IMPEACHMENT

O que pesou na decisão dos votos e os interesses dos deputados

Na hora do voto, pouco importou aos deputados analisar crime de responsabilidade. O que pesou foram interesses pessoais e políticos de cada um

Na hora do voto, pouco importou aos deputados analisar crime de responsabilidade. O que pesou foram interesses pessoais e políticos de cada um, como mostra painel da bacada do MA
Dos 18 deputados maranhenses, 10 aprovaram o impeachment da presidente Dilma e oito votaram a favor dela. Interesses? Pessoais, em sua grande maioria. A análise fática do crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Roussef passou longe dos discursos parlamentares. E revelou que o critério do voto obedeceu variáveis como interesses políticos, posições pessoais e até mágoas do passado.
Fica claro, portanto, que a repercussão da votação tem consequência no curto, médio e longo prazos no xadrez político e administrativo do Maranhão. Afeta eleições municipais, candidaturas ao Senado, parcerias políticas, nomeações em estatais e autarquias, entre outros.
Um fato, porém, chama atenção: ao defender o impeachment Flávio Dino, mesmo perdendo, ganha. Criticado por uns e exaltado por muitos, a articulação contra o impedimento o evidencia como liderança nacional da esquerda.
Eliziane Gama
Eliziane Gama

A deputada Eliziane Gama, pré-candidata à prefeitura de São Luís, disse ter votado ‘sim’ pela “coerência” aos seus princípios. Ela, de fato, nunca foi chegada ao PT e ao governo federal. Hoje, sabendo que o governador Flávio Dino não irá apoiá-la, teve que demarcar seu espaço no oposicionista PPS, partido ao qual retornou recentemente. Ela também recebeu pressão do lobby evangélico, cuja bancada na Câmara votou quase “fechado” a favor do impeachment.

José Reinaldo
José Reinaldo

Já o deputado José Reinaldo tem mágoas inapagáveis do grupo Sarney e do PT, desde quando era governador e encontrou um “paredão” entre ele e o governo Lula, montado pelo ex-senador Sarney e a filha Roseana. José Reinaldo, no voto, lembrou até de Jackson Lago, que o sucedeu com o seu aval no Palácio dos Leões, mas teve o acesso “minado” no Planalto, até ser cassado pelo TSE, em abril de 2009. “Peço desculpas ao meu amigo e grande governador Flávio Dino, mas não posso votar contra o impeachment. Só eu sei o que sofri, e não posso esquecer tudo isso e votar contra o impeachment fazendo de conta que nada aconteceu”, discursou Reinaldo. Há tempo ele é declarado antipetista e anti-Lula, além de o PSB ter fechado contra Dilma.

Waldir Maranhão
Waldir Maranhão

A maior surpresa na bancada maranhense ficou por conta do ‘não’ do deputado do PP, Waldir Maranhão – bem ao lado do presidente Eduardo Cunha, que o colocou no ano passado na vice-presidência da Casa, contrariando todas as expectativas e dividindo a bancada de seu partido.

João Marcelo
João Marcelo

A virada de outros votos maranhenses ficou por conta da pressão e dos acordos no presente e no futuro. Dos 18 deputados, 15 são “líder” de si mesmos na Câmara, enquanto o PP tem dois e o PMDB três, sendo que João Marcelo, filho do senador João Alberto, ficou com a orientação do pai e também preferiu manter na sua guarda os cargos federais no Maranhão. Pelo menos enquanto Dilma estiver com a caneta.

André Fufuca
André Fufuca

O voto de Maranhão contrastou com o sim André Fufuca, hoje no PP. O jovem deputado deu voto de gratidão a Eduardo Cunha, que lhe conduziu à presidência da Comissão de Saúde da Câmara. Também atendeu ao forte lobby das entidades médicas que são declaradamente contra o governo petista.

Xadrez pelo Senado
José Reinaldo está de olho na eleição de senador em 2018, bem como o pedetista Weverton Rocha e o presidente da Assembleia Legislativa, Humberto Coutinho, também do PDT e também aliado do peito de Flávio Dino. Na mesma disputa,

entra outro personagem: Waldir Maranhão, que teria negociado alto o voto contra a orientação de Eduardo Cunha. Em 2018 são duas vagas no Senado, mas Roseana Sarney, se não concorrer ao governo, vai com tudo para uma delas. Ela acampou no Palácio do Jaburu para cabalar votos pró-impeachment, ao lado de Michel Temer.

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