O DIA
‘Vou lutar com todas as minhas forças’, diz Dilma
A presidente Dilma Rousseff reafirmou que não renunciará ao cargo. “Queriam que eu renunciasse. Jamais a renúncia passou pela minha cabeça”, afirmou
Faltam poucas horas para a votação no plenário do Senado que pode determinar seu afastamento por até 180 dias, a presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que não renunciará ao cargo. “Queriam que eu renunciasse. Jamais a renúncia passou pela minha cabeça”, afirmou.
Dilma reforçou o discurso de que há um golpe em curso com o processo de impeachment e disse estar cansada “desleais e traidores”. A presidente ainda afirmou que lutará com “todos os meios disponíveis” e participará de todos os atos para os quais for convidada em favor de seu mandato.
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A petista participou da abertura da 4a Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, o que pode ser o último evento da petista como mandatária do país. Ao longo do discurso, antes e depois, Dilma foi bastante ovacionada. Da plateia majoritariamente feminina, emanaram gritos de “Fica, querida”, “não vai ter golpe” e “no meu país, eu boto fé, porque ele é governado por mulher”.
Com a aparência abatida, ao iniciar o discurso, Dilma disse que não poderia estar em uma cerimônia melhor, na qual sente “a energia e a força da mulher brasileira”. “A renúncia passa pela cabeça deles e não pela minha. Sabe por quê? Porque eu sou uma figura incômoda. Sou incômoda. Porque enquanto eu fico em pé de cabeça erguida, honrando as mulheres, ficará claro que cometeram contra mim uma inominável injustiça. A renúncia é algo que se satisfaz a eles. Nao a nós. A nós, o que satisfaz é a luta”, afirmou a presidente.
“Eu vou lutar com todas as minhas forças. Usando todos os meio disponíveis, legais, de luta. Vou participar de todos os atos e ações que me chamarem. Quero dizer que, para mim, o último dia previsto do meu mandato é o dia 31 de dezembro de 2018”, afirmou.
Dilma reforçou o discurso de que está em curso um golpe e atribuiu ao presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e ao vice-presidente Michel Temer, a articulação do movimento. “Esse pessoal não consegue chegar à presidência da República por meio do voto popular por causa do projeto deles, que desmonta o Brasil. Eles usam esse processo para fazer uma espécie de eleição indireta”, reforçou.
A um público majoritariamente feminino, Dilma reforçou o discurso a favor das políticas da área e disse que o processo que se move contra ela é também fruto de um preconceito de gênero. “Tem um processo de impeachment golpista. Nós sabemos que um dos componentes desse processo tem sido uma base no fato de eu ser a primeira presidenta eleita pelo voto”, disse.
A presidente reforçou que não desistirá, que seguirá lutando e que o fato de ela ser mulher a tornou “mais resiliente, mais lutadora”. “Vitimas porem lutadoras. Vitimas com consciência. Vitimas com capacidade de luta”
O discurso de Dilma foi precedido de um pronunciamento enfático da secretaria especial de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, em defesa de Dilma. “Sabemos dos riscos que está correndo a nossa jovem democracia”, disse. Dilma recebeu apoio de outras mulheres, com da representante da Federação Brasileira de Mulheres Indígenas. “Estamos contra o golpe”, disse. “Essa luta começa hoje. Não vamos desistir nunca”, afirmou.
Estiveram no evento, ministras do governo Dilma, como a titular da Secretaria de Mulheres, Direitos Humanos e Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello e a presidente da Caixa Econômica, Miriam Belchior.
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