Honorato diz que via com bons olhos a coligação com o PSB, mas em face da inviabilidade de uma composição, ele diz que o PT tem que discutir nomes internamente. “Nós tínhamos a expectativa de compor em coligação encabeçada pelo Bira, por conhecermos a história dele e sua ligação com o que defendemos. Mas por razões alheias a nossa vontade, esta possibilidade fica distante. Mas temos a possibilidade de lançar candidatura própria. Temos nomes, que podem ser muito bem avaliados pela população”.
Zé Inácio diz ter ficado feliz por ser lembrado, mas reforçou que o momento é, primeiro, para o partido reunir, discutir os melhores para a eleição e para além dela. “Temo bons quadros, todos muito bem qualificados para entrar em uma disputa e apresentar os projetos que pensamos para São Luís”.
Mostrar força ou se reinventar
Raimundo Monteiro

O presidente estadual do PT, Raimundo Monteiro, diz que o PT está pronto para as eleições no Maranhão. Para ele, o episódio que culminou no afastamento de Dilma está sendo invertido, pois os casos recentes do Governo Temer mostram que o ‘impeachment da presidente foi um golpe’. “O PT não está enfraquecido. O que fizeram foi um duro golpe, mas todos estão vendo quem são os que tiraram o partido do governo. Vamos mostrar nossa força durante as eleições”, disse Monteiro. Silvio Bembem diz que o PT precisa se reinventar. Teve a chance de fazer isso no passado e não pode passar por cima de tudo isso de novo. “Algumas pessoas ligadas ao partido já diziam: É preciso refundar o PT. Passar por todo processo de organização de novo e rever seus preceitos”. Se a recriação for mesmo necessária, ela já está atrasada.

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