POLÍCIA FEDERAL

Empresário ligado ao PT é preso em flagrante durante operação da PF

As prisões ocorreram durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão da Operação Acrônimo

Ao menos cinco pessoas foram presas em flagrante pela Polícia Federal, nesta manhã de sexta-feira, 29, por associação criminosa. Entre eles estão o dono da gráfica Brasil e empresário ligado ao PT Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené; o ex-assessor do Ministério das Cidades Marcier Trombiere; e o publicitário Victor Nicolato. Estas prisões ocorreram durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão da Operação Acrônimo. Com um deles foi encontrada uma arma sem registro. Além da aeronave foram apreendidos cerca de 10 carros de luxo e R$ 100 mil em espécie.
Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF, Denis Cali, os agentes foram surpreendidos com documentos e mensagens que mostravam contatos frequentes entre os suspeitos, inclusive marcando encontros. A investigação aponta que depois que a aeronave foi apreendida, ainda assim, eles continuaram agindo.
Considerado o líder do esquema, Benedito Rodrigues era responsável por um grupo de 30 empresas, que fecharam contratos de aproximadamente R$ 525 milhões com o Governo Federal. Todas elas atuavam na área de gráfica, publicidade e eventos. A PF apurou que, em pouco tempo, entre cinco e seis anos, o faturamento cresceu de forma “exponencial”. Os contratos analisados começaram a serem fechados em 2005.
Cali afirma que o governador Fernando Pimentel (PT), “até o momento” não é alvo da investigação. Afirmou também que há a possibilidade de a investigação ter novos desdobramentos depois das ações de hoje. Não está descartada a chance de parte do caso ser transferido para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde são processados os governadores, e o Supremo Tribunal Federal (STF), onde são processados os parlamentares.
Entenda
Desde o começo da manhã desta sexta-feira (29/5), cerca de 400 policiais cumprem 90 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal. O alvo é uma organização criminosa de lavagem de dinheiro, descoberta após o início das investigações, em outubro do ano passado, quando a PF localizou e apreendeu R$ 113 mil em uma aeronave que chegava ao Aeroporto JK, em Brasília. Os três passageiros que estavam no avião particular eram o empresário Bené, o ex-assessor Marcier Trombiere, ambos da campanha de Fernando Pimentel (PT), governador eleito no primeiro turno em Minas Gerais, e um homem identificado como Pedro Medeiros.
Um dia antes, o Correio havia mostrado o turboélice de prefixo PR-PEG pousando nas cidades de Patos de Minas, Curvelo e Juiz de Fora. A aeronave também esteve em Vitória, no Espírito Santo, em Goiânia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A Polícia Federal iniciou a investigação à época para saber se o avião estava sendo utilizado pela campanha de Pimentel para realizar pagamentos em espécie não declarados à Justiça Eleitoral. O empresário Bené foi visto várias vezes em Montes Claros. O candidato a deputado estadual da região Paulo Guedes (PT) foi o mais votado do estado.
Foto: Folhapress.


Folhapress

Bené embarca no avião, em Belo Horizonte, que foi interceptado pela PF em Brasília

O turboélice está registrado em nome da empresa Bridge Participações S.A., fundada em 2011, com sede em Brasília, com apenas R$ 2 mil de capital social. De acordo com certidão simplificada da junta comercial do Distrito Federal, o diretor presidente é Ricardo Santos Guedes e o adjunto Alexandre Santos Guedes. Os dois aparecem como sócio na empresa AR Construtora e Mineradora LTDA, que funciona em um imóvel de um prédio residencial do Sudoeste, em Brasília. O Correio esteve no local no ano passado, mas a sala estava trancada, levantando a suspeita de que era uma empresa de fachada.

Crime oculto
Segundo a PF, as equipes de policiais envolvidos nas ações de hoje realizam buscas em cerca de 30 endereços de pessoas físicas e 60 pessoas jurídicas. Eles buscam documentos, valores e mídias para esclarecer as suspeitas de que os valores que circulavam nas contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas aos investigados vinham da inexecução e de sobrepreço praticados pelo grupo em contratos com órgãos públicos federais.
Os suspeitos empregavam a técnica de smurffing para ocultar a origem criminosa do dinheiro. A ação consiste no fracionamento de valores para evitar a identificação de movimentações financeiras, além da chamada confusão patrimonial e do extensivo uso de pessoas interpostas, os “laranjas”.
Em quase oito meses de investigação, a Polícia Federal monitorou os suspeitos e analisou todo o conteúdo existente nos notebooks, smartphones, tablets, além de outros dispositivos e mídias apreendidos durante a ação no ano passado, cujos acessos foram autorizados pela Justiça. No total, mais de 600 GB de informação relevante foram analisados, cruzados com outras fontes e bases de dados, além de passarem por um atento trabalho de mineração de dados.
O nome da operação é uma referência ao fato de que o prefixo da aeronave onde foram localizados os valores é uma sigla formada pelas iniciais dos nomes de familiares do principal investigado pela operação. Até o momento, não foram informados os nomes dos investigados.
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